domingo, fevereiro 29, 2004
Não é justo RTP!!!
Hoje deu um bom filme à antiga. Não deu para ver o nome, mas era o Spartacus, com o Kirk Douglas com o seu queixo esquisito - como será que ele fez aquilo ao queixo? Acidente de mota contra uma porta? Namorada ciumenta com um isqueiro de carro? - e o Tony Curtis.
Um bom filme não é... daqueles que demoram 4 horas, com extras a dar com um pau. Daqueles filmes para ver - como eu fiz - em familia, ao Domingo. Dá para mandar as bocas "são mais do que as mães" quando eles estão na cena da batalha, ou ainda o clássico "se tiveram de pagar 500 paus a cada um..." e "aquele velhote deve ter recebido só 250" (esta última foi da minha mãe).
O filme foi muito dramático. O gajo anda por metade de Itália a ver se safa o povo dele da escravadura, mas o final, por amor de Deus... o gajo que mandava chamava-se Crassus e tudo e eu feito esperto a dizer "Crassus - deve ter a ver com aquilo do erro crasso, o gajo mete água e o Spartacus ganha esta cena". Mas não. Não houve erro nenhum. O mau ganhou. O Spartacus ficou pendurado, tipo presunto e acabou o filme.
Talvez transpareça uma certa amargura nas minhas palavras lol. Pois é verdade.... depois do filme acabar com o Spartacus na cruz a ver a mulher e filho a irem-se embora, eu tive um pequeno momento hilariante com a minha progenitora, os dois sem conseguirmos parar de rir, depois de eu ter dito que deviamos telefonar para a RTP a reclamar.
THE END? THE END??? MAS O SPARTACUS MORRE NO FIM???
Este país era diferente se mais pessoas não tivessem medo de reclamar, é o que eu acho. E a RTP presta mau serviço público ao dar fins assim traiçoeiros. Coitado do homem... anda ali aos caidos... era giro se ele tivesse derrotado o Crassus... erro crasso... bah...
Um bom filme não é... daqueles que demoram 4 horas, com extras a dar com um pau. Daqueles filmes para ver - como eu fiz - em familia, ao Domingo. Dá para mandar as bocas "são mais do que as mães" quando eles estão na cena da batalha, ou ainda o clássico "se tiveram de pagar 500 paus a cada um..." e "aquele velhote deve ter recebido só 250" (esta última foi da minha mãe).
O filme foi muito dramático. O gajo anda por metade de Itália a ver se safa o povo dele da escravadura, mas o final, por amor de Deus... o gajo que mandava chamava-se Crassus e tudo e eu feito esperto a dizer "Crassus - deve ter a ver com aquilo do erro crasso, o gajo mete água e o Spartacus ganha esta cena". Mas não. Não houve erro nenhum. O mau ganhou. O Spartacus ficou pendurado, tipo presunto e acabou o filme.
Talvez transpareça uma certa amargura nas minhas palavras lol. Pois é verdade.... depois do filme acabar com o Spartacus na cruz a ver a mulher e filho a irem-se embora, eu tive um pequeno momento hilariante com a minha progenitora, os dois sem conseguirmos parar de rir, depois de eu ter dito que deviamos telefonar para a RTP a reclamar.
THE END? THE END??? MAS O SPARTACUS MORRE NO FIM???
Este país era diferente se mais pessoas não tivessem medo de reclamar, é o que eu acho. E a RTP presta mau serviço público ao dar fins assim traiçoeiros. Coitado do homem... anda ali aos caidos... era giro se ele tivesse derrotado o Crassus... erro crasso... bah...
sábado, fevereiro 28, 2004
E o Óscar para melhor Actriz Principal vai para...
Domingo à noite, Kodak Theatre na Hollywood Boulevard. O tapete vermelho já foi pisado por toda a espécie de estrelas de cinema, alguns principais, outros secundários... A noite já vai avançada, o Billy Cristal já fez 23 piadas secas sobre o Sean Penn ter sempre a mesma expressão nos filmes e o Gollum não ter sido nomeado - injustamente - para melhor Actor Principal pelo "Regresso do Rei".
Um dos momentos mais esperados é sempre quando anunciam a melhor Actriz Principal.
Billy Cristal: «Foram estas as nomeadas. E tenho que dizer que a Diane está com bom aspecto... o divórcio fez-lhe bem (pausa para risos forçados). Para anunciar a vencedora dêm uma salvas de palmas a... Julia Roberts!»
Julia: «Brigadinho Billy. Como todos sabem, eu sou muita boa mas não vamos falar disso agora. A sério, não falemos do quão boa eu sou, mesmo não sendo nomeada este ano».
Billy: «Despacha-te lá pá!»
Julia: «O Óscar para melhor Actriz Principal vai para......
(momento de suspense mal disfarçado pelas nomeadas, que cravam as unhas nas cadeiras do teatro e arreganham as nádegas nos fios dentais - peço desculpa pela imagem da Diane Keaton a arreganhar as nádegas).
Julia: «... Lúcia Moniss?»
(momento de espanto. A Diane Keaton rasga a cadeira com as unhas e manda-a ao ar enquanto a Charlize Theron lanca um sonoro FODA-S*!!!)
Lúcia Moniss: «Tank u people! Vey much! Tem que falar em português senão não me safo. Não tava nada à espera pá. Quero agradecer ao meu pai por me ter mostrado durante tantos anos como não se deve cantar e a todos os portugueses por me aturarem estes anos todos pá, valeu a pena. PORTUGAL! E à Rosa Lobato de Faria por me ter escrito este discurso, brigado Rosa, valeu. O Óscar é mesmo mais pesado do que um cinzeiro Marta! Da próxima pagas tu as bebida e ficas nua da cintura pra cima a vomitar na rua ao lado do Lux! er... e VIVA PORTUGAL!»
(a orquestra entra, tentando em vão manter uma certa dignidade... ao fundo Charlize Theron é retirada da sala a gritar «GRANDES CABRÔE* FAZEM IDEIA AS HORAS QUE EU PASSEI NA MAQUILHAGEM TODOS OS DIAS!!!???)
...
«Lúcia...»
«Lúcia acorda!»
«Hum...?»
«É bom que isto esteja lavado antes do patrão chegar?»
«O Óscar...?»
«A loiça Moniz! Lava-me essa louça toda gordurenta ou vais pró olho da rua!»
«Ai...e o Óscar...?»
«O Óscar é o teu namorado drogado ranhoso que te vem buscar de Zundapp???»
«Ai...»
Um dos momentos mais esperados é sempre quando anunciam a melhor Actriz Principal.
Billy Cristal: «Foram estas as nomeadas. E tenho que dizer que a Diane está com bom aspecto... o divórcio fez-lhe bem (pausa para risos forçados). Para anunciar a vencedora dêm uma salvas de palmas a... Julia Roberts!»
Julia: «Brigadinho Billy. Como todos sabem, eu sou muita boa mas não vamos falar disso agora. A sério, não falemos do quão boa eu sou, mesmo não sendo nomeada este ano».
Billy: «Despacha-te lá pá!»
Julia: «O Óscar para melhor Actriz Principal vai para......
(momento de suspense mal disfarçado pelas nomeadas, que cravam as unhas nas cadeiras do teatro e arreganham as nádegas nos fios dentais - peço desculpa pela imagem da Diane Keaton a arreganhar as nádegas).
Julia: «... Lúcia Moniss?»
(momento de espanto. A Diane Keaton rasga a cadeira com as unhas e manda-a ao ar enquanto a Charlize Theron lanca um sonoro FODA-S*!!!)
Lúcia Moniss: «Tank u people! Vey much! Tem que falar em português senão não me safo. Não tava nada à espera pá. Quero agradecer ao meu pai por me ter mostrado durante tantos anos como não se deve cantar e a todos os portugueses por me aturarem estes anos todos pá, valeu a pena. PORTUGAL! E à Rosa Lobato de Faria por me ter escrito este discurso, brigado Rosa, valeu. O Óscar é mesmo mais pesado do que um cinzeiro Marta! Da próxima pagas tu as bebida e ficas nua da cintura pra cima a vomitar na rua ao lado do Lux! er... e VIVA PORTUGAL!»
(a orquestra entra, tentando em vão manter uma certa dignidade... ao fundo Charlize Theron é retirada da sala a gritar «GRANDES CABRÔE* FAZEM IDEIA AS HORAS QUE EU PASSEI NA MAQUILHAGEM TODOS OS DIAS!!!???)
...
«Lúcia...»
«Lúcia acorda!»
«Hum...?»
«É bom que isto esteja lavado antes do patrão chegar?»
«O Óscar...?»
«A loiça Moniz! Lava-me essa louça toda gordurenta ou vais pró olho da rua!»
«Ai...e o Óscar...?»
«O Óscar é o teu namorado drogado ranhoso que te vem buscar de Zundapp???»
«Ai...»
quinta-feira, fevereiro 26, 2004
Talvez morrendo comeces
«Talvez, morrendo comeces!».
E continuou dizendo:
«Fazes, talvez, falta a alguém.
Mas se calhar não fazes falta a ninguém! E já ninguém se lembra de ti agora que morreste.
Passou já o medo da tua morte.
Passou já o horror do teu caixão em procissão.
Os fatos negros estão já pendurados num qualquer armário à espera de outra desgraça qualquer para serem usados novamente.
E tu vives numa qualquer cova, esquecido, mesmo se com algumas flores deixadas displicentemente em cima da terra solta.
Tu! Que talvez tenhas ouvido a pá a enterrar-se na terra para tapar a cova profunda em que já estavas.
Tu! Que talvez tenhas ouvido as primeiras porções de terra a caírem impiedosamente na madeira em que te tinham fechado.
Tu! Que talvez tenhas sentido a cal ainda a queimar a pele.
Agora tudo isso é passado.
Enterraram contigo a tua memória, e és lembrado apenas como um ar frio que incomoda ocasionalmente quando esquecemos uma janela que bate com insistência suicida contra si mesma.
Estás mais morto que julgas. E se vives é para que saibas o que perdeste!».
E continuou dizendo:
«Fazes, talvez, falta a alguém.
Mas se calhar não fazes falta a ninguém! E já ninguém se lembra de ti agora que morreste.
Passou já o medo da tua morte.
Passou já o horror do teu caixão em procissão.
Os fatos negros estão já pendurados num qualquer armário à espera de outra desgraça qualquer para serem usados novamente.
E tu vives numa qualquer cova, esquecido, mesmo se com algumas flores deixadas displicentemente em cima da terra solta.
Tu! Que talvez tenhas ouvido a pá a enterrar-se na terra para tapar a cova profunda em que já estavas.
Tu! Que talvez tenhas ouvido as primeiras porções de terra a caírem impiedosamente na madeira em que te tinham fechado.
Tu! Que talvez tenhas sentido a cal ainda a queimar a pele.
Agora tudo isso é passado.
Enterraram contigo a tua memória, e és lembrado apenas como um ar frio que incomoda ocasionalmente quando esquecemos uma janela que bate com insistência suicida contra si mesma.
Estás mais morto que julgas. E se vives é para que saibas o que perdeste!».
quarta-feira, fevereiro 25, 2004
Superpoderes
Gostava de poder dar uma cabeçada a quem quisesse sem sentir nada e não me puderem fazer nada a mim, era tudo como se eu não tivesse dado a cabeçada, mas com a cana do nariz do outro/outra partida à mesma.
E vocês?
E vocês?
terça-feira, fevereiro 24, 2004
A polémica sobre os véus em França
O Ayman al-Zawahiri (o Ay Ay das raparigas, quando andava no Liceu), braço direito de Osama Bin laden (o Oh Sama! Sama! das raparigas quando andava no Liceu) revoltou-se contra a proibição do uso de véus Islâmicos nas escolas públicas francesas.
Primeiro. Quem é que o Ayma... o Ayman ali... o gajo pensa que é, o José Miguel Júdice? (piada inteligente: o José Miguel Júdice, bastonário da Ordem dos Advogados também se mete em tudo) Tá bem que ele até pode ser lá do Islão e mai não sei o quê, mas meus senhores, cada Islamita no seu ramo, comé?!
Segundo. Isso dos véus acho bem. Destapar gajas acho sempre bem. Deviam probir as saias compridas também e sobretudo as calças, é muito irritante mulheres de calças, excepto talvez aquelas mais justas atrás.
Terceiro. Portugal podia aprender um coche com a França. No caminho laico, como o Sóares já dizia, fazendo umas proibiçõezitas, mas não aos estrangeiros e sim aos portugueses. Deviam proibir o uso de bigode, de cabelo azeiteiro, de unhas compridas e sujas e principalmente o uso das palavras foda-s* e caralh* por tudo e por nada. Lá porque Jesus Cristo usava bigode, não lavava o cabelo (para segundo ele "não perder o estilo Kurt Cobain"), usava as unhas porcas para subir ás cenas para os sermões e dizia "foda-s*! Calem-se pá, que eu estou a falar" e "Não acreditam no outro mundo então vão todos para o caralh*!", não é razão para se usar de maneira descarada sinais religiosos cristãos.
Primeiro. Quem é que o Ayma... o Ayman ali... o gajo pensa que é, o José Miguel Júdice? (piada inteligente: o José Miguel Júdice, bastonário da Ordem dos Advogados também se mete em tudo) Tá bem que ele até pode ser lá do Islão e mai não sei o quê, mas meus senhores, cada Islamita no seu ramo, comé?!
Segundo. Isso dos véus acho bem. Destapar gajas acho sempre bem. Deviam probir as saias compridas também e sobretudo as calças, é muito irritante mulheres de calças, excepto talvez aquelas mais justas atrás.
Terceiro. Portugal podia aprender um coche com a França. No caminho laico, como o Sóares já dizia, fazendo umas proibiçõezitas, mas não aos estrangeiros e sim aos portugueses. Deviam proibir o uso de bigode, de cabelo azeiteiro, de unhas compridas e sujas e principalmente o uso das palavras foda-s* e caralh* por tudo e por nada. Lá porque Jesus Cristo usava bigode, não lavava o cabelo (para segundo ele "não perder o estilo Kurt Cobain"), usava as unhas porcas para subir ás cenas para os sermões e dizia "foda-s*! Calem-se pá, que eu estou a falar" e "Não acreditam no outro mundo então vão todos para o caralh*!", não é razão para se usar de maneira descarada sinais religiosos cristãos.
segunda-feira, fevereiro 23, 2004
A importância de não te chamares Ernesto
A importância de um nome... hoje pensei nisto quando vinha para o trabalho (sim não trabalho na função pública como certas pessoas, que têm "tolerância de ponto").
Quando se dá um nome a um puto, acho que é logo para lhe incutir um determinado estilo de vida.
Se chamamos o nosso rebento de Manel, é provável que ele vá trabalhar num café a servir ás mesas e depois acabe na droga. Se chamarmos Marybel, é provável que ela vá trabalhar num club de strip e depois acabe na prostituição e na droga.
Não fazia muito sentido era o rebento ter um nome que depois destoava com os objectivos de vida...
"Ahhh o meu Moisés, agora arranjou emprego como revisor da CP!"
"Já sabes melher, o meu Abraão foi o homem do lixo do mês lá na empresa dele..."
Quando se dá um nome a um puto, acho que é logo para lhe incutir um determinado estilo de vida.
Se chamamos o nosso rebento de Manel, é provável que ele vá trabalhar num café a servir ás mesas e depois acabe na droga. Se chamarmos Marybel, é provável que ela vá trabalhar num club de strip e depois acabe na prostituição e na droga.
Não fazia muito sentido era o rebento ter um nome que depois destoava com os objectivos de vida...
"Ahhh o meu Moisés, agora arranjou emprego como revisor da CP!"
"Já sabes melher, o meu Abraão foi o homem do lixo do mês lá na empresa dele..."
domingo, fevereiro 22, 2004
ET phone from home
Instalei hoje uma das coisas que mais queria usar quando tivesse Internet em casa.
Chama-se SETI@Home e é uma aplicação pequena que serve para usar o poder dos computadores pessoais individuais, ligados à Internet, para analisar dados recolhidos pelo radio-telescópio de Arecibo.
SETI - Search for Extra Terrestrial Inteligence é uma experiência fascinante, sobretudo quando estamos nós próprios envolvidos. Quem quiser pode participar clicando aqui e fazendo o download. Corre como screensaver e não custa nada ajudar a encontrar ETs.
Chama-se SETI@Home e é uma aplicação pequena que serve para usar o poder dos computadores pessoais individuais, ligados à Internet, para analisar dados recolhidos pelo radio-telescópio de Arecibo.
SETI - Search for Extra Terrestrial Inteligence é uma experiência fascinante, sobretudo quando estamos nós próprios envolvidos. Quem quiser pode participar clicando aqui e fazendo o download. Corre como screensaver e não custa nada ajudar a encontrar ETs.
sexta-feira, fevereiro 20, 2004
Filhinhos da mamã
Há poucas coisas que aconteçam a toda a gente. Uma delas, a que eu acho piada, é receber uma chamada da mãe num momento completamente despropositado. Por exemplo, o chefe num ataque de raiva com o empregado que, pela centésima vez, não cumpriu o prazo de entrega e fez tudo ao contrário.
Patrão: "És uma DESGRAÇA!! Consegues dizer DESGRAÇA!??? DIZ! É O QUE TU ÉS DIZ!"
Empregado: (a medo) "Des...gr..a.çça?"
Patrão: "Meu grande anormal! Que data diz aqui hum? QUE DATA MEU ANIMAL!?"
Empregado: (afundado na cadeira) "Er.. d...dois de ... Mar...ço..."
Patrão: "E que dia é hoje minha foca? Que santo dia é hoje minha avestruz canadiana? AHM?"
Empregado: "É dia... d...ez"
Patrão: "Meu grandessímo filha da... " (telemóvel a tocar, é o número da mãe) "Mãe então, olá. Sim sim. Não, não incomoda nada. Ai é...? Er... pois, ela anda melhor e o puto já se sabe não é... os miúdos são assim... (faz uma careta para o empregado que o afunda ainda mais na cadeira). Sim, eu lembro-me de lhe comprar as fraldas. Tá bem, tá bem. Está frio? Sim, vim de casaco. Sim mãe. Gabar... não, não trouxe. Nã... é porque eu assim... pois tem razão"
Empregado: "Eu podia sair..."
Patrão: (tapando o telemóvel) "Tu sais e meto-te na prensa pela pernas e ponho aquilo na velocidade minima e depois enterro-te vivo na lixeira tóxica que temos clandestina ao pé daquele bairro social, com sorte ainda sentes os pobrezinhos a arrancarem-te a pele para fazer churrascos! Não mãe, está tudo bem. Era aqui uma... coisa. Pois. Tem razão, tem razão. Sim, eu também lhe disse que era melhor ela... pois, agora engravidou, pois é. É uma galdéria, pois... foi o que eu lhe disse também. Não, não tenho a gabardine no carro. E sentado ficava toda... er.. sim, eu amanhã trago. Agora tenho de... sim mãe, quem? Beiji...nho? (faz envergonhado som de um beijinho ao telemóvel) Olááá Aninha! Quantos anos tem a aninha? 18? Passa lá o telefone à minha mãe! Mãe, a rapariga tem 18 anos e diz-me para dar um beijinho á menina que está ai consigo? Ah... mas... não, mas. Sim, pronto eu vou jantar ai para a conhecer. Mas ela tem... sim mãe. Tá bem, tenho de... tenho de... sim, eu trago a gabardine. Adeus mãe. Adeus".
Empregado: "Mães..."
Patrão: "Estás a falar da minha querida mãe seu aborto de panda???"
Emprego: "Eu não patrão.."
Patrão: "Vamos lá a ver se tenho de trazer o ferro em brasa..."
Patrão: "És uma DESGRAÇA!! Consegues dizer DESGRAÇA!??? DIZ! É O QUE TU ÉS DIZ!"
Empregado: (a medo) "Des...gr..a.çça?"
Patrão: "Meu grande anormal! Que data diz aqui hum? QUE DATA MEU ANIMAL!?"
Empregado: (afundado na cadeira) "Er.. d...dois de ... Mar...ço..."
Patrão: "E que dia é hoje minha foca? Que santo dia é hoje minha avestruz canadiana? AHM?"
Empregado: "É dia... d...ez"
Patrão: "Meu grandessímo filha da... " (telemóvel a tocar, é o número da mãe) "Mãe então, olá. Sim sim. Não, não incomoda nada. Ai é...? Er... pois, ela anda melhor e o puto já se sabe não é... os miúdos são assim... (faz uma careta para o empregado que o afunda ainda mais na cadeira). Sim, eu lembro-me de lhe comprar as fraldas. Tá bem, tá bem. Está frio? Sim, vim de casaco. Sim mãe. Gabar... não, não trouxe. Nã... é porque eu assim... pois tem razão"
Empregado: "Eu podia sair..."
Patrão: (tapando o telemóvel) "Tu sais e meto-te na prensa pela pernas e ponho aquilo na velocidade minima e depois enterro-te vivo na lixeira tóxica que temos clandestina ao pé daquele bairro social, com sorte ainda sentes os pobrezinhos a arrancarem-te a pele para fazer churrascos! Não mãe, está tudo bem. Era aqui uma... coisa. Pois. Tem razão, tem razão. Sim, eu também lhe disse que era melhor ela... pois, agora engravidou, pois é. É uma galdéria, pois... foi o que eu lhe disse também. Não, não tenho a gabardine no carro. E sentado ficava toda... er.. sim, eu amanhã trago. Agora tenho de... sim mãe, quem? Beiji...nho? (faz envergonhado som de um beijinho ao telemóvel) Olááá Aninha! Quantos anos tem a aninha? 18? Passa lá o telefone à minha mãe! Mãe, a rapariga tem 18 anos e diz-me para dar um beijinho á menina que está ai consigo? Ah... mas... não, mas. Sim, pronto eu vou jantar ai para a conhecer. Mas ela tem... sim mãe. Tá bem, tenho de... tenho de... sim, eu trago a gabardine. Adeus mãe. Adeus".
Empregado: "Mães..."
Patrão: "Estás a falar da minha querida mãe seu aborto de panda???"
Emprego: "Eu não patrão.."
Patrão: "Vamos lá a ver se tenho de trazer o ferro em brasa..."
quinta-feira, fevereiro 19, 2004
14ª Meia Maratona de Lisboa
É já no dia 28 de Março e as inscrições já estão abertas.
Eu só me vou aventurar na Mini Maratona (7 km) que começa à mesma na praça da portagem da Ponte 25 de Abril e acaba em frente dos Jerónimos. Para o ano tento a Meia, se correr tudo bem e não me atirar da Ponte a meio.
Acho uma iniciativa gira e nunca tive condição fisica para tentar, pelo que este ano é que é!!!
Encorajo quem quiser a inscrever-se. Acho que a maior parte do ppl acaba a andar seja como for.
Mais informações nos balcões do Millenium BCP ou no site oficial da Meia Maratona de Lisboa.
quarta-feira, fevereiro 18, 2004
Hum...
Será que podemos estar certos sozinhos?
terça-feira, fevereiro 17, 2004
Você pode já ser um vencedor!!!
Se está a ler isto a/o Senhor(a) foi um(a) dos poucos escolhidos/escolhidas na sua área de residência. Em cada 100 pessoas do seu bairro, apenas 3 foram escolhidas pelo nosso departamento de vencedores imediatos. Ganhou desde já e sem qualquer compromisso um edredon feito de pele de enguia que pode levantar em qualquer loja da nossa vasta rede, espalhada por essa Europa de Leste fora. Mas não é só. O que diria se lhe dissessem que pode ainda ter um prémio mais fantástico, absolutamente grátis e sem pagar nada? Sim, é verdade. Por quase nada e absolutamente grátis, pode ver um post seu publicado neste blog. Basta por o post em comentário ou enviar por mail. Só uma condição: tem de ser um post que trate de uma maneira engraçada o tema: o Timmy perdeu um braço a brincar com a motoserra do Pai. O(a) senhor(a) pensa que não é capaz? Não se esqueça que na sua área de residência foram escolhidas apenas 3 pessoas de um lote possivel de 100 possibilidades, o que só fala em seu favor. Além disso, já tem, absolutamente grátis um edredron de pele de enguia, inteiramente seu, à sua espera. Por isso participe já! Mande o seu post e seja publicado, com direito a nome completo e ainda... é verdade, há mais: pode incluir no seu post, como anexo, uma mensagem com o conteúdo que quiser, inclusivé a insultar quem quiser, que será incluida no post, sem ter de pagar mais um cêntimo que seja.
Trata-se de uma promoção limitada, por isso não perca tempo, participe já!
O(a) Senhor(a) pode já ser um vencedor, embora para nós todos sejam vencedores!
*concurso autorizado pelo governo civil de cracóvia, pelo decreto n.º 980/9. O promotor não se responsabiliza por irritações cutâneas graves, ou delirios que dão a impressão de movimento animal causadas pelo edredon de pele de enguia.
Trata-se de uma promoção limitada, por isso não perca tempo, participe já!
O(a) Senhor(a) pode já ser um vencedor, embora para nós todos sejam vencedores!
*concurso autorizado pelo governo civil de cracóvia, pelo decreto n.º 980/9. O promotor não se responsabiliza por irritações cutâneas graves, ou delirios que dão a impressão de movimento animal causadas pelo edredon de pele de enguia.
segunda-feira, fevereiro 16, 2004
And for a minute there, I lost myself, I lost myself
Karma police, I’ve given all I can, it’s not enough
I’ve given all I can, but we’re still on the payroll
This is what you get, this is what you get
This is what you get, when you mess with us
I’ve given all I can, but we’re still on the payroll
This is what you get, this is what you get
This is what you get, when you mess with us
Atrás de um génio há...
Acerca de um documentary sobre Robert Hooke na BBC World.
Deu a entender que raras vezes o génio é solitário, mas antes um produto de colaboração.
Robert Hooke sugeriu coisas a Newton, nomeadamente acerca da gravidade e da luz. Claro que Newton se desenrascava sozinho, mas parece que depois operou uma magistral vingança sobre Hooke, apagando todos os registos históricos sobre este fisico e inventor inglês. Dá que pensar...
Também me ficou na retina (salvo seja) o aspecto interior do homem. Invariavelmente são pessoas com ideias, que mantêm registos caóticos da sua vida de repentes, de rasgos muitas das vezes de loucura.
Deu a entender que raras vezes o génio é solitário, mas antes um produto de colaboração.
Robert Hooke sugeriu coisas a Newton, nomeadamente acerca da gravidade e da luz. Claro que Newton se desenrascava sozinho, mas parece que depois operou uma magistral vingança sobre Hooke, apagando todos os registos históricos sobre este fisico e inventor inglês. Dá que pensar...
Também me ficou na retina (salvo seja) o aspecto interior do homem. Invariavelmente são pessoas com ideias, que mantêm registos caóticos da sua vida de repentes, de rasgos muitas das vezes de loucura.
domingo, fevereiro 15, 2004
Eternidade II
Levaste-me para tua casa e deixaste-me sozinho no teu quarto que dava para o mar. Era o último bom dia do ano, o último dia quente, sóbrio, dia próprio para os amantes. Eras doce em perfume e as minhas mãos sentiram-te deliciosa em volúpia, carnal em desejo. Na cama de seda, eramos os dois ondas destruidas contra a praia, na violência subtil dos teus beijos doces, da tua lingua provocante em amêndoa. Nunca consegui olhar-te de olhos fechados, tal era a forma como a tua face me fazia delirar em miragens convulsas, fotogramas de pelicula gasta em sépia, olhos em romance. No crepusculo, os teus dedos no meu cabelo como punhais limpos de sangue, antes ou depois da morte não interessa.
Eternidade I
Era o último bom dia de verão. Levaste-me contigo sem palavras para onde viviam os teus olhos proibidos. A noite estava clara e as ondas batiam na praia oceano, num azul que eu desconhecia poder existir. Um calor seco permeava todas as coisas e um som seco subia desde as rochas escarpadas da encosta que entrava em imaginação pela varanda com portas de vidro abertas.
Era o último bom dia do ano. Lentamente, sem palavras cheguei-me perto da tua pele, a minha cara perto da tua cara, acariciei-te sem te tocar, pelo cheiro, insinuação. Sorriste num suspiro e deixaste cair o cabelo sem me olhar. Sem saber como, estava deitado a teu lado e o mar estava dentro do nosso quarto, em calor e em sal, nas vagas violentas dos teus gestos parados.
Era o último dia das nossas vidas. Ficámos sem saber como reagir senão por inércia. Deitei-me no regaço quente do teu estômago, a minha face na tua pele e esperei por um milagre que sabia ser impossível. Não disseste nada, querias a eternidade. Olhei-te nos olhos, azuis como o mar que nos rodeava e nos impedia de fugir. Dei-te a eternidade sem saber como. Tu sorriste e acariciaste o meu cabelo. Eu passei os meus dedos pelos teus dedos. Fechei os olhos e senti-te profundamente, o teu calor, a tua pulsação. Estivemos vivos como os deuses temem que estejamos vivos. Num sonho proibido fomos uma só alma, um só desejo. No teu regaço, eternidade. No teu regaço. Eternidade.
Era o último dia. Contei-te sem medo a história de uma árvore chinesa que vive no equilíbrio impossível de uma encosta, como aquela que nos impede de fugir. Contei-te como as raízes se afundaram fundo nas rochas dormentes, sustendo-a a crescer num ângulo impossível. Mas ela era verde e feliz no seu desafio e na sua coragem. Gostavas de me ouvir. Eu gostava de te contar as coisas que imaginava serem reais. Gostava de te alimentar de palavras para depois chegar os meus dedos aos teus lábios com comida. Frutos secos, pão sem fermento. O pão das árvores e o pão do ventre dos homens. Repousámos dias sem fim, a chorar lágrimas pesadas pela nossa felicidade e a mera lembrança faz-me chorar novamente. Era o último dia das nossas vidas e subitamente vimos que afinal não havia um mar lá fora, apenas a chuva forte que arrastava as águas pela rua mal iluminada. Uma grande tempestade, uma enorme tempestade, a rugir. Eternidade.
Era o último bom dia do ano. Lentamente, sem palavras cheguei-me perto da tua pele, a minha cara perto da tua cara, acariciei-te sem te tocar, pelo cheiro, insinuação. Sorriste num suspiro e deixaste cair o cabelo sem me olhar. Sem saber como, estava deitado a teu lado e o mar estava dentro do nosso quarto, em calor e em sal, nas vagas violentas dos teus gestos parados.
Era o último dia das nossas vidas. Ficámos sem saber como reagir senão por inércia. Deitei-me no regaço quente do teu estômago, a minha face na tua pele e esperei por um milagre que sabia ser impossível. Não disseste nada, querias a eternidade. Olhei-te nos olhos, azuis como o mar que nos rodeava e nos impedia de fugir. Dei-te a eternidade sem saber como. Tu sorriste e acariciaste o meu cabelo. Eu passei os meus dedos pelos teus dedos. Fechei os olhos e senti-te profundamente, o teu calor, a tua pulsação. Estivemos vivos como os deuses temem que estejamos vivos. Num sonho proibido fomos uma só alma, um só desejo. No teu regaço, eternidade. No teu regaço. Eternidade.
Era o último dia. Contei-te sem medo a história de uma árvore chinesa que vive no equilíbrio impossível de uma encosta, como aquela que nos impede de fugir. Contei-te como as raízes se afundaram fundo nas rochas dormentes, sustendo-a a crescer num ângulo impossível. Mas ela era verde e feliz no seu desafio e na sua coragem. Gostavas de me ouvir. Eu gostava de te contar as coisas que imaginava serem reais. Gostava de te alimentar de palavras para depois chegar os meus dedos aos teus lábios com comida. Frutos secos, pão sem fermento. O pão das árvores e o pão do ventre dos homens. Repousámos dias sem fim, a chorar lágrimas pesadas pela nossa felicidade e a mera lembrança faz-me chorar novamente. Era o último dia das nossas vidas e subitamente vimos que afinal não havia um mar lá fora, apenas a chuva forte que arrastava as águas pela rua mal iluminada. Uma grande tempestade, uma enorme tempestade, a rugir. Eternidade.
sexta-feira, fevereiro 13, 2004
Adenda ao post anterior: 10 maneiras de reconhecer um terrorista em Israel
Em adenda ao que disse ontem, aqui estão 10 maneiras de agora um terrorista ser desmascarado em Israel:
1. É o gajo sentado no último lugar do autocarro, vestido com um capote amarelo fluorescente
2. É o gajo que começa a correr quando um puto faz um som tipo: "Oink Oink"
3. É o gajo que tem um autocolante: "Se estiveres a ler isto és um porco" na janela de trás do carro
4. É a única pessoa que não passa ao pé do DVD do Babe na Fnac sem se arrepiar
5. É a única pessoa que cheira demasiado bem mais ao fim do dia
6. É o gajo que compra o bilhete no autocarro e paga o preço certo com moedas
7. É o gajo que tem barras de dinamite à volta da cintura e um gatilho na mão para disparar a bomba
8. É o gajo que na farmácia pede 72 caixas de preservativos e paga com dinheiro de brincar do Hamas
9. É o gajo que se desvia quando vê putos com pistolas de água
10. É o gajo que no autocarro não dá o lugar a velhinhas, nem quando leva com a mala nas trombas
1. É o gajo sentado no último lugar do autocarro, vestido com um capote amarelo fluorescente
2. É o gajo que começa a correr quando um puto faz um som tipo: "Oink Oink"
3. É o gajo que tem um autocolante: "Se estiveres a ler isto és um porco" na janela de trás do carro
4. É a única pessoa que não passa ao pé do DVD do Babe na Fnac sem se arrepiar
5. É a única pessoa que cheira demasiado bem mais ao fim do dia
6. É o gajo que compra o bilhete no autocarro e paga o preço certo com moedas
7. É o gajo que tem barras de dinamite à volta da cintura e um gatilho na mão para disparar a bomba
8. É o gajo que na farmácia pede 72 caixas de preservativos e paga com dinheiro de brincar do Hamas
9. É o gajo que se desvia quando vê putos com pistolas de água
10. É o gajo que no autocarro não dá o lugar a velhinhas, nem quando leva com a mala nas trombas
quinta-feira, fevereiro 12, 2004
O poder do Bacon na paz mundial!!!
Para meu espanto, ouvi no telejornal que estão a pensar utilizar gordura do porco em forma liquida para tentar dissuadir os suicidas da Jihad e do Hamas em Israel. Aparentemente se antes de morrer um mártir entrar em contacto com o animal impuro (a miss piggy) lá se vai a hipótese de um condominio fechado no paraiso e muito menos ele fique a contar com as virgens, é que mesmo chapéu a isso tudo.
O plano das autoridades é por a dita gordura nos transportes públicos.
Um plano a meu ver genialmente simples. Er... a não ser com um senão lol E se... e é um grande SE. E se o suicida levar um impermeável? lol Hum? E então como é?
No entanto não deixa de ser uma boa ideia em teoria, ó cabecinhas pensadores Israelitas, seus rabisitos pensadores, foi bem esgalhada, mas pronto, fica prá próxima. A ver se não pensam que os porcos resolvem um problema de milhares de anos hum? Vamos lá a atinar.
Isto embora o potencial cómico da coisa, que é assinalável.
Eu enquanto vi a noticia pensei logo na protecção pessoal em Israel. A maneira de estar seguro seria andar com um porquinho próprio, de trela, ali à maneira. O terrorista ia para accionar a coisa e olhava para o porco e fugia logo, era limpinho lol
É caso para dizer um grande: JESUS VOLTA PÁ, ESTÁS PERDOADO!!!
O plano das autoridades é por a dita gordura nos transportes públicos.
Um plano a meu ver genialmente simples. Er... a não ser com um senão lol E se... e é um grande SE. E se o suicida levar um impermeável? lol Hum? E então como é?
No entanto não deixa de ser uma boa ideia em teoria, ó cabecinhas pensadores Israelitas, seus rabisitos pensadores, foi bem esgalhada, mas pronto, fica prá próxima. A ver se não pensam que os porcos resolvem um problema de milhares de anos hum? Vamos lá a atinar.
Isto embora o potencial cómico da coisa, que é assinalável.
Eu enquanto vi a noticia pensei logo na protecção pessoal em Israel. A maneira de estar seguro seria andar com um porquinho próprio, de trela, ali à maneira. O terrorista ia para accionar a coisa e olhava para o porco e fugia logo, era limpinho lol
É caso para dizer um grande: JESUS VOLTA PÁ, ESTÁS PERDOADO!!!
Acariciando a tua face
Acariciando a tua face.
Deitado na tua cama, depois do amor.
Acariciando a tua face dormente,
as tuas feições antigas, olhando-te nos olhos - eternidade.
És bela na minha memória de ti.
Deitada, nua, suave.
As minhas mãos passando pelos teus flancos,
aproveitando o teu cansaço.
As minhas mãos pelo teu estômago,
as minhas mãos pelo teu pescoço até aos dedos nos lábios.
Sempre. Eternamente.
Os meus dedos são todos os meus sentidos quando estou deitado ao lado de ti,
sentindo as formas delicadas da tua feição antiga.
Lembrando-me sem me lembrar de onde vieste. Cleópatra e Jezebel no teu sangue.
E os teus olhos, de um azul sem fim... não consegues zangar-te.
Faz sol lá fora,
nós deitados sem forças na nossa cama branca
desejamos que não haja manhã ou sequer outro dia.
Nada a não ser os teus olhos,
as tuas formas,
o cheiro violento e ocre a desejo.
Acariciando a tua face.
O tempo pára quando nos olhamos.
Tudo faz sentido quando me lembro de ti.
Deitado na tua cama, depois do amor.
Acariciando a tua face dormente,
as tuas feições antigas, olhando-te nos olhos - eternidade.
És bela na minha memória de ti.
Deitada, nua, suave.
As minhas mãos passando pelos teus flancos,
aproveitando o teu cansaço.
As minhas mãos pelo teu estômago,
as minhas mãos pelo teu pescoço até aos dedos nos lábios.
Sempre. Eternamente.
Os meus dedos são todos os meus sentidos quando estou deitado ao lado de ti,
sentindo as formas delicadas da tua feição antiga.
Lembrando-me sem me lembrar de onde vieste. Cleópatra e Jezebel no teu sangue.
E os teus olhos, de um azul sem fim... não consegues zangar-te.
Faz sol lá fora,
nós deitados sem forças na nossa cama branca
desejamos que não haja manhã ou sequer outro dia.
Nada a não ser os teus olhos,
as tuas formas,
o cheiro violento e ocre a desejo.
Acariciando a tua face.
O tempo pára quando nos olhamos.
Tudo faz sentido quando me lembro de ti.
quarta-feira, fevereiro 11, 2004
Onde estão eles...?
Ontem o meu pai perguntava - com a sapiência que lhe é particular - onde estavam os soldados portugueses da GNR que tinham ido para o Iraque?
Eu fiquei a pensar... será que eles ainda lá estão? Será que passou uma tempestade de areia e os cobriu a todos e ninguém quis dizer nada? O governo encobriu uma possivel fuga dos GNRs para um país muçulmano qualquer? Eles raparam ainda mais o cabelo e foram para India adorar vacas? O que se passou afinal com eles?
Na boa tradição deste blog, vou tentar explorar uma hipótese, para ver se chego a alguma conclusão.
Capitão Delgado: "Soldado? Que cara triste é essa?"
Soldado #1: (com cara triste) "Não é nada Capitão..."
Capitão: "Vá lá, já te conheço. Diz lá! É de teres de comer massa todos os dias não é?"
Soldado #1: "Não, não é isso. Eu não tenho nada"
Capitão: (pondo a mão no ombro do soldado) "Vá lá. Diz lá!"
Soldado #1: (a chorar compulsivamente) "ELE..S...ELE...ELES! AHH... ESQUECE...RAM-SE DE N..ÓS!"
Capitão: "Quem é que se esqueceu de ti? Não andas a receber correio é?"
Soldado #2: "É agora que eu entro?"
Soldado #1: "Ainda não pá! Agora é o meu momento dramático, cala-te!"
Soldado #2: (a resmungar) "Mania que é bom... só por ser soldado #1..."
Capitão: "Então?"
Soldado #1: "Então? Não era suposto virem buscar-nos? Não vem aqui um ministro há mais de 3 semanas!"
Capitão: "Ora..."
Soldado #2: "É agora?"
Soldado #1: "É"
Soldado #2: "Capitão! Não consigo contactar ninguém pelo rádio!"
Capitão: "Não? Mas nós não temos rádio..."
Soldado #2: (com medo) "Foi o que... me disseram para dizer..."
Soldado #1: "Até acho que foste bem"
Soldado #2: "Achas? 'brigadinho. Tentei uma mistura de De Niro com Harrison Ford"
Soldado #1: "Foi giro, foi"
Capitão: "Oh psst importam-se?"
Soldado #1: "Sorry capitan"
Soldado #2: "Já me posso ir embora? É que tenho a patroa ali na Baixa à minha espera, quer comprar uns cortinado e eu disse que isto demorava pouco..."
Capitão: "Vai-te lá embora, chiça!"
Soldado #1: "Então e nós? Ninguém nos vem buscar???"
Capitão: "Também estás à espera da patroa tu é? Actores amadores é o que dá..."
Soldado #1: (a sussurrar) "Não, estava a voltar ao texto..."
Capitão: "Ah... Pois soldado, não te preocupes. O Ministro mandou-me um.... er... telefax a dizer que está tudo bem"
Soldado #1: "Um telefax? Temos um telefax?"
Capitão: "Os italianos emprestaram-nos um antigo deles. Só recebe, não envia"
Soldado #1: "Mas sempre nos vêm buscar? Estamos a ficar com pouca massa enlatada..."
Capitão: "Deixa que o fais.... a massa dá até eles virem"
Soldado #1: "FAISÂO??? O capityão tem faisão e nós andamos a comer massa?"
Capitão: "Quem disse que eu tenho faisão. Tenho só um bocadito. Troquei uma G3 por dois há uma semana, e aquilo só dá para mim por isso..:"
Soldado #1: "Trocou por uma G3? Isso não é perigoso?"
Capitão: "Nah, aquilo não faz mal a ninguém"
(sons ao longe de um beduino a disparar uma metrelhadora e pessoas aos gritos no mercado)
Soldado #1: "Mas afinal o que disse o Ministro?"
Capitão: "er... que havia uma greve qualquer e que estava atrasado por isso. Mas está tudo bem"
Soldado #1: "A minha irmã mandou-me uma sms a dizer que na TVI não falam de nós há que tempos..."
Capitão: "Diz à tua irmã para mudar para a SIC"
Soldado #1: "Não tenho dinheiro no telemóvel"
Capitão: "Não será da bateria?"
Soldado #1: "É Nokia"
Capitão: "O meu tira fotografias, no outro dia mandei um camelo"
Soldado #1: "Ia comprar um desses, mas não tinham em azul bebé"
Capitão: "Quem diria que não fazem em azul bebé..."
Soldado #1: "Foi o que eu disse à menina da loja"
Capitão: "E ela?"
Soldado #1: "Ela só dizia: Chegue-se para trás do balcão!"
Capitão: (a rir-se) "Ai era?"
Soldado #1: "Não sei porque se está a rir. Quando descobrirem que trocou uma G3 por comida..."
Capitão: "Como vão descobrir isso?"
Soldado #1: "Alguém... pode dizer..."
Capitão: "Tou-te a ver. Tá bem, anda lá à minha tenda e comes ali uma coisa que te faz perder a memória"
Soldado #1: "Quero o peito!"
Capitão: "Isso é que não, eu só como carne branca!"
Eu fiquei a pensar... será que eles ainda lá estão? Será que passou uma tempestade de areia e os cobriu a todos e ninguém quis dizer nada? O governo encobriu uma possivel fuga dos GNRs para um país muçulmano qualquer? Eles raparam ainda mais o cabelo e foram para India adorar vacas? O que se passou afinal com eles?
Na boa tradição deste blog, vou tentar explorar uma hipótese, para ver se chego a alguma conclusão.
Capitão Delgado: "Soldado? Que cara triste é essa?"
Soldado #1: (com cara triste) "Não é nada Capitão..."
Capitão: "Vá lá, já te conheço. Diz lá! É de teres de comer massa todos os dias não é?"
Soldado #1: "Não, não é isso. Eu não tenho nada"
Capitão: (pondo a mão no ombro do soldado) "Vá lá. Diz lá!"
Soldado #1: (a chorar compulsivamente) "ELE..S...ELE...ELES! AHH... ESQUECE...RAM-SE DE N..ÓS!"
Capitão: "Quem é que se esqueceu de ti? Não andas a receber correio é?"
Soldado #2: "É agora que eu entro?"
Soldado #1: "Ainda não pá! Agora é o meu momento dramático, cala-te!"
Soldado #2: (a resmungar) "Mania que é bom... só por ser soldado #1..."
Capitão: "Então?"
Soldado #1: "Então? Não era suposto virem buscar-nos? Não vem aqui um ministro há mais de 3 semanas!"
Capitão: "Ora..."
Soldado #2: "É agora?"
Soldado #1: "É"
Soldado #2: "Capitão! Não consigo contactar ninguém pelo rádio!"
Capitão: "Não? Mas nós não temos rádio..."
Soldado #2: (com medo) "Foi o que... me disseram para dizer..."
Soldado #1: "Até acho que foste bem"
Soldado #2: "Achas? 'brigadinho. Tentei uma mistura de De Niro com Harrison Ford"
Soldado #1: "Foi giro, foi"
Capitão: "Oh psst importam-se?"
Soldado #1: "Sorry capitan"
Soldado #2: "Já me posso ir embora? É que tenho a patroa ali na Baixa à minha espera, quer comprar uns cortinado e eu disse que isto demorava pouco..."
Capitão: "Vai-te lá embora, chiça!"
Soldado #1: "Então e nós? Ninguém nos vem buscar???"
Capitão: "Também estás à espera da patroa tu é? Actores amadores é o que dá..."
Soldado #1: (a sussurrar) "Não, estava a voltar ao texto..."
Capitão: "Ah... Pois soldado, não te preocupes. O Ministro mandou-me um.... er... telefax a dizer que está tudo bem"
Soldado #1: "Um telefax? Temos um telefax?"
Capitão: "Os italianos emprestaram-nos um antigo deles. Só recebe, não envia"
Soldado #1: "Mas sempre nos vêm buscar? Estamos a ficar com pouca massa enlatada..."
Capitão: "Deixa que o fais.... a massa dá até eles virem"
Soldado #1: "FAISÂO??? O capityão tem faisão e nós andamos a comer massa?"
Capitão: "Quem disse que eu tenho faisão. Tenho só um bocadito. Troquei uma G3 por dois há uma semana, e aquilo só dá para mim por isso..:"
Soldado #1: "Trocou por uma G3? Isso não é perigoso?"
Capitão: "Nah, aquilo não faz mal a ninguém"
(sons ao longe de um beduino a disparar uma metrelhadora e pessoas aos gritos no mercado)
Soldado #1: "Mas afinal o que disse o Ministro?"
Capitão: "er... que havia uma greve qualquer e que estava atrasado por isso. Mas está tudo bem"
Soldado #1: "A minha irmã mandou-me uma sms a dizer que na TVI não falam de nós há que tempos..."
Capitão: "Diz à tua irmã para mudar para a SIC"
Soldado #1: "Não tenho dinheiro no telemóvel"
Capitão: "Não será da bateria?"
Soldado #1: "É Nokia"
Capitão: "O meu tira fotografias, no outro dia mandei um camelo"
Soldado #1: "Ia comprar um desses, mas não tinham em azul bebé"
Capitão: "Quem diria que não fazem em azul bebé..."
Soldado #1: "Foi o que eu disse à menina da loja"
Capitão: "E ela?"
Soldado #1: "Ela só dizia: Chegue-se para trás do balcão!"
Capitão: (a rir-se) "Ai era?"
Soldado #1: "Não sei porque se está a rir. Quando descobrirem que trocou uma G3 por comida..."
Capitão: "Como vão descobrir isso?"
Soldado #1: "Alguém... pode dizer..."
Capitão: "Tou-te a ver. Tá bem, anda lá à minha tenda e comes ali uma coisa que te faz perder a memória"
Soldado #1: "Quero o peito!"
Capitão: "Isso é que não, eu só como carne branca!"
terça-feira, fevereiro 10, 2004
O meu emprego...
O meu emprego é tão descontraido que estão a pensar instituir uma formal friday.
Não estou a exagerar.
Se eu vestir a t-shirt mais coçada e as calças mais rotas que tenho e me rebolar na lama, antes de ir para o meu emprego, ninguém me diz nada, a não ser talvez: «Estás com bom aspecto hoje!».
Ainda por cima há quem tente vestir-se mal, mas com roupas caras. Aqueles ténis esquisitos por ex, castanhos, e t-shirts de 10 contos que parecem da feira de carcavelos.
Ah... e depois há o pormenor do cabelo azeiteiro, despenteado - essencial para qualquer empregado com um certo edge.
Eu sou tão certinho que parece que fui contratado por uma multinacional Marciana.
Não estou a exagerar.
Se eu vestir a t-shirt mais coçada e as calças mais rotas que tenho e me rebolar na lama, antes de ir para o meu emprego, ninguém me diz nada, a não ser talvez: «Estás com bom aspecto hoje!».
Ainda por cima há quem tente vestir-se mal, mas com roupas caras. Aqueles ténis esquisitos por ex, castanhos, e t-shirts de 10 contos que parecem da feira de carcavelos.
Ah... e depois há o pormenor do cabelo azeiteiro, despenteado - essencial para qualquer empregado com um certo edge.
Eu sou tão certinho que parece que fui contratado por uma multinacional Marciana.
Aguarda o teu fim a meu lado
Aguarda o teu fim a meu lado.
Nesta beira de mar não se envelhece.
O breve dia é algures para alguém a nossa breve vida.
Somos animais livres que vagueiam pela planície deserta.
Peregrinamos sem o saber de uma fonte para outra.
Gastamos os cascos nas tribulações da viagem.
Evitamos os predadores.
Protegemos os nossos.
Fica quieta agora, que vem ai a tempestade longínqua.
Quietos evitamos que nos vejam.
Talvez, por sorte, nos ignorem a desdita e o destino.
Cala-te.
Fica quieta.
Nesta beira de mar não se envelhece.
O breve dia é algures para alguém a nossa breve vida.
Somos animais livres que vagueiam pela planície deserta.
Peregrinamos sem o saber de uma fonte para outra.
Gastamos os cascos nas tribulações da viagem.
Evitamos os predadores.
Protegemos os nossos.
Fica quieta agora, que vem ai a tempestade longínqua.
Quietos evitamos que nos vejam.
Talvez, por sorte, nos ignorem a desdita e o destino.
Cala-te.
Fica quieta.
segunda-feira, fevereiro 09, 2004
Crise de meia idade antecipada :)
Queria chamar a vossa atenção para que dirigissem carinho e possivelmente alguns mails de tranquilização à minha amiga e colega de bloguismo Neurótica.
É que acho que ela atingiu uma crise de meia idade antecipada. Acha que já é crescida, acontece aos melhores. Os mails que lhe mandem, era giro que contassem as dores de costas que têm, as espandiloses, os bicos de papagaio e as varizes salientes...
Estamos aqui todos para te apoiar.
Não te vamos deixar crescer!!!
É que acho que ela atingiu uma crise de meia idade antecipada. Acha que já é crescida, acontece aos melhores. Os mails que lhe mandem, era giro que contassem as dores de costas que têm, as espandiloses, os bicos de papagaio e as varizes salientes...
Estamos aqui todos para te apoiar.
Não te vamos deixar crescer!!!
domingo, fevereiro 08, 2004
Uma experiência aterradora na Capela dos Ossos
É verdade.
Hoje (Domingo) fui pela primeira vez à capela dos ossos em Évora.
É um sitio engraçado, para quem gosta de ossos humanos expostos. Uma pequena capela, com as paredes cobertas de ossadas humanas - 5000 dizia o homem na voz off (na realidade controlado pelo senhor que vendia os bilhetes e que tinha uma cara de "apetece-me estar em qualquer sitio do mundo menos aqui neste momento").
Tirei várias fotografias (umas 30 lol), mas só numa aconteceu uma coisa estranha. Depois de descarregar para o PC, não é que me aparece o Júlio Isidro por detrás da minha pessoa (estou vestido à cigano com a barba por fazer, facto pelo qual peçp desde já peço desculpa, mas era Domingo...).
Assim serve a fotografia, não só para me apresentar ás 3 pessoas que aqui passam de vez em quando, assim como para mostrar um fenómeno paranormal, para o qual gostaria de ver uma explicação plausível...
Seja como for, já fiz um oferenda ao espirito do Júlio Isidro, na forma de duas maçãs que ficam na rua à noite, a ver se o homem me larga. Só espero conseguir dormir bem esta noite.
Hoje (Domingo) fui pela primeira vez à capela dos ossos em Évora.
É um sitio engraçado, para quem gosta de ossos humanos expostos. Uma pequena capela, com as paredes cobertas de ossadas humanas - 5000 dizia o homem na voz off (na realidade controlado pelo senhor que vendia os bilhetes e que tinha uma cara de "apetece-me estar em qualquer sitio do mundo menos aqui neste momento").
Tirei várias fotografias (umas 30 lol), mas só numa aconteceu uma coisa estranha. Depois de descarregar para o PC, não é que me aparece o Júlio Isidro por detrás da minha pessoa (estou vestido à cigano com a barba por fazer, facto pelo qual peçp desde já peço desculpa, mas era Domingo...).
Assim serve a fotografia, não só para me apresentar ás 3 pessoas que aqui passam de vez em quando, assim como para mostrar um fenómeno paranormal, para o qual gostaria de ver uma explicação plausível...
Seja como for, já fiz um oferenda ao espirito do Júlio Isidro, na forma de duas maçãs que ficam na rua à noite, a ver se o homem me larga. Só espero conseguir dormir bem esta noite.
sexta-feira, fevereiro 06, 2004
Onde estás agora praia antiga?
Hoje passei à beira rio de noite e lembrei-me das vezes que passava, as centenas de vezes, que passei de comboio ao lado, mesmo ao lado, de uma praia pequena feita de seixos negros, mesmo quando o comboio saia do túnel, depois de Caxias.
Como costumo ir de cabeça no ar, não raras vezes olhava, sobretudo no inverno, para a pequena praia e imaginava alguém lá, em pé, a olhar para o horizonte, num dia mais frio, num dia de nevoeiro e frio intenso. Imaginava e... apareceu-me uma frase que me dá arrepios quando a repito, uma daquelas frases que significa tudo para mim e nada para todos os outros. A frase da praia de seixos pretos.
"Ruge um grande frio cortante"
Isto resume tão bem tantas coisas. É um livro sobre a minha alma, sem estar escrito e sem a necessidade, o trabalho e a vulgaridade de o escrever. A frase chega para tudo isso e muito mais, por ser menor, por ser maior em precisão e sinceridade.
Quando a digo regrido. Volto áquele comboio, há 10 anos atrás, que sai do túnel e faz a curva ao pé do rio, mesmo ao pé do rio, num dia em que chove e está muito frio lá fora. É doloroso, assustador pensar que nada mudou realmente. Aquele frase diz tudo sem dizer nada. É um homem parado no frio da natureza, sozinho, desafiante, esperançoso mas sem esperar nada. Nem sei para que continuei a escrever depois de pensar nela.
Mas hoje. Hoje onde está a minha praia de seixos negros?
Construiram um grande quebra mar sobre ela. Toneladas e toneladas de grandes pedras esculpidas à egipcia, sem arte, com a utilidade macabra de engenheiros. E eu vi. Vi o processo. Nos dias que passava de comboio e via eles a colocarem-nas e a praia, a praia de seixos negros a desaparecer lentamente... E um dia, ela já não se via. Tinha sido dominada, tinha desaparecido debaixo da rocha. A linha do comboio estava finalmente salva do rio, mas a praia tinha sido sacrificada brutalmente, sem piedade.
Não se vê a praia de seixos negros. Mas eu vejo-a quando digo a minha frase mágica, o meu encantamento eterno. Ruge um grande frio cortante! Ruge um grande frio cortante! E de imediato eu estou à janela do comboio, com um sorriso de deslumbramento a olhar para ela, nos poucos segundos que a velocidade permite. A olhar sem fechar os olhos, até que eles doam. Até ao dia seguinte. Até à manhã seguinte, ou no regresso a casa, pela penumbra. A minha praia de seixos negros, que foi levada pela crueldade dos homens, pela violência do quebra mar.
A praia vive na minha memória, como poucas coisas vivem na minha memória.
De tão vivida, é um altar de carne, com um pulsar humano, como o do meu coração.
Morta para todos, mas viva, sobrevivendo enquanto houver memória da magia que a invoca.
Como costumo ir de cabeça no ar, não raras vezes olhava, sobretudo no inverno, para a pequena praia e imaginava alguém lá, em pé, a olhar para o horizonte, num dia mais frio, num dia de nevoeiro e frio intenso. Imaginava e... apareceu-me uma frase que me dá arrepios quando a repito, uma daquelas frases que significa tudo para mim e nada para todos os outros. A frase da praia de seixos pretos.
"Ruge um grande frio cortante"
Isto resume tão bem tantas coisas. É um livro sobre a minha alma, sem estar escrito e sem a necessidade, o trabalho e a vulgaridade de o escrever. A frase chega para tudo isso e muito mais, por ser menor, por ser maior em precisão e sinceridade.
Quando a digo regrido. Volto áquele comboio, há 10 anos atrás, que sai do túnel e faz a curva ao pé do rio, mesmo ao pé do rio, num dia em que chove e está muito frio lá fora. É doloroso, assustador pensar que nada mudou realmente. Aquele frase diz tudo sem dizer nada. É um homem parado no frio da natureza, sozinho, desafiante, esperançoso mas sem esperar nada. Nem sei para que continuei a escrever depois de pensar nela.
Mas hoje. Hoje onde está a minha praia de seixos negros?
Construiram um grande quebra mar sobre ela. Toneladas e toneladas de grandes pedras esculpidas à egipcia, sem arte, com a utilidade macabra de engenheiros. E eu vi. Vi o processo. Nos dias que passava de comboio e via eles a colocarem-nas e a praia, a praia de seixos negros a desaparecer lentamente... E um dia, ela já não se via. Tinha sido dominada, tinha desaparecido debaixo da rocha. A linha do comboio estava finalmente salva do rio, mas a praia tinha sido sacrificada brutalmente, sem piedade.
Não se vê a praia de seixos negros. Mas eu vejo-a quando digo a minha frase mágica, o meu encantamento eterno. Ruge um grande frio cortante! Ruge um grande frio cortante! E de imediato eu estou à janela do comboio, com um sorriso de deslumbramento a olhar para ela, nos poucos segundos que a velocidade permite. A olhar sem fechar os olhos, até que eles doam. Até ao dia seguinte. Até à manhã seguinte, ou no regresso a casa, pela penumbra. A minha praia de seixos negros, que foi levada pela crueldade dos homens, pela violência do quebra mar.
A praia vive na minha memória, como poucas coisas vivem na minha memória.
De tão vivida, é um altar de carne, com um pulsar humano, como o do meu coração.
Morta para todos, mas viva, sobrevivendo enquanto houver memória da magia que a invoca.
Amor
"Amo em ti o não me amares"
quinta-feira, fevereiro 05, 2004
Truth or dare?
As pessoas que me lêem não são normais.
A frase é lapidar e não apresenta qualquer contestação.
Não são, desculpem. Nunca encontrei aqui uma pessoa normal, nem uma que seja só para variar um bocadinho.
Todos sem excepção têm uma pancada qualquer.
Uns são sádicos, outros têm dupla personalidade, há os esquizos, há os desiquilibrados, os com complexo de deus, também alguns com problemas de comunicação exterior, ainda os que são demasiado expressivos mas não sabem bem como se expressar e claro aqueles que apenas são malucos simples.
Parece mau o que eu disse, mas não é. Vejam lá bem que desde sempre que as "pessoas especiais" (um termo que me é muito querido) se reunem (ou são reunidas à força) num lugar diferente das "pessoas normais".
Os sinais de insanidade, nada mais são na sua essência do que sinais de diferença. Hoje em dia, os manicómios são na Internet, em vez de edificios do Estado Novo, brancos e a cheirar a lixivia.
Não se preocupem por serem como são. Eu incluo-me é claro.
Temos os nossos problemas, vai não vai mudamos de opinião, de certezas, de vontade, mas lá no fundo somos boas pessoas, com qualidades, com sensibilidade fora do comum, seja para o que for.
Isto tudo só para avançar com um: EU SOU LOUCO E NÂO ME ENVERGONHO DISSO.
É ver quantos têm vontade (e coragem) de assumir...
A frase é lapidar e não apresenta qualquer contestação.
Não são, desculpem. Nunca encontrei aqui uma pessoa normal, nem uma que seja só para variar um bocadinho.
Todos sem excepção têm uma pancada qualquer.
Uns são sádicos, outros têm dupla personalidade, há os esquizos, há os desiquilibrados, os com complexo de deus, também alguns com problemas de comunicação exterior, ainda os que são demasiado expressivos mas não sabem bem como se expressar e claro aqueles que apenas são malucos simples.
Parece mau o que eu disse, mas não é. Vejam lá bem que desde sempre que as "pessoas especiais" (um termo que me é muito querido) se reunem (ou são reunidas à força) num lugar diferente das "pessoas normais".
Os sinais de insanidade, nada mais são na sua essência do que sinais de diferença. Hoje em dia, os manicómios são na Internet, em vez de edificios do Estado Novo, brancos e a cheirar a lixivia.
Não se preocupem por serem como são. Eu incluo-me é claro.
Temos os nossos problemas, vai não vai mudamos de opinião, de certezas, de vontade, mas lá no fundo somos boas pessoas, com qualidades, com sensibilidade fora do comum, seja para o que for.
Isto tudo só para avançar com um: EU SOU LOUCO E NÂO ME ENVERGONHO DISSO.
É ver quantos têm vontade (e coragem) de assumir...
Deixa-me
- Não fazes um esforço!
- Não sabes os esforços que eu faço.
- Não tens de continuar assim sabes?
- Assim como? Tenho de ser como tu?
- Assim como és. Aprende a dar.
- Deixa-me. Eu sou como sou, não me conheces.
- Não deixas que eu te conheça!
- Isso é mentira. Eu não tenho nada que deixar. Não compreendes.
- Eu sei que és melhor do que isto...
- Não me apetece falar de ti.
- De mim?
- Sim, de ti.
- O que tens a dizer de mim?
- Nada. É só isso. Nada.
- Nunca sentiste nada por mim. Fingiste.
- Fingimos sempre, para nós próprios. Mas não eternamente.
- Porque queres ser preto e branco, quando tens tanta cor dentro!?
- Sou preto e branco quando tenho de ser preto e branco.
- Não fazes um esforço. Isso entristece-me.
- Porque me hei-de esforçar só para te fazer contente?
- É por ti, não por mim. Eu sou tua amiga e quero o teu bem.
- Não. Tu queres o meu bem para que te sintas bem tu comigo.
- Deixa. Não devia tentar mais.
- Não é culpa de ninguém. Mas certas coisas não mudam. Não mudo eu.
- Porque não queres.
- Porque não posso.
- Porque não te queres esforçar. Admitir que precisas de alguém.
- Eu conheço a solidão e tu?
- Eu?
- Se a conheces, podes não sentir tanto a necessidade de não te pensares sempre abandonado.
- Necessidade...? Vês como te mentes a ti próprio!?
- Já houve quem não me questionasse ou me quisesse mudar. Houve quem me conhecesse.
- Eu não sou assim não é? Pensas tu.
- Tu não me conhecesses sem palavras. É só isso. Tem de ser culpa de alguém?
- Não deixas. És tu que não deixas. Preferes estar sozinho por teres medo de mudar.
- Talvez tenha medo. Mas quando se muda, é melhor mudar naturalmente, suavemente.
- Não sei...
- Deixa-me.
- Sou tua amiga!
- Deixa-me. Deixa de uma vez de me quereres mudar. Deixa-me com os meus erros.
- O que faz de mim o eu deixar-te como tu queres?
- Não sei. Não quero saber. Não faz nada de ti. Não me respeitas.
- Achas que não? Porque estou ainda aqui então...?
- Por egoísmo.
- Por egoísmo...
- Deixa-me.
- Deixo-te.
- Não sabes os esforços que eu faço.
- Não tens de continuar assim sabes?
- Assim como? Tenho de ser como tu?
- Assim como és. Aprende a dar.
- Deixa-me. Eu sou como sou, não me conheces.
- Não deixas que eu te conheça!
- Isso é mentira. Eu não tenho nada que deixar. Não compreendes.
- Eu sei que és melhor do que isto...
- Não me apetece falar de ti.
- De mim?
- Sim, de ti.
- O que tens a dizer de mim?
- Nada. É só isso. Nada.
- Nunca sentiste nada por mim. Fingiste.
- Fingimos sempre, para nós próprios. Mas não eternamente.
- Porque queres ser preto e branco, quando tens tanta cor dentro!?
- Sou preto e branco quando tenho de ser preto e branco.
- Não fazes um esforço. Isso entristece-me.
- Porque me hei-de esforçar só para te fazer contente?
- É por ti, não por mim. Eu sou tua amiga e quero o teu bem.
- Não. Tu queres o meu bem para que te sintas bem tu comigo.
- Deixa. Não devia tentar mais.
- Não é culpa de ninguém. Mas certas coisas não mudam. Não mudo eu.
- Porque não queres.
- Porque não posso.
- Porque não te queres esforçar. Admitir que precisas de alguém.
- Eu conheço a solidão e tu?
- Eu?
- Se a conheces, podes não sentir tanto a necessidade de não te pensares sempre abandonado.
- Necessidade...? Vês como te mentes a ti próprio!?
- Já houve quem não me questionasse ou me quisesse mudar. Houve quem me conhecesse.
- Eu não sou assim não é? Pensas tu.
- Tu não me conhecesses sem palavras. É só isso. Tem de ser culpa de alguém?
- Não deixas. És tu que não deixas. Preferes estar sozinho por teres medo de mudar.
- Talvez tenha medo. Mas quando se muda, é melhor mudar naturalmente, suavemente.
- Não sei...
- Deixa-me.
- Sou tua amiga!
- Deixa-me. Deixa de uma vez de me quereres mudar. Deixa-me com os meus erros.
- O que faz de mim o eu deixar-te como tu queres?
- Não sei. Não quero saber. Não faz nada de ti. Não me respeitas.
- Achas que não? Porque estou ainda aqui então...?
- Por egoísmo.
- Por egoísmo...
- Deixa-me.
- Deixo-te.
quarta-feira, fevereiro 04, 2004
Uma folha vermelha a cair
Mil anos fora. Da viagem regressado.
A minha casa velha, como nova à minha espera.
Uma folha vermelha a cair…
Alegre enfim, de deixar de estar torturado, por memórias revoltas da minha família.
Ali mais à frente, cuidando de algo está alguém que eu conheço de outra vida. É meu amigo antigo, decerto lembrar-se-á de quem eu era.
Eu que deixei uma família à espera.
Uma folha vermelha a cair…
Olhou-me com olhos tristes ao ver-me.
- Tu por aqui? - disse-me sem mais.
- Sou eu, é verdade. E a minha família como vai?
Ele explicou-me do sucedido com extremo cuidado, como se conta a noticia de uma morte ao familiar alheio a tudo o que se passou. De como eu estivera mil anos fora, de como se lembrava de mim numa outra vida passada.
- Eles esperaram por ti o que puderam…
E eu nada disse olhando o vazio.
Uma folha vermelha a cair…
- Lá numa janela altiva, uma senhora de cabelos de fogo olhava o horizonte à tua procura todos os serões! Cá em baixo os animais revoltos perdiam o teu cheiro a cada dia que passava! Os meninos cresciam esquecendo-se de quem tu eras!
- Tive de partir…
- E eles tiveram de esquecer-te! - disse-me sem piedade.
- E agora?
Levou-me pelas escadas da casa milenar. Subimos com cuidado os degraus de pedra, polidos pelo andar de gerações. Ao cimo das escadas estava o quarto que eu deixara.
- E ela? - perguntei.
- Esperou por ti. Envelheceu nessa espera, penteando os longos cabelos de fogo, fitando o horizonte.
- Outros mil anos levarei a perdoar-me!
Lá fora o vento assobia furioso.
Uma folha vermelha a cair…
- A minha filha?
- Saída à muito desta casa, envelhecida também ela sem memórias tuas ou saudades. Nela crescendo uma revolta de partires causando-lhe tamanha dor.
- A minha menina…
Uma folha vermelha a cair…
- O meu filho?
- Perdido no combate por ódio da tua partida. Achando-se apenas ai útil, tentando demonstrar-te a sua coragem. Como era já um homem!
Uma folha vermelha a cair…
Lá fora a tempestade ruge num grito de desespero que é também o meu. Mas em verdade, estando fora mil anos, nada perdi. O meu filho não é um homem. A minha menina não é uma mulher. A minha mulher escova ainda, absorta de tudo, o seu cabelo de fogo.
- E tu? - disse voltando-me para o meu velho amigo.
Mas ele já não estava lá.
A casa milenar entretanto tremia com o vento forte que nascera lá fora, como que repelindo também ela as memórias que tivesse de mim. Eu, o estranho! Eu, o renegado!
O vento fustiga as paredes de pedra gasta. As árvores sacodem com a chuva pesada. Vejo, a custo, numa outra casa distante uma família reunida por uma sala iluminada.
Uma folha vermelha a cair…
Na minha casa não há luz ou calor. Mas uma figura feminina meneia o cabelo longo cor de fogo. Uma menina corre agarrando as tranças e gritando contra o seu irmão que a persegue tentando alcançá-las.
Enquanto aconchego o casaco corroído pelo tempo, por entre os cabelos brancos, afasto-me da minha casa milenar por entre longos piscar de olhos. Em cada um, um relâmpago e uma lembrança de uma outra vida.
Ao longe, numa janela fustigada pelo vento, uma mulher com cabelos de fogo faz-me adeus carinhosamente. Os miúdos gritam o meu nome.
Uma folha vermelha a cair…
A minha casa velha, como nova à minha espera.
Uma folha vermelha a cair…
Alegre enfim, de deixar de estar torturado, por memórias revoltas da minha família.
Ali mais à frente, cuidando de algo está alguém que eu conheço de outra vida. É meu amigo antigo, decerto lembrar-se-á de quem eu era.
Eu que deixei uma família à espera.
Uma folha vermelha a cair…
Olhou-me com olhos tristes ao ver-me.
- Tu por aqui? - disse-me sem mais.
- Sou eu, é verdade. E a minha família como vai?
Ele explicou-me do sucedido com extremo cuidado, como se conta a noticia de uma morte ao familiar alheio a tudo o que se passou. De como eu estivera mil anos fora, de como se lembrava de mim numa outra vida passada.
- Eles esperaram por ti o que puderam…
E eu nada disse olhando o vazio.
Uma folha vermelha a cair…
- Lá numa janela altiva, uma senhora de cabelos de fogo olhava o horizonte à tua procura todos os serões! Cá em baixo os animais revoltos perdiam o teu cheiro a cada dia que passava! Os meninos cresciam esquecendo-se de quem tu eras!
- Tive de partir…
- E eles tiveram de esquecer-te! - disse-me sem piedade.
- E agora?
Levou-me pelas escadas da casa milenar. Subimos com cuidado os degraus de pedra, polidos pelo andar de gerações. Ao cimo das escadas estava o quarto que eu deixara.
- E ela? - perguntei.
- Esperou por ti. Envelheceu nessa espera, penteando os longos cabelos de fogo, fitando o horizonte.
- Outros mil anos levarei a perdoar-me!
Lá fora o vento assobia furioso.
Uma folha vermelha a cair…
- A minha filha?
- Saída à muito desta casa, envelhecida também ela sem memórias tuas ou saudades. Nela crescendo uma revolta de partires causando-lhe tamanha dor.
- A minha menina…
Uma folha vermelha a cair…
- O meu filho?
- Perdido no combate por ódio da tua partida. Achando-se apenas ai útil, tentando demonstrar-te a sua coragem. Como era já um homem!
Uma folha vermelha a cair…
Lá fora a tempestade ruge num grito de desespero que é também o meu. Mas em verdade, estando fora mil anos, nada perdi. O meu filho não é um homem. A minha menina não é uma mulher. A minha mulher escova ainda, absorta de tudo, o seu cabelo de fogo.
- E tu? - disse voltando-me para o meu velho amigo.
Mas ele já não estava lá.
A casa milenar entretanto tremia com o vento forte que nascera lá fora, como que repelindo também ela as memórias que tivesse de mim. Eu, o estranho! Eu, o renegado!
O vento fustiga as paredes de pedra gasta. As árvores sacodem com a chuva pesada. Vejo, a custo, numa outra casa distante uma família reunida por uma sala iluminada.
Uma folha vermelha a cair…
Na minha casa não há luz ou calor. Mas uma figura feminina meneia o cabelo longo cor de fogo. Uma menina corre agarrando as tranças e gritando contra o seu irmão que a persegue tentando alcançá-las.
Enquanto aconchego o casaco corroído pelo tempo, por entre os cabelos brancos, afasto-me da minha casa milenar por entre longos piscar de olhos. Em cada um, um relâmpago e uma lembrança de uma outra vida.
Ao longe, numa janela fustigada pelo vento, uma mulher com cabelos de fogo faz-me adeus carinhosamente. Os miúdos gritam o meu nome.
Uma folha vermelha a cair…
A Dona Firmina vai ao cardiologista
Prédio da Caixa no Montijo. Na rua uma fila interminável de pessoas espera que abram as portas. São 5 meia da manhã. A D. Firmina, bem prevenida, enrolou duas sandes de paio e uma de ovo em folha de aluminio, mais uma gemada, tudo dentro de um saco de plástico do Jumbo.
Passam as horas... a D. Firmina vendeu uma das sandes a um senhor de 76 anos, por 10 euros e vai morfando a de ovo. Finalmente abrem as portas e entram todos aos empurrões. Em virtude das suas varizes crónicas, a D. Firmina chegou primeiro, não sintindo as pernas depois de 3 horas em pé e não se importando com isso.
Médico: "Então, como está a senhora?"
Firmina: (com ar abatido) "Mal Sô Dotor, muto mal..."
Médico: "Então? Diga lá o que se passa"
Firmina: (levantando-se) "Quer que me dispa?"
Médico: "Não, não! Primeiro falamos sobre o que se passa"
Firmina: (levantando o soutien) "Ando aqui com um caroço..."
Médico: (desviando os olhos) "Isso é com outro médico D. Firmina, eu sou cardiologista"
Firmina: (faz um ar incrédulo)
Médico: (aponta para a placa em cima da mesa)
Firmina: "Ah Sô Dotor mas é por causa disso, que eu cá vim sabe. É do coração. Ando sem dormir"
Médico: "Ah sim? Tem palpitações de noite? Dificuldade em respirar?"
Firmina: "É mesmo preocupação, desde que aconteceu aquilo ao rapaz, coitadito"
Médico: (franzindo o sobrolho) "O jogador não é..."
Firmina: "Ai nem me diga nada, parece que o estou a ver a cair. Tenho de me sentar! Ando de dia sempre com medo, não me vá acontecer alguma coisa a mim"
Médico: "E que tal é a sua alimentação? O seu prato favorito é o quê? Que comeu ao pequeno almoço hoje?"
Firmina: "Feijoada de chouriço. Sandes de ovo e paio".
Médico: "Vejo aqui dos seus testes que tens niveis de colesterol muito altos. Tem de cortar nas gorduras para não ter um enfarte mais tarde"
Firmina: "Ai o enfarte não me preocupa. É de cair assim sem mais nem menos Sô Dotor! Ah me deus!"
Médico: "Cair de repente?"
Firmina: "Sim, como o rapaz. Ai que parece que o estou a ver a cair!"
Médico: (com cara de chateado) "Acha que faz bem em vir aqui para esta conversa?"
Firmina: (levantando-se) "Eu sei, é melhor despir-me não é?"
Médico: "NÃO! Vista a blusa! Ahhhh... chiça, não havia necessidade. Enfermeira, cancele-me o almoço, perdi o apetite..."
Firmina: "O que acha disto?"
Médico: "Acho mal... acho mal..."
Firmina: "Eu sabia! Quantos dias de vida tenho? Seja bruto!"
Médico: (a murmurar) "Merecias que eu fosse bruto merecias..."
Firmina: "Não me pode ajudar?"
Médico: (preenchendo um papel) "Posso, posso. Vai aqui ao meu colega"
Firmina: (lendo) "Psi...quia...tria?"
Médico: (sorrindo e falando para o intercomunicador) "PRÓXIMO!"
Passam as horas... a D. Firmina vendeu uma das sandes a um senhor de 76 anos, por 10 euros e vai morfando a de ovo. Finalmente abrem as portas e entram todos aos empurrões. Em virtude das suas varizes crónicas, a D. Firmina chegou primeiro, não sintindo as pernas depois de 3 horas em pé e não se importando com isso.
Médico: "Então, como está a senhora?"
Firmina: (com ar abatido) "Mal Sô Dotor, muto mal..."
Médico: "Então? Diga lá o que se passa"
Firmina: (levantando-se) "Quer que me dispa?"
Médico: "Não, não! Primeiro falamos sobre o que se passa"
Firmina: (levantando o soutien) "Ando aqui com um caroço..."
Médico: (desviando os olhos) "Isso é com outro médico D. Firmina, eu sou cardiologista"
Firmina: (faz um ar incrédulo)
Médico: (aponta para a placa em cima da mesa)
Firmina: "Ah Sô Dotor mas é por causa disso, que eu cá vim sabe. É do coração. Ando sem dormir"
Médico: "Ah sim? Tem palpitações de noite? Dificuldade em respirar?"
Firmina: "É mesmo preocupação, desde que aconteceu aquilo ao rapaz, coitadito"
Médico: (franzindo o sobrolho) "O jogador não é..."
Firmina: "Ai nem me diga nada, parece que o estou a ver a cair. Tenho de me sentar! Ando de dia sempre com medo, não me vá acontecer alguma coisa a mim"
Médico: "E que tal é a sua alimentação? O seu prato favorito é o quê? Que comeu ao pequeno almoço hoje?"
Firmina: "Feijoada de chouriço. Sandes de ovo e paio".
Médico: "Vejo aqui dos seus testes que tens niveis de colesterol muito altos. Tem de cortar nas gorduras para não ter um enfarte mais tarde"
Firmina: "Ai o enfarte não me preocupa. É de cair assim sem mais nem menos Sô Dotor! Ah me deus!"
Médico: "Cair de repente?"
Firmina: "Sim, como o rapaz. Ai que parece que o estou a ver a cair!"
Médico: (com cara de chateado) "Acha que faz bem em vir aqui para esta conversa?"
Firmina: (levantando-se) "Eu sei, é melhor despir-me não é?"
Médico: "NÃO! Vista a blusa! Ahhhh... chiça, não havia necessidade. Enfermeira, cancele-me o almoço, perdi o apetite..."
Firmina: "O que acha disto?"
Médico: "Acho mal... acho mal..."
Firmina: "Eu sabia! Quantos dias de vida tenho? Seja bruto!"
Médico: (a murmurar) "Merecias que eu fosse bruto merecias..."
Firmina: "Não me pode ajudar?"
Médico: (preenchendo um papel) "Posso, posso. Vai aqui ao meu colega"
Firmina: (lendo) "Psi...quia...tria?"
Médico: (sorrindo e falando para o intercomunicador) "PRÓXIMO!"
terça-feira, fevereiro 03, 2004
To run or not to run?
Anda tudo agitado hoje em dia.
Antigamente - nas palavras sábias do meu pai - ninguém morria (?) e comiam de tudo nas aldeias, inclusivé águas dos rios "com bichos lá dentro" (citação exacta).
Agora é a paranóia total.
Há uns anos era tudo a dizer para se fazer exercício, que temos muito colesterol, que isto e aquilo...
Aparentemente, o exercício não é totalmente bom porque... há a possibilidade de termos uma crise cardíaca subita, cujas causas só aparecem numa autópsia feita com exames complementares, nomeadamente aos tecidos do músculo cardíaco.
Então comé que é? Um gajo fica sentado no sofá ou vai ao ginásio? Batatas fritas gordurosas e o jogo da Premier League ou bife de soja e 45 minutos de bicicleta? Um meio termo dizem vocês? Batatas fritas e bicicleta...?
Eu pessoalmente corro 3 vezes por semana, agora já a um bom ritmo. Não fiz nenhum exame médico antes de começar a correr, mas sinto-me melhor do que me sintia antes de correr, porque tinha uma vida muito sedentária. Não ponho de parte um check up, mas como eu disse à minha mãe ainda ontem: "Olha, pelo menos isso do coração é de repente, ainda se desse uma coisa ao gajo que ficássemos ali a estrebuchar durante meia hora!".
Antigamente - nas palavras sábias do meu pai - ninguém morria (?) e comiam de tudo nas aldeias, inclusivé águas dos rios "com bichos lá dentro" (citação exacta).
Agora é a paranóia total.
Há uns anos era tudo a dizer para se fazer exercício, que temos muito colesterol, que isto e aquilo...
Aparentemente, o exercício não é totalmente bom porque... há a possibilidade de termos uma crise cardíaca subita, cujas causas só aparecem numa autópsia feita com exames complementares, nomeadamente aos tecidos do músculo cardíaco.
Então comé que é? Um gajo fica sentado no sofá ou vai ao ginásio? Batatas fritas gordurosas e o jogo da Premier League ou bife de soja e 45 minutos de bicicleta? Um meio termo dizem vocês? Batatas fritas e bicicleta...?
Eu pessoalmente corro 3 vezes por semana, agora já a um bom ritmo. Não fiz nenhum exame médico antes de começar a correr, mas sinto-me melhor do que me sintia antes de correr, porque tinha uma vida muito sedentária. Não ponho de parte um check up, mas como eu disse à minha mãe ainda ontem: "Olha, pelo menos isso do coração é de repente, ainda se desse uma coisa ao gajo que ficássemos ali a estrebuchar durante meia hora!".
segunda-feira, fevereiro 02, 2004
Certos sorrisos destroem civilizações
CocoroCHIM! BocbocATCHIMMCHIM! Ai... desculpem. Boc
Sim, adivinharam. É a gripe das aves! lol
Gripe das aves... há aqui tantas piadas possíveis que nem sei por onde começar.
Logo assim à abrir, pássaros constipados é engraçado. Um pássaro a espirrar e a tossir, acho que nem é preciso elaborar mais. Uma galinha com um termómetro no bico, ou um pato tapado com lençóis até ao pescoço.
E depois são bichos de capoeira não é... a modos que toda a gente sabe que a gripe é uma coisa que se passa com muita facilidade de uns para os outros. As aves estão na capoeira, aquilo é apertadinho e tal... será que nenhum cientista ainda viu que o melhor era separá-las? hum? Andam sempre no laboratório e depois é isto. Vai-se a ver têm os olhos todos estragados de tanto ler.
Ah... e o que será que come uma ave engripada hum? Uma (rufar de tambor)... CANJA??? lol
"A situação é desesperada - lia-se hoje no Daily Chicken - ao ponto de galinhas afectadas com a gripe das aves começarem a comer-se umas ás outras em deliciosas canjas quentinhas".
Depois parece que isto se transmite a humanos. Mas quem é que anda a respirar ao pé de galinhas? Se gosta de andar no bafo dos bichos é bem feita!
Deviam era por as aves todas a Aantigripine, deitavam-nas nas caminhas de palha punham um bocadito de Vic's Vapour Spray nos peitos (deliciosos no forno) e acabavam com o assunto.
Gripe das aves... há aqui tantas piadas possíveis que nem sei por onde começar.
Logo assim à abrir, pássaros constipados é engraçado. Um pássaro a espirrar e a tossir, acho que nem é preciso elaborar mais. Uma galinha com um termómetro no bico, ou um pato tapado com lençóis até ao pescoço.
E depois são bichos de capoeira não é... a modos que toda a gente sabe que a gripe é uma coisa que se passa com muita facilidade de uns para os outros. As aves estão na capoeira, aquilo é apertadinho e tal... será que nenhum cientista ainda viu que o melhor era separá-las? hum? Andam sempre no laboratório e depois é isto. Vai-se a ver têm os olhos todos estragados de tanto ler.
Ah... e o que será que come uma ave engripada hum? Uma (rufar de tambor)... CANJA??? lol
"A situação é desesperada - lia-se hoje no Daily Chicken - ao ponto de galinhas afectadas com a gripe das aves começarem a comer-se umas ás outras em deliciosas canjas quentinhas".
Depois parece que isto se transmite a humanos. Mas quem é que anda a respirar ao pé de galinhas? Se gosta de andar no bafo dos bichos é bem feita!
Deviam era por as aves todas a Aantigripine, deitavam-nas nas caminhas de palha punham um bocadito de Vic's Vapour Spray nos peitos (deliciosos no forno) e acabavam com o assunto.
Quem te viu sem te conhecer?
Por onde andas abandonada?
Quem te viu sem te conhecer?
Cada vez que falo contigo, parece que és deliberadamente frágil e isso honra-me.
Falamos poucas vezes, mas sabes que te conheço, como conheço quem conheço, pelas fragilidades.
Não sei explicar... Se há quem procure a força no outro, para se sentir mais forte, eu procuro a fraqueza, para compreender melhor. É que sabes, pela fraqueza se descobre um universo de coisas. Coisas que a força nunca diz. Palavras pequenas saem num rumor de vento, olhos que te olham.
Andes por onde andares.
Tens familia aqui.
Eu sou tua familia também.
Sinto a dor na tua voz. Sei que és forte, mas isso não preciso que me mostres.
Quando falas e estás comigo, não tens de ter medo de mostrar a tua fragilidade.
Eu conheço-te sabes. Mesmo não estando contigo há tanto tempo.
Quando falas lembro-me... por onde andaste e os olhos que te olharam sem ter ver.
Quantos te viram sem te amar?
Quantas pessoas te viram passar, sem que nada fosses para elas?
Passa sempre uma eternidade. Uma geração.
Mas nada muda, quando nos vemos.
Quem te viu sem te conhecer?
Cada vez que falo contigo, parece que és deliberadamente frágil e isso honra-me.
Falamos poucas vezes, mas sabes que te conheço, como conheço quem conheço, pelas fragilidades.
Não sei explicar... Se há quem procure a força no outro, para se sentir mais forte, eu procuro a fraqueza, para compreender melhor. É que sabes, pela fraqueza se descobre um universo de coisas. Coisas que a força nunca diz. Palavras pequenas saem num rumor de vento, olhos que te olham.
Andes por onde andares.
Tens familia aqui.
Eu sou tua familia também.
Sinto a dor na tua voz. Sei que és forte, mas isso não preciso que me mostres.
Quando falas e estás comigo, não tens de ter medo de mostrar a tua fragilidade.
Eu conheço-te sabes. Mesmo não estando contigo há tanto tempo.
Quando falas lembro-me... por onde andaste e os olhos que te olharam sem ter ver.
Quantos te viram sem te amar?
Quantas pessoas te viram passar, sem que nada fosses para elas?
Passa sempre uma eternidade. Uma geração.
Mas nada muda, quando nos vemos.
domingo, fevereiro 01, 2004
Aquele que andou pelo rio com as suas perguntas
Aquele que andou pelo rio com as suas perguntas. Aquele que procurava e que andava pelo rio em busca de respostas. Não há respostas senão nos rios, afirmações cristalinas senão entre as margens de uma vida que nunca permanece igual, nas eternas mutações da natureza. Ele que procurou e que nunca desistiu de procurar. Ele que lavou a alma suja nas águas limpidas daquele ribeiro selvagem que nasce de gotas numa montanha inacessivel. A corrente levou-lhe as dúvidas e a vida passada de desconhecimento. A cada mergulho, a cabeça afundada perto das rochas polidas, a falta do mundo no momento da respiração sustida, via-se claramente o futuro. Em segundos de hesitação, vê-se claramente o futuro. No interstício do tempo, entre os movimentos perpétuos do destino, vê-se claramente o destino
Brahmans, pessoas indistintas que se despem para o ritual milenário. Corpos escuros que descem as roupas laranjas nas águas do mesmo ribeiro distante, apanhando o resto da alma daquele que se banhou no ribeiro ignoto. Um mar de gente sem nome, turba organizada na sua desorganização fervorosa, que explode numa multidão de sinais coordenados e contraditórios. Chamas e cinzas num terreiro e flores em rama lançadas a uma estátua de cobre que passa carregada por ombros vermelhos. (Onde estão todos? E porque não estou eu ali agora?). Perto da ponte soturna, crianças de cabelo rapado que olham com desconfiança o resto da viagem. Silêncios ruidosos na explosão de cores mortas. Estações e processos. Velhos amigos de peregrinação. Viajar e resignar-se. Dar a dor como presente a uns olhos cansados de uma velha vinda de uma aldeia distante, do interior perdido, quase outro continente de tão longinquo.
A criança olha ao longe, desde a sua casa pobre. Fogo-fátuo na emoção contida de um sorriso. A criança puxando o braço da mãe ocupada com o fogo chama a atenção para o vulto distante, mas é ignorada pela roda impiedosa da vida tortuosa. Perto do rio, o Sadu sai e sente os olhos que o perseguem e sobe pela encosta ferida pelo pés da multidão desaparecida. A criança vê-o e depois olha o rio triste, resto de almas perdidas, pó de almas lavadas, na escuridão aparente de tochas ocasionais. Cai na cama pobre e sabe agora o que quer ser no futuro.
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Brahmans, pessoas indistintas que se despem para o ritual milenário. Corpos escuros que descem as roupas laranjas nas águas do mesmo ribeiro distante, apanhando o resto da alma daquele que se banhou no ribeiro ignoto. Um mar de gente sem nome, turba organizada na sua desorganização fervorosa, que explode numa multidão de sinais coordenados e contraditórios. Chamas e cinzas num terreiro e flores em rama lançadas a uma estátua de cobre que passa carregada por ombros vermelhos. (Onde estão todos? E porque não estou eu ali agora?). Perto da ponte soturna, crianças de cabelo rapado que olham com desconfiança o resto da viagem. Silêncios ruidosos na explosão de cores mortas. Estações e processos. Velhos amigos de peregrinação. Viajar e resignar-se. Dar a dor como presente a uns olhos cansados de uma velha vinda de uma aldeia distante, do interior perdido, quase outro continente de tão longinquo.
A criança olha ao longe, desde a sua casa pobre. Fogo-fátuo na emoção contida de um sorriso. A criança puxando o braço da mãe ocupada com o fogo chama a atenção para o vulto distante, mas é ignorada pela roda impiedosa da vida tortuosa. Perto do rio, o Sadu sai e sente os olhos que o perseguem e sobe pela encosta ferida pelo pés da multidão desaparecida. A criança vê-o e depois olha o rio triste, resto de almas perdidas, pó de almas lavadas, na escuridão aparente de tochas ocasionais. Cai na cama pobre e sabe agora o que quer ser no futuro.
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