sexta-feira, novembro 26, 2004
Sinto falta do futuro
Sinto falta dos momentos em que podia escrever no comboio. Dos momentos em que era possuido pela vontade inexorável de escrever, mesmo se mergulhado na tristeza. Esse mistério, por muito doloroso, é um mistério que me faz igual à natureza, irmão no sofrimento e no que há de belo na contemplação de jade dos seus segredos.
Sinto falta de me perder no labirinto de mim mesmo, vezes sem fim, sem que me perguntem porque não tenho um caminho, quando tudo o que é caminho é estar verdadeiramente perdido. Pior é estar perdido sem o estar, na consciência plena de o caminho se ter perdido em mim, em vez de eu nele, e isso me perseguir e perturbar, todas as horas, num horror pacífico e pleno, como uma febre sem calor.
Sinto falta de ser eu no silêncio anónimo das viagens, em que nenhuma cara me era familiar, para poder ser eu-outro nos dias abertos, mesmo na paisagem fechada de chuva. Não sei ser assim silencioso, cadenciado nos equilibrios instáveis de uma regra estrangeira, hábito bárbaro porque não o meu, porque não acariciado pelo coração.
Nas poucas alturas que encontro a paz de saber isto, vejo que nunca conseguirei fingir, resistir sempre à dor imposta, fingir o sorriso artificial. Eu sou para sempre aquele que mostra quem é e que mostra o que sente. Vem a mim se queres a verdade dos meus sentimentos, pois a minha alma não é um reflexo do meu ser, mas o oposto e para toda a eternidade da minha vida.
Sinto falta de me perder no labirinto de mim mesmo, vezes sem fim, sem que me perguntem porque não tenho um caminho, quando tudo o que é caminho é estar verdadeiramente perdido. Pior é estar perdido sem o estar, na consciência plena de o caminho se ter perdido em mim, em vez de eu nele, e isso me perseguir e perturbar, todas as horas, num horror pacífico e pleno, como uma febre sem calor.
Sinto falta de ser eu no silêncio anónimo das viagens, em que nenhuma cara me era familiar, para poder ser eu-outro nos dias abertos, mesmo na paisagem fechada de chuva. Não sei ser assim silencioso, cadenciado nos equilibrios instáveis de uma regra estrangeira, hábito bárbaro porque não o meu, porque não acariciado pelo coração.
Nas poucas alturas que encontro a paz de saber isto, vejo que nunca conseguirei fingir, resistir sempre à dor imposta, fingir o sorriso artificial. Eu sou para sempre aquele que mostra quem é e que mostra o que sente. Vem a mim se queres a verdade dos meus sentimentos, pois a minha alma não é um reflexo do meu ser, mas o oposto e para toda a eternidade da minha vida.
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