segunda-feira, novembro 29, 2004
Red Crash
Scarlet winds
On a monsoon of sand.
(the silence of the desert landscape frightens me…)
but did this – boots deep on the red hills – really happen?
Getting of the cockpit…
I feel my brown equipment with my
Blind hands
In search, in search of
Something…
(did this… really happen?)
I have nothing to do with this war…
But who ever has anything to do with any war?
Running like a child…
In the top of the hill, knees down on the uneasy floor:
Beneath the dark mantle of the universe,
I smile thinking that someone sowed pearls into the dark night:
How can we own this red meadows?
Far away there are distant city lights,
Squadrons of low flying fighters ,
Flashes of artillery,
But no sound.
Clear waves in the plowed blood filled earth,
That leads to where people make their lives,
Where they live and die,
Where they are born and become envious.
It’s easy to return
- I think holding my poor reserve of water -
I’m a soldier
- looking at my destroyed biplane -
Then the moon begins to rise high,
immense,
gigantic,
overshadowing,
and tears roll down my rugged face…
as I stretch my arms to engulf its diameter…
In the sincere dialogue of man and nature…
I’m a man…
That has nothing to do with this war…
sexta-feira, novembro 26, 2004
Sinto falta do futuro
Sinto falta dos momentos em que podia escrever no comboio. Dos momentos em que era possuido pela vontade inexorável de escrever, mesmo se mergulhado na tristeza. Esse mistério, por muito doloroso, é um mistério que me faz igual à natureza, irmão no sofrimento e no que há de belo na contemplação de jade dos seus segredos.
Sinto falta de me perder no labirinto de mim mesmo, vezes sem fim, sem que me perguntem porque não tenho um caminho, quando tudo o que é caminho é estar verdadeiramente perdido. Pior é estar perdido sem o estar, na consciência plena de o caminho se ter perdido em mim, em vez de eu nele, e isso me perseguir e perturbar, todas as horas, num horror pacífico e pleno, como uma febre sem calor.
Sinto falta de ser eu no silêncio anónimo das viagens, em que nenhuma cara me era familiar, para poder ser eu-outro nos dias abertos, mesmo na paisagem fechada de chuva. Não sei ser assim silencioso, cadenciado nos equilibrios instáveis de uma regra estrangeira, hábito bárbaro porque não o meu, porque não acariciado pelo coração.
Nas poucas alturas que encontro a paz de saber isto, vejo que nunca conseguirei fingir, resistir sempre à dor imposta, fingir o sorriso artificial. Eu sou para sempre aquele que mostra quem é e que mostra o que sente. Vem a mim se queres a verdade dos meus sentimentos, pois a minha alma não é um reflexo do meu ser, mas o oposto e para toda a eternidade da minha vida.
Sinto falta de me perder no labirinto de mim mesmo, vezes sem fim, sem que me perguntem porque não tenho um caminho, quando tudo o que é caminho é estar verdadeiramente perdido. Pior é estar perdido sem o estar, na consciência plena de o caminho se ter perdido em mim, em vez de eu nele, e isso me perseguir e perturbar, todas as horas, num horror pacífico e pleno, como uma febre sem calor.
Sinto falta de ser eu no silêncio anónimo das viagens, em que nenhuma cara me era familiar, para poder ser eu-outro nos dias abertos, mesmo na paisagem fechada de chuva. Não sei ser assim silencioso, cadenciado nos equilibrios instáveis de uma regra estrangeira, hábito bárbaro porque não o meu, porque não acariciado pelo coração.
Nas poucas alturas que encontro a paz de saber isto, vejo que nunca conseguirei fingir, resistir sempre à dor imposta, fingir o sorriso artificial. Eu sou para sempre aquele que mostra quem é e que mostra o que sente. Vem a mim se queres a verdade dos meus sentimentos, pois a minha alma não é um reflexo do meu ser, mas o oposto e para toda a eternidade da minha vida.
quarta-feira, novembro 24, 2004
Loucura Espacial
«Quem é que escreveu aquilo na Estrela da Morte?»
«Eu não tenho asma, é o maldito ar condicionado aqui dentro!»
«Então, viste a Quinta ontem?»
«Aquela Mónica é uma fingida».
«Eu tenho é voz grossa desde miúdo. Deslarguem-me!»
»Deixa cá ver... 797 699 800... QCV... 2»
segunda-feira, novembro 22, 2004
Lembra-te sempre de mim
Tenho medo...
Mundos e horizontes...
Medo de quem sou.
Medo do que pode ser.
Medo de não ter medo...
Ao menos nos possamos perdoar,
sem nos esquecermos do que o outro realmente é.
Mundos e horizontes...
Medo de quem sou.
Medo do que pode ser.
Medo de não ter medo...
Ao menos nos possamos perdoar,
sem nos esquecermos do que o outro realmente é.
sábado, novembro 20, 2004
Nas margens do Rio-Vida
Somos nós,
estrelas da manhã,
presas nas margens frias
deste rio-vida.
Caídas de um céu,
que a existir,
seria outro céu,
outro pesadelo,
mais frio e sem vida.
Somos nós,
estrelas da tarde,
escondidas da vida,
fechadas entre margens,
quando tudo acontece.
Caídas de uma noite,
que a existir,
seria outra noite,
outra paz,
mais intensa e sincera.
Somos nós,
estrelas da noite,
sem vontade de ascensão,
vendo em deslumbramento,
a água que corre.
sexta-feira, novembro 19, 2004
Black Widow
«She ain't no good, I can tell you that much...»
O nightclub estava cheio de fumo anil, circulos imensos saindo dos cigarros, seguros pela ponta dos dedos.
O seu corpo esguio insinuava-se no vermelho do cetim.
Movimentos de cobra, no cruzar das pernas.
«Can I buy you a drink?»
«Sure» - with a slow New Jersey accent.
«Don't I know you from some place before?».
«Everyone knows me from some place before, darling».
Pelos corredores sujos do Pine Resort Motel, a noite cai como estrelas no mar revolto, fazendo nascer os brilhos de mistério na superficie da água.
«What did you say your name was?»
«Which one...» - lançando fumo na cara dele com um sorriso - «...do you like the most?»
O nightclub estava cheio de fumo anil, circulos imensos saindo dos cigarros, seguros pela ponta dos dedos.
O seu corpo esguio insinuava-se no vermelho do cetim.
Movimentos de cobra, no cruzar das pernas.
«Can I buy you a drink?»
«Sure» - with a slow New Jersey accent.
«Don't I know you from some place before?».
«Everyone knows me from some place before, darling».
Pelos corredores sujos do Pine Resort Motel, a noite cai como estrelas no mar revolto, fazendo nascer os brilhos de mistério na superficie da água.
«What did you say your name was?»
«Which one...» - lançando fumo na cara dele com um sorriso - «...do you like the most?»
quarta-feira, novembro 17, 2004
Dry.
terça-feira, novembro 16, 2004
Hunting Bears
«Porque vens por aqui, fraco, cadenciado?»
«É a minha floresta. Eu pertenço aqui».
«Não, tu não pertences a lado nenhum».
Diálogo sem palavras, feito de olhares fixos.
Feito de passos por dar.
«Eu pertenço aqui».
Eu pertenço a estes lanços sem caminho.
- Crómio -
A estas pedras escondidas,
a este solo castanho escuro.
- Húmus -
Rebentos de sangue nascem em mim
para deltas infinitos depois das montanhas
banharem os pés a princesas surdas
que dançam o movimento das serpentes.
«Eu pertenço aqui».
Ventos sopram do meu desespero
para alimentar moinhos de tentativa
que alternam os suspiros de quem
espera eternamente o regresso da guerra.
Eu sou o animal escondido,
o animal encurralado.
Sou a presa e o predador,
no momento necessário da morte.
Sou o arrependimento e a boca suja de ossos.
- Os dedos grossos do contabilista -
Horror.
Há algo de especial em mim, ao menos não o ser.
Não ser o eleito e carregar na vida essa cruz,
transparente,
a uma Las Vegas sem saída,
nos cruzamentos espuma das ondas.
«Vem. Entra».
«Eu não preciso da tua autorização. Mas tu da minha».
Quantos corços mataste com os teus dentes,
nas noites perdidas na perseguição do seu cheiro que desaparecia?
Quantas noites estiveste acordado,
no sonho de espinhos das recordações?
Quantas pessoas inquiriste no olhar pelo caminho de casa?
Quantos dias perdeste,
sabendo que os perdias
e nisso fizeste a sua celebração satânica,
porque nada valia a pena,
nem mesmo o absurdo de perder?
«Sai. Sai da minha floresta verde, floresta azul...»
Não quero aqui quem não seja meu irmão no canto soturno,
nas alegrias mundanas de ver o sol.
Não quero aqui,
não quero,
aqueles poucos feitos muitos,
pés sem hesitação,
olhos sem vazio,
gestos sem brevidade inesperada.
Em cima dos ramos soergue-se a matinal vitalidade de morrer lentamente num suspiro.
Sofro em mim calamidades nas gotas do ribeiro selvagem,
bebe o castanho das copas o anil das flores a nascer.
«Sai da minha floresta, humanidade».
«Eu sou a terra e o silêncio».
sexta-feira, novembro 12, 2004
Bambang faz bang como predisang... er... dant, dent
Susilo Bambang Yudhoyono, recém-eleito presidente da Indonésia e - porque não dizê-lo com toda a frontalidade - presidente fetiche aqui do blog, está com dificuldades em lidar com o Parlamento da Indonésia, onde facções contrárias se degladiam pelo poder.
Eu não sei como serão os deputados lá do sitio, mas eu não me metia na frente de um general chamado Bambang. É capaz, eventualmente, talvez, de descambar em violência, carros virados nas ruas, policia de choque, torturas, enfim, o habitual processo democrático Indonésio.
quinta-feira, novembro 11, 2004
And if I never
Quem te mandou desejar?
O corpo metálico recolhe as rodas e lança-se no ar, pelo meio das nuvens de chuva. Mas tudo é sempre nunvens de chuva. O nevoeiro abandona-se aos meus olhos, turva a respiração e bloqueia a esperança de um céu claro.
Lembro-me do cheiro deste sítio a outro tempo.
Era um cheiro claro, definitivamente azul escuro, ou castanho claro. Dependia dos dias de vento. Ontem o vento soprava outra vez, furioso. E eu pensava quieto na minha cama de inquietações. Para quando um rascunho de paz, uma visão feliz?
O corpo metálico escurece a atravessar a chuva condensada. Todos estamos sentados em silêncio nesta viagem triste, cabisbaixos a olhar pelas janelas, protegidos pela pressão da morte lá fora. Mas a viagem nunca termina, sempre a subir, com o barulho surdo dos motores em propulsão máxima, rotores a 60º graus, a loucura a subir, a febre em flaps abertos...
Esta é a terra dos sonhos, depois das nuvens está outra vida mais perto do sol.
O corpo metálico adormece no seu esforço demasiado, até para uma máquina astral, desaparecendo para sempre dos radares dos mortais. Os peitos levantam-se e flutuam dos cintos de segurança, perante os olhares espantados. Os motores calam-se e o corpo metálico sucumbe à falta de atmosfera.
Vê mais além. Deixámos finalmente as nuvens para trás, mas agora é um imenso campo negro pejado de estrelas, como lilases, estrelas como flores selvagens...
terça-feira, novembro 09, 2004
Wash all over me
segunda-feira, novembro 08, 2004
Apesar dos teus olhos um vazio
Uma criança chega-se a mim quando eu estou a escrever.
Os seus olhos azuis questionam-se porque eu estou sentado, debruçado a escrever, quando tudo em minha volta se movimenta.
Eu sorrio.
Ela sorri e vai-se embora.
Poderia ela compreender o que eu escrevia?
Agora que me lembro, vou buscar a folha de papel que escrevia.
Que diz assim:
"O Rio-Mar chapas metálicas de prata, agitadas pelo vento. Sol lânguido a deitar-se ladeado por margens, no leito frio de pólvora de um rio que lava a memória dos mortos. Não resta nada do que havia antes. a paisagem é demsadio grande, demasiado intensa. os olhos não percebem o significado em todas as coisas, quando as coisas não têm significado. Doi-me o pulso... doi-me o pulso e doi-me a alma no pulso e o pulso na alma. Transversas, caem pequenas lágrimas do céu. É que, vês, eu não consigo chorar. O céu chora as lágrimas que eu nunca vou ter tão intensas e honestas. Eu sou aquele menino que fica parado a olhar... palavras borradas... palavras borradas... papel manchado... chove dentro de mim. Chove fora de mim. Chove. Chove. Chove eternamente e é tudo demasiado grande. Tudo demasiado, sempre demasiado..."
Vês pequena, apesar dos teus olhos um vazio?
Os seus olhos azuis questionam-se porque eu estou sentado, debruçado a escrever, quando tudo em minha volta se movimenta.
Eu sorrio.
Ela sorri e vai-se embora.
Poderia ela compreender o que eu escrevia?
Agora que me lembro, vou buscar a folha de papel que escrevia.
Que diz assim:
"O Rio-Mar chapas metálicas de prata, agitadas pelo vento. Sol lânguido a deitar-se ladeado por margens, no leito frio de pólvora de um rio que lava a memória dos mortos. Não resta nada do que havia antes. a paisagem é demsadio grande, demasiado intensa. os olhos não percebem o significado em todas as coisas, quando as coisas não têm significado. Doi-me o pulso... doi-me o pulso e doi-me a alma no pulso e o pulso na alma. Transversas, caem pequenas lágrimas do céu. É que, vês, eu não consigo chorar. O céu chora as lágrimas que eu nunca vou ter tão intensas e honestas. Eu sou aquele menino que fica parado a olhar... palavras borradas... palavras borradas... papel manchado... chove dentro de mim. Chove fora de mim. Chove. Chove. Chove eternamente e é tudo demasiado grande. Tudo demasiado, sempre demasiado..."
Vês pequena, apesar dos teus olhos um vazio?
sexta-feira, novembro 05, 2004
A cidade turqueza no céu
«No céu?»
«Sim, meu filho. No céu».