terça-feira, agosto 24, 2004

O Zero INFINITO faz amanhã um ano.
Convidam-se para as exéquias conhecidos e familiares.

Formal black or dark colours only please.

terça-feira, agosto 17, 2004

Hoje é a última noite.

A última noite.

Um último olhar para a despedida.
Sem tempo para a emoção falsa.

Deixo um poema velho, orfão neste topo de mesa, para pagar a minha dívida.
Viro as costas e aconchego o casaco escuro.
Eu sei que está frio lá fora, mas tenho mesmo de ir.

Até qualquer dia.

«Uma folha de papel.
Uma mesa.
Uma luz fraca.
As costas direitas na cadeira.
Não sei o que escrever».

Dances with golfes

Desde há uns tempos anda ai uma mania de pôr deficientes a nadar com golfinhos.
Um dos últimos casos registados foi Herman José, em Vilamoura, no seu speedo XXL.

Mas a minha questão é o que os golfinhos pensam disto.
Eles devem ter cá uma paciência...

"Porra, só nos calham defs!"

"Pára de me puxar a barbatana! Tecla 3..."

Piada de extremo mau gosto

Se existisse uma ordem religiosa só com monges gay, como se chamava?

Ninguém...?

Era a Ordem de Clíster.

segunda-feira, agosto 16, 2004

Maque trada há-de saidre daqui

Episódios da vida de Muqtada al-Sadr, o líder da revolta xiita em Najaf, Iraque.

I

A mãe de Muqtada está-lhe a dar de comer.

Muq: "NÃO QUERO SOPA!".
Mãe: "Tu não tens querer! Abre a boca!"
Muq: "NÃO! NÂO QUERO SOPA!!!"
Mãe: "Muq abre a boca! Eu juro que me zango contigo!"
Muq: "GUERRA SANTAAAA!!!"

II

Muqtada no trânsito.
Alguém se mete à frente dele sem fazer pisca.

Muq: (com a cabeça fora da janela): "GUERRA SANTAAAA!!!"

III

Muqtada na escola, apanhado a copiar num exame.

Prof: "Muqtada, o teu exame é igual ao do Saled"
Muq: "Igual como?"
Prof: "Aqui na resposta 23, escreveram a mesma coisa".
Muq: "Isso pode ser coincidência".
Prof: "Pronto. Mas na 32 e na 45 está exactamente igual".
Muq: "Coincidência".
Prof: "Tu escreveste Saled onde diz nome, em vez de Muqtad"
Muq: "GUERRA SANTAAAA!!!!"

IV

Muqtada vai aos saldos.

Muq: "Olhe, desculpe, quanto é esta T-shirt da D&G...?"
Mulher #1: "OLHA FILHO! Já cá estava antes sim!?"
Muq: "Primeiro os homens!"
Mulher #2: "Olha-me este..."
Mulher #1: "Aposto que em casa leva da mulher"
Mulher #2: "Depois vem para aqui armar-se em bom..."
Muq: "Não é nada assim, a verdade é que no meu país..."
Mulher #1: "É imigrante. Eu vi logo.."
Mulher #2: "Aquele roupa esquisita, só podia ser".
Mulher #1: "Olhe, não é mais do que nós só por vir da Suiça com chiquilate mais barato ouviu!?!"
Muq: "Er..."
Mulher #2: "Meta-se no seu Renault e vá à feira da Suicilândia!"
Vendedor: "É a 5 euros ó senhore!"
Muq: "5? E é mesmo da D&G?"
Vendedor: "É o que diz senhore, na Tesherte, nós compramos ao fornecedore".

V

Muqtada vai ao cinema no Colombo ver o filme da Disney com vacas falantes.

Muq: "Aqui tem o bilhete".
Gajo #1: "Não se importa de tirar o turbante?"
Muq: "Como?"
Gajo #1: "Não é permitido entrar com comida para o cinema".
Muq: "Eu não..."
Gajo #2: "Mais um israelita a dar problemas?"
Muq: "Israelita??? COMO SE ATREVE!"
Gajo #2: "Não se exalte. Não queremos fazer uma revista todo nú".
Muq: "Revista todo nú???"
Gajo #1: "Ninguém disse que iamos fazer. Mas parece que tem algo a esconder!"
Gajo #2: "Tira-lhe o turbante!"
Gajo #1: "Eu baixo-lhe as calças!"
Muq: "GUERRA SANTAAA!!!"

Maque trada há-de saidre daqui

Episódios da vida de Muqtada al-Sadr, o líder da revolta xiita em Najaf, Iraque.

I

A mãe de Muqtada está-lhe a dar de comer.

Muq: "NÃO QUERO SOPA!".
Mãe: "Tu não tens querer! Abre a boca!"
Muq: "NÃO! NÂO QUERO SOPA!!!"
Mãe: "Muq abre a boca! Eu juro que me zango contigo!"
Muq: "GUERRA SANTAAAA!!!"

II

Muqtada no trânsito.
Alguém se mete à frente dele sem fazer pisca.

Muq: (com a cabeça fora da janela): "GUERRA SANTAAAA!!!"

III

Muqtada na escola, apanhado a copiar num exame.

Prof: "Muqtada, o teu exame é igual ao do Saled"
Muq: "Igual como?"
Prof: "Aqui na resposta 23, escreveram a mesma coisa".
Muq: "Isso pode ser coincidência".
Prof: "Pronto. Mas na 32 e na 45 está exactamente igual".
Muq: "Coincidência".
Prof: "Tu escreveste Saled onde diz nome, em vez de Muqtad"
Muq: "GUERRA SANTAAAA!!!!"

IV

Muqtada vai aos saldos.

Muq: "Olhe, desculpe, quanto é esta T-shirt da D&G...?"
Mulher #1: "OLHA FILHO! Já cá estava antes sim!?"
Muq: "Primeiro os homens!"
Mulher #2: "Olha-me este..."
Mulher #1: "Aposto que em casa leva da mulher"
Mulher #2: "Depois vem para aqui armar-se em bom..."
Muq: "Não é nada assim, a verdade é que no meu país..."
Mulher #1: "É imigrante. Eu vi logo.."
Mulher #2: "Aquele roupa esquisita, só podia ser".
Mulher #1: "Olhe, não é mais do que nós só por vir da Suiça com chiquilate mais barato ouviu!?!"
Muq: "Er..."
Mulher #2: "Meta-se no seu Renault e vá à feira da Suicilândia!"
Vendedor: "É a 5 euros ó senhore!"
Muq: "5? E é mesmo da D&G?"
Vendedor: "É o que diz senhore, na Tesherte, nós compramos ao fornecedore".

V

Muqtada vai ao cinema no Colombo ver o filme da Disney com vacas falantes.

Muq: "Aqui tem o bilhete".
Gajo #1: "Não se importa de tirar o turbante?"
Muq: "Como?"
Gajo #1: "Não é permitido entrar com comida para o cinema".
Muq: "Eu não..."
Gajo #2: "Mais um israelita a dar problemas?"
Muq: "Israelita??? COMO SE ATREVE!"
Gajo #2: "Não se exalte. Não queremos fazer uma revista todo nú".
Muq: "Revista todo nú???"
Gajo #1: "Ninguém disse que iamos fazer. Mas parece que tem algo a esconder!"
Gajo #2: "Tira-lhe o turbante!"
Gajo #1: "Eu baixo-lhe as calças!"
Muq: "GUERRA SANTAAA!!!"

quinta-feira, agosto 12, 2004

O Blog está em reparações, por tempo indeterminado.


quarta-feira, agosto 11, 2004

Sabedoria Popular

Provérbio:

Pelo S.to André pega no porco pelo pé. Se ele disser cué, cué, diz-lhe que tempo é; se ele disser que tal, que tal, guarda-o para o Natal.

Cué? Cué? Pega no porco por um pé? Porcos a falar???
Ou eu me engano, ou os nossos avós andavam todos é na erva.

terça-feira, agosto 10, 2004

Bruised and battered but still going strong.


You say toumaito I say tumáto

Uma colega contou-me que o Prof de inglês dela, quando chegou a Portugal, estranhou ver por todo o lado a palavra ESCAPE escrita. ARRAJAM-SE ESCAPES. Ele perguntava espantado porque é que toda a gente queria fugir do país.

E eu digo: não é um bocado estranho, que além de haver lojas para fugir do país com anúncios grandes na rua, o facto de lá dentro estar tudo sujo de óleo e com peças mecânicas espalhadas o levaria a suspeitar de algo diferente...? Ou talvez sujassem as pessoas de óleo para ficarem anónimas e depois as despachassem para a fronteira.

segunda-feira, agosto 09, 2004

Murder Motel

O grande Cadillac virava esquinas de pesadelo, pesado nas suas decisões de chapa fria ao sol da tarde.
Não há duas maneiras de ver as coisas por aqui. Era o que ele costumava dizer.

"Vais disparar?"

O seu corpo esbelto e magro cingia-se ao seu, quase um véu de carne impedindo a saída do quarto de veludo.

"Se eu não disparar, alguém o vai ter de fazer..."

Ela sorriu um sorriso amargo e tentou alcançar a arma.
Ele prendeu-lhe a mão atrás da cintura, alcançando por centimetros os seus lábios carnudos e molhados.

Lá fora, ondas rebeldes batiam contra as rochas salgadas.
Pine Resort Motel.

"Perfect Crime Scene Leutenant."
"Ain't no such thing, rookie" - with a grin - "they all leave a mark".

Há um som seco no horizonte.
Não se consegue perceber se é um tiro à queima roupa, mas no dia seguinte o camareiro nota um buraco de bala no tecto, um circulo negro no meio do veludo azul gasto.

"No body. No murder. That's about it".

Sobre pensar

Desde que li que existiram pessoas cuja ocupação principal era pensar, que me senti fascinado pela Filosofia.
Para mim não há arte que se aproxime, na sua beleza e simples complexidade.
Costumava imaginar a vida de um Sócrates, caminhando pela cidade, parando para falar, reflctindo... Durante algum tempo era essa a minha ideia de idílio, de paz de alma: poder pensar.

Quem diria que pensar seria uma liberdade.
E uma liberdade que se ocupa de si mesma. Na minha opinião, a falta de conclusões na Filosofia nasce em parte de o essencial ser exercitar a liberdade de pensar. Os Filósofos (todos os que pensam) exercem um direito fundamental, sem o qual não conseguem existir. Pensar é para eles como respirar ou comer.

O direito a pensar do Filósofo é um pouco como o direito de sonhar do prisioneiro.
Um vê-se preso na vida, o outro preso no cárcere.
Nenhum se liberta realmente, mas ambos renunciam à morte.

sexta-feira, agosto 06, 2004

Sim, e...?

Aquela conversa que se dá aos putos que vem aí o Papão...
Vem aí e depois? O que é que o Papão faz exactamente, lê uma história para tu dormires, desmembra-te, tapa-te melhor?
Aquilo de os ciganos virem com um saco para te levarem ainda é mais especifica, mas mesmo assim... levam-te para onde exactamente e para fazer o quê, hum?

quinta-feira, agosto 05, 2004

Desabafo ferido



sobre inocência e sensibilidade...

sinto-me triste por algumas pessoas não compreenderem a maneira como este blog é, como o autor deste blog é.
até aceito que vejam o blog como algo disparatado, que ignorem os momentos mais sérios, a poesia um bocado rarefeita, a maior parte das vezes escrita no momento, nunca revista, porque é a maneira como escrevo.
aceito que não compreendam a minha personalidade, que aceitem parcialmente o que digo, que leiam transversalmente, que ignorem os textos mais compridos e maçadores.
não aceito que se aproveitem da minha sinceridade, do meu coração aberto, para fazer troça, para questionar, para manipular, para achar uma brecha para pôr em prática um egoísmo mesquinho e negro, inveja ou crueldade.
não sou perfeito, também erro, mas acho que não é demais pedir apenas sensibilidade a quem tanto a apregoa mas não parece capaz de a pôr em prática.
ser sensivel não é apenas ter cultura, honestidade, bondade. É também pensar duas vezes quando se pode magoar, é olhar para dentro antes de fazer alguma coisa que pode magoar. Não perguntar depois onde se errou, errando duas vezes não querendo ver as verdadeiras intenções. Como é possível ser cruel desta maneira, com alguém que apenas fala do coração...?

sei que há muitas pessoas sensíveis por aqui.
mas quantas são verdadeiramente capazes de o ser?

quarta-feira, agosto 04, 2004

Nunca

Não sei quem disse isto antes. Lembro-me de querer estar assim, pobre mas em deslumbramento. Um abandono da minha alma no meu corpo, deixado sozinho, mas contente no silêncio de apenas ser, sem ter de pensar.

Sei de ossos finos, carne clara, escurecida pelo sol.
Um grande deserto frio à noite, com sombras que voam alto a ignorar quem dorme inocente.
Sei de um lago seco, de uma cidade perdida, de familias já só pó, de esperança já só vento...

Porque sonha o Califa no seu palácio debroado a ouro?
Não sabem os Califas que o sonho é de quem não se rodeia daquilo que faz os sonhos?
Eu estou pobre na rua. Pedinte ignoto. Não interessa quem eu sou, mas apenas o que eu faço com a minha condição. Nunca interessa quem se é, apenas o que se quer fazer. E eu sou o Califa nos meus sonhos de mim. Ergo na minha pobreza o sonho irreal de puder ser tudo, uma brisa quente na pele, a superficie da água calma, a ponta de uma asa em voo e olhos claros.

Da minha esquina do mundo, regressam dolorosos todos os medos.
Quem passa e me olha com pena, não sabe sonhar. E todos os que passam me olham com pena, mesmo não olhando.
Mas eu não sou quem pareço. Como pensam poder ver a minha condição?

Nas portas do palácio real, dois guardas seguram cruzadas sobre o peito as espadas curvas da meia lua, debaixo das palmeiras verde-crú. As minhas roupas e a minha inconsciência guardam em mim a minha condição de olhos menos nobres.

Diz-me tu estranho de uma terra estranha, corpo que caminha sem destino para onde ir ou vontade de lá chegar: porque olhas com pena para um corpo fraco deitado no chão, meio-coberto de panos castanhos rasgados por roupa?

Nunca ninguém vai compreender.
Nunca se pode vislumbrar uma condição.
Nunca. Se tu não fizeres de ti o teu corpo e a tua alma.


terça-feira, agosto 03, 2004

Vais directamente para o Inferno, sem passar pelo Purgatório

Cenário: a casa de Judas, 6 da tarde.
Toca a campainha.

Judas: «Vai ver quem é!»
Judaina: «Vai tu, já saímos do Egipto, não sou tua escrava!»
Judas: «Não grites!»

Judas vai à porta e olha pelo buraquinho para ver quem é.

Judas: (em voz baixa) «Porra é o Jesus»
Judaina: «Quem é?»
Judas: «Shhh! É o Jesus...»
Judaina: «Chato do homem. Já não chega andares atrás dele todo o dia, depois do emprego ainda te vem chatear?»
Judas: «Cala-te. Olha que ele ouve...»
Judaina: (a gritar) «E se ouvir??? Eu estou na MINHA CASA!»

Jesus bate à porta com força.

Jesus: «Judas?»
Judas: «E agora? Pode ser alguma coisa importante...»
Judaina: «Se fosse importante ele que meta por debaixo da porta»
Judas: «Não lhe faltes ao respeito, ele é o Salvador»
Judaina: «Não há-de ser melhor do que eu, lá por ser o Salvador. Eu estou todo o dia em casa a limpar e a tomar conta dos TEUS filhos!»
Jesus: «JUDAS!!!»
Judas: «Já te disse que se quiseres contratamos uma empregada. Não sejas assim...»
Judaina: «Uma empregada... antes chega o fim do mundo filho!»
Judas: «Sabes que eu ganho pouco. Tu também! Casaste comigo porquê hum?»
Judaina: «Estava bêbeda»
Judas: «Isso estavamos todos, chama-se copo d'água»
Jesus: (a gritar) «PORRA JUDAS, ABRE A MERDA DA PORTA!»
Judaina: «Cala-te que eles não nos ouve e vai-se embora»
Judas: «Não te querias mesmo casar comigo? Andaste a falar outra vez com a tua mãe não foi?»
Judaina: «Não metas a mãe na conversa...»

Jesus bate na porta com os pés.

Judas: «É o merceeiro não é? EU MATO-O!»
Jesus: «Matar é pecado Judas»
Judas: «Cala-te Jesus, mete-te na tua vida!»
Judaina: «Calem-se os dois, não é o merceeiro!»
Jesus: «Deixem-me entrar»
Judas: «Jesus, a sério, é melhor ires-te embora. Eu não me estou já a sentir bem»
Judaina: «Só lhe sobem os calores quando está de pé, deitado é a desgraça que se vê...»
Jesus: (riso)
Judas: (a abrir a porta) «Tás-te a rir de quê palhaço?»
Judaina: «JUDAS!!!»
Judas: (a empurrar Jesus) «Queres alguma coisa é?»
Jesus: «Tem calma, eu acredito na paz e...»
Judas: «O merceeiro anda cá sempre em casa porquê? A tua mãe sempre quis que casasses com ele»
Judaina: «Pelo menos ele tem boa fruta»
Jesus: (gargalhada)

Judas atira-se a Jesus e rebolam os dois no quintal.

Judaina: «Larga-o! Larga-o! Não é o merceeiro! Não é o merceeiro!»
Jesus: «Respeita a tua esposa Judas, é o caminho certo»
Judas: (acalmando-se) «Pronto. Eu acalmo-me. Mas... o que viste aqui fazer Jesus? Não sabias que eu era para ir ao Templo a esta hora... só não fui porque havia uma greve da Transportes Palestino...»
Judaina: «É melhor ires-te embora Jesus...»
Jesus: «Realmente está-se a fazer tarde... eu volto noutra altura...»
Judas: (pensativo) «Tou a ver...»
Jesus: (cara de preocupado)
Judaina: (cara de preocupada)
Judas: «Vinhas cá à mesma, só para me dar mais trabalho. Não pode ser Jesus. Eu tenho uma familia. A minha mulher é má rez, mas é minha»
Jesus: (a ir-se embora) «Tens razão, vou pensar melhor nisso. Depois falamos ok. Dou-te um toque. Tchau, fica bem!»

Close up da cara da Judas.
Lentamente forma-se uma ex+pressão maquiavélica e retorcida.

Judas: «Vais ficar bem vais... vais ficar mesmo muito bem...»
Judaina: «Estás com prisão de ventre outra vez Judas?»
Judas: «Cala-te. Traz-me uma cerveja!».

Neste mar outro deserto

Os braços de mar espraiam-se nos desertos de amanhã.
Naufrágios por acontecer nos pesadelos de marinheiros mortos.

Se agitares os braços, nos dias do tufão, a luta será desigual para os desalmados.
Enterraram-me fundo a espada de ponta cortada, rodada três vezes no esgar odioso do inimigo.

Agora morre solitário nas areias do deserto o barco do meu desespero.

Nome perdido para as monções.

Hélices trocadas por tâmaras e casco agredido por gritos de dromedários feridos.


segunda-feira, agosto 02, 2004

Cordas esticadas

Uma sala de espectáculos vazia.
No palco mal iluminado, desce um raio de luz do fim de tarde lá do alto, um artista velho segura um violino.
Apertam-se cordas tensas. Mexe-se o corpo dorido. Fecham-se os olhos para recordar a melodia.

Ao longe aparecem corpos que entram, silenciosos e sem cara.
O velho olha sem olhar.
Acende-se um holofote fraco.

Há o barulho de passos.

O arco toca as cordas e elas vibram por medo uma vez.
o artista velho levanta-se. Um pano leve cai-lhe no ombro. Deita o violino. Fica sem respirar.

Há o silêncio da antecipação.

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