domingo, janeiro 29, 2006
A fronteira
Vindo da fronteira um vulto.
«Porque vens por aqui,
por onde não passam corpos,
mas desejos em sussurro de pedra?».
Não houve uma resposta.
Toda a cordilheira se arrepiou na espinha,
os montes saltando no sono,
assustando os habitantes das aldeias,
que também dormiam.
E depois tudo voltou a uma estranha tranquilidade.
-
«Eu sou o desejo de morte», disse ele com os dentes a brilhar.
Horrível precedente.
O silêncio gelou as veias salientes,
por causa do rio distante que
passava e deixou de correr no horror.
Onde estava ele quando precisara da sua
AJUDA.
Onde está toda a ajuda?
-
Os seus pés de botas de tropa velha,
permaneceram quietos junto à lama da fronteira,
urze, ossos partidos e pontas de xisto.
A mala ao lado das pernas molhadas,
calças de lona,
palavras por dizer,
vento que começava a soprar furioso.
Porque chove o vento a fúria das monções?
«Deixa-me passar», disse com a cabeça baixa.
E ergueram a barreira e ele passou lentamente,
como uma aranha passa pelos destroços,
pelos
DESTROÇOS HORRIVEIS DO AVIÃO DESPENHADO.
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--- - Meus Deus - --------
- Quem os salva? ---
------Meu Deus-------------
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