domingo, janeiro 29, 2006

A fronteira



Vindo da fronteira um vulto.

«Porque vens por aqui,
por onde não passam corpos,
mas desejos em sussurro de pedra?».

Não houve uma resposta.

Toda a cordilheira se arrepiou na espinha,
os montes saltando no sono,
assustando os habitantes das aldeias,
que também dormiam.

E depois tudo voltou a uma estranha tranquilidade.

-

«Eu sou o desejo de morte», disse ele com os dentes a brilhar.

Horrível precedente.

O silêncio gelou as veias salientes,
por causa do rio distante que
passava e deixou de correr no horror.

Onde estava ele quando precisara da sua

AJUDA.


Onde está toda a ajuda?

-

Os seus pés de botas de tropa velha,
permaneceram quietos junto à lama da fronteira,
urze, ossos partidos e pontas de xisto.

A mala ao lado das pernas molhadas,
calças de lona,
palavras por dizer,
vento que começava a soprar furioso.

Porque chove o vento a fúria das monções?

«Deixa-me passar», disse com a cabeça baixa.

E ergueram a barreira e ele passou lentamente,
como uma aranha passa pelos destroços,
pelos

DESTROÇOS HORRIVEIS DO AVIÃO DESPENHADO.

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--- - Meus Deus - --------


- Quem os salva? ---

------Meu Deus-------------

segunda-feira, janeiro 23, 2006

A surpresa das Presidenciais de 2006





sexta-feira, janeiro 20, 2006

E o meu voto vai para...



MANUEL ALEGRE

Devo confessar que era um dos indecisos.
Mas agora estou convencido que o Alegre é a única escolha possível. Simplesmente porque eu me sinto revoltado. Revoltado contra o desemprego, que me vai afectando, com a subida de preços, com a falta de esperança, com a falta de transparência.

Claro que Alegre não vai resolver nada disto sozinho.
Mas Alegre é um underdog tipico.
Não tem ninguém por trás. Manifestamente é corajoso e tem orgulho.
Além do mais ele é sensível, compreende a alma humana e sabe o que é o sofrimento.
Nenhum dos outros tem estas qualidades.

Por isso o meu voto é para Manuel Alegre.
Porque não me podem roubar a esperança.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Imagens Fora de Contexto; n.º 1 - "Kirk atacado pelo monstro Gorn"


terça-feira, janeiro 17, 2006

Os Filmes da Vida Dele

Continua hoje uma rubrica aqui no Blog, da autoria de Victor H. Santos, VHS para os amigos, que procede à critica de filmes que estão em cartaz nos cinemas do nosso belo Portugal. A palavra ao VHS.

Nuno.

Meus queridos amigos cinéfilos. Hoje venho todo contente, depois de um fim-de-semana dedicado inteiramente à boa arte de comer pipocas de boca aberta no meio de um monte de desconhecidos, no escuro. É verdade, fui à festa anual dos bigodes, em Arronches, e deixem-me que vos diga, foi um divertimento sem igual, realmente extraordinário.
Bem, mas estou aqui para falar de filmes, de moves. Então vamos lá a ver o que eu tive oportunidade de dar uma olhadela desde a última vez...

Já agora big props ao João Alberto, lanterninha no AlenquerShopping, por não me denunciar, quando eu me escondo na casa de banho para ver dois filmes pelo preço de um. És grande João!

TUDO POR UM SONHO
Um pai, faz os possiveis para salvar um cavalo de corrida, por amor à filha.
Portanto, é o filme gay da semana. Já estão avisados.
MÁQUINA ZERO
Não consegui ver todo. Estava sempre à espera que caisse um motor de avião, mas nada.
Uma grande decepção.
ODETE
Meu Deus. Pensava que este era sobre uma ex-namorada minha, e fui ver a medo. E não é que era mesmo sobre uma ex-namorada minha! A Odete era mesmo psicótica, chiça...
AGENTE ACIDENTAL
Um judeu e um negro combatem o crime. Desaconselhado a cabeças rapadas.
KING KONG
Um filme sobre um macaco gigante que tenta destruir Nova Iorque. Um senhor no parque de campismo disse-me que foi baseado numa história real.
HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO
Sou só eu ou o puto que faz de Harry está cada vez com um aspecto mais esquisito. Lembra-me um primo meu que era muito giro em bebé e agora é feio que nem um porco.
CHICKEN LITTLE
Foi engraçado, mas não me consegui concentrar. Estava a olhar para ele e, porque ainda não tinha jantado, só conseguia pensar em frango assado. Comam antes de ver este.
NOIVA CADÁVER
Um tipo casa com uma morta e depois vão... er... bem, um tipo, casa com... bem, ele casa com uma... hey, é banda desenhada!

FILME A VER ESTA SEMANA:

FUN WITH DICK AND JANE
Embora eu tivesse entrado enganado com o título, o filme é divertido. Pelo menos eu rio-me sempre a ver pessoas a cair e o Jim Carrey é o maior pá! Além disso, quem de noite sai para recuperar a qualquer preço o relvado perdido, merece um prémio.
Dou-lhe 4 VHS.

sábado, janeiro 14, 2006

Your day will come



Um dia, será o meu dia.

Sinto algumas vezes que é demasiado perigoso querer demasiado cedo as coisas que nos pertencem por direito.

Mas um dia, será o meu dia.

Não um dia glorioso, de vingança.
Mas um dia calmo, de seca maresia matinal.
Um dia de fim de suspiro.

Um dia, será o meu dia, e eu ficarei finalmente em paz.

-

One day.
One day, your day will come.


sexta-feira, janeiro 13, 2006

Dejaameicá máne

Jamrock

É o mais novo dos Marleys e guess what, é o melhor: chama-se Damian Marley.
Principalmente porque não tenta imitar o pai. He keeps it real, see.

Grande albúm, que se chama Welcome to Jamrock.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

The "Priest" they called him



Kurt Cobain + William S. Burroughs.

Talk about a dream team.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

O namorado anormal de Anabela

ATENÇÃO: ESTA HISTÓRIA PODE FERIR SUSCEPTIBILIDADES DE PESSOAS NORMAIS E ANORMAIS.

Anabela: «Rui, dá-me um beijo!»
Rui: (grunhindo) «Ahhhh Uhhhh Nham nham bu bujo»
Anabela: «Ai gosto tanto de ti».

A Anabela trabalhava como técnica de saúde num hospital quando conheceu o Rui.
O Rui era deficiente mental desde nascença.
Babava-se e tinha a boca de lado.

Mas Anabela sentiu-se estranhamente atraída por ele.
Envolveram-se emocionalmente e embora Rui não conseguisse construir uma frase, Anabela sabia que ele a amava. Via-o nos olhos estrábicos de Rui.

Quando o apresentou aos pais, eles ficaram com dúvidas, mas queriam a filha feliz.
Rui mandou pratos para o chão, gritou contra a sobremesa e babou-se a beber o vinho.

Quando iam sair à noite, Rui gesticulava na discoteca e gritava palavras disconexas.

Rui: «Nhaba uhu hummo ooo manhaam»
Anabela: «Ai Rui, adoro quando pões a boca assim de lado...».

As amigas criticavam Anabela por ter arranjado um namorado daqueles. «Podias ter arranjado bem melhor. Pelo menos um que conseguisse falar», diziam-lhe. Mas ela não ligava. Rui era o homem da sua vida, anormal ou não.

Os pais, depois de arrumarem a sala de jantar proibiram Anabela de ver Rui.
«Não, não! Vocês querem destruir a minha vida!», gritou ela desesperada, fugindo.

Anabela escapava de casa à noite e ia ao hospicio visitar o Rui. Entrava pela janela do quarto e ficava a olhar para ele e dormir e a babar-se incontrolavelmente.

Mas Anabela percebeu que amor deles eram impossível, nessa noite.
Agarrou no tabuleiro de remédios do Rui e tomou 12 comprimidos para dormir. Põs os outros 21 dentro do copo de leite do Rui e deu o leite ao Rui à força. Ele ainda tentou resistir, mas era anormal e não conseguiu, a Anabela tinha mais força.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

O Rapaz Selvagem do Ikea

António Davide, sentado na sua cadeira especial

«Nunca me hei-de esquecer daquele dia», diz António Davide, hoje com 24 anos, quando lhe perguntamos sobre a fatidica ocasião em que António se perdeu dos seus pais no Ikea.

«Foi na secção das cozinhas», diz Davide com os olhos enovoados pela emoção. «A minha mãe largou-me da mão e foi comprar duas dúzias de guardanapos a €1,99». «Acho que comecei a andar e quando dei por mim, já não estava nas cozinhas. Ainda tentei voltar para trás, mas no Ikea obrigam as pessoas a andar sempre em frente e eu nunca mais vi a minha mãe». Aqui, A. Davide começou incontrolavelmente a chorar, sentando-se obcecado na pequena cadeira, a sua "cadeira especial". «Sei que parece um bocado esquisito, mas quando era mais miúdo, há 8 ou 9 anos, eu sentava-me na cadeira à espera que a minha mãe passasse, mas nada, ela nunca passou...».

Nessa altura, António não estava tão apertado quando se sentava.

As esperanças infantis do rapaz foram lentamente esmorecendo.
Perguntamos-lhe como foi passar a infância no Ikea.
«Foi muito tramado minha senhora. Sabe que aqui só há cachorros suecos para comer. Eu à noite ia ao restaurante a agarrava-me aos restos, mas é complicado. Tenho sonhos todas as noites em que estou a conduzir um volvo em forma de salsicha e bato no Magnusson, que está no meio da estrada».

Como se safou sozinho? Os empregados nunca deram por ele? Onde dormia? Onde fazia as necessidades?
«Fazia de conta que ia com outras pessoas, ou então punha-me a brincar nos corredores e escondia-me nos armários. Os empregados são poucos e fazem o possível para não olhar para os clientes, por isso acho que nunca deram por mim. Dormir, era na secção das camas, claro, mas ia variando de noite para noite. Já agora, não aconselho comprarem aquela HEMNES de pinho a €176,90, porque passei ali os anos em que não controlava muito bem a bexiga. As necessidades eram mesmo nas casas de banho aqui do sitio».

Aprendeu a ler e a escrever? O que sabe do mundo exterior? E namoradas?
«Aprender a ler... no principio foi complicado. Eles têm aqui muitos livros, mas está tudo em sueco e aquilo é uma complicação. Demorei 3 anos a ler a minha primeira página, mas hoje já sou craque. Recomendo o Snörmakare Lekholm får en idé . Durante 2 anos pensei que era um livro angolano. Escrever, só sei com lápis. Do mundo exterior, só sei o que as pessoas vão comentando, ou então quando falam ao telemóvel e eu vou apanhando. Namoradas, foi quando eu tinha 18, encontrei uma rapariga e combinávamos sempre encontrarmo-nos aqui. Ela pensava que eu gostava muito de ir às compras, mas acabei por me chatear com ela, porque me criticava muito que nunca a levava a lado nenhum, mas eu vivia aqui no Ikea, não podia sair. Acho que ela pensa que eu sou gay, mas é verdade».

Mas há uma saída do Ikea, por estranho que possa parecer. Mas esse Eldorado, que A. Davide perseguiu durante 9 anos, sempre o iludiu.
«Eu ainda tentei, sabe. Nos primeiros anos andei um bom bocado, mas ficava cansado e depois deitava-me e quando acordava já não sabia para que lado era a saída. Em 1998, ainda cheguei à parte dos corredores, mas tive azar que apagaram as luzes e eu tive de voltar para trás, porque não se sabe que tipo de bichos há ali pela noite».

Histórias curiosas, ela sabe muitas. Compartilhou algumas.
«A maior parte do people não sabe dizer o nome da loja. Alguns estão ao telemóvel e põem-se a gritar que estão no Ikeia, no Ikaia, ou no Ikasa. Houve um senhor imigrante no Luxemburgo que veio fazer uma devolução e queria falar com o dono da loja, mas explicaram-lhe que o dono não morava aqui ao pé».

Com grande esforço, e com a ajuda de um mapa, 2 GPS, uma bússola, uma corda esticada e migalhas de pão, conseguimos levar o Davide para a saída do IKEA. Foi um momento emocionante, quando o miúdo, agora homem, finalmente viu a luz ao fim do túnel que foi o seu isolamento forçado do mundo.
«Hey, está ali a minha mãe!».

A última visão que reportamos foi a de Davide a correr para a mãe que estava a pagar na caixa. O rapaz de camisa de alças e calções, com a sua cadeira debaixo do braço correu para ela e abraçou-a. Mas a senhora começou a bater-lhe com a mala, provavelmente por não o reconhecer, depois de passados tantos anos. Aos gritos «Mãe! Mãe!», a mãe de Davide pareceu chamar pela segurança e o Davide foi levado, não sem alguma violência, pelos seguranças amarelos da grande superfície, para dentro de um Volvo da PSP, para nunca mais ser visto.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Esta tarde

Mr. E











Esta tarde passou-se com html e albúms dos Eels.
Beautiful freak, Daisies of the Galaxy, Electro shock Blues e Blinking Lights and other Revelations.

Aprendi que afinal todas as canções de Mr. E. são iguais, belas e comoventes.

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