quarta-feira, abril 26, 2006
Fórmula MPV
Em 2014, perante audiências cada vez menores, a Fórmula 1 sofre uma transformação radical. Tipo um extreme makeover, com implante de queixo, operação ao nariz e placas Da Vinci para os dentes e tudo.
Morre a Fórmula 1 e nasce a Fórmula MPV.
Fartos de ver gajos ricos e magrinhos darem 90 voltas a uma pista sem trânsito, com carros potentes e 35 pessoas para lhes mudarem os pneus e encher o depósito de super 98, o people em casa pode agora ver um conceito radical de condução.
Qual rally, qual 24 horas de Le Mans! Na busca pela prova de condução mais dificil do mundo, os especialistas concordaram que teria obrigatoriamente de ser uma prova com carrinhas familiares, mas com a familia toda lá dentro, cão e sogra incluídos para pontos bónus, em volta de uma pista, mas com trânsito real no sentido contrário.
Vamos acompanhar a primeira prova, o Grand Prix MPV da Malásia, ao lado da familia Martins, representantes nacionais.
João Martins, vendedor de seguros, 49 anos, conduz. Co-piloto é a sua mulher, Sandra Martins, 45 anos, dona de casa. No banco de trás, os dois filhos, Suzete e Roberto, de 11 e 8 anos respectivamente.
A partida é à Le Mans, mas de uma área residencial perto do autódromo. As familias têm de pôr as merendas e o equipamento de campismo dentro do carro e só depois acelerar para a primeira volta. Todos os pilotos têm de vestir calções e sapatos de vela sem meias. Os co-pilotos, cores terra, leves e as crianças, cores coloridas e de preferência com flores.
João: «Esta é nossa!»
Sandra: «Ouve lá, trouxeste a minha mãe?»
João: «A tua mãe pesa 102kg, se formos penalizados, temos só de ganhar por 10 segundos...»
Sandra: «Estás a fazer contas com a minha mãe...?»
João: «Cala-te. Suzete queres ir à casa-de-banho».
Suzete: «Não».
João: «Tens a certeza??»
Suzete: «Sim!».
João: «OK! Agarrem nas coisas, está quase...».
(SOM DE PARTIDA)
(Correm todos para dentro do carro com as coisas e fecham as portas)
Suzete: «Pai, tenho de ir à casa-de-banho!»
João: «Vais na 14.ª volta, quando o papá trocar de pneus».
Roberto: «Mijona!»
Suzete: «PAIIII!!!!»
João: (a entrar no circuito) «Agora calem-se! É a primeira curva».
Sandra: «Ai. As sardinhas cairam do tupperware!»
João: (ao rádio) «Box, estamos com problemas, azeite em cima do tablier e menina com VICB»
(páram na Box)
(um mecânico limpa o tablier enquanto outro agarra na Suzete e leva-a à casa-de-banho)
(o público está louco, assobia e bate palmas)
(pára outra carrinha na Box ao lado)
João: «Olha é o Schumacker, com a Ferrari de 8 lugares, Uhau...»
Sandra: «Schummi! Tens azeite a mais?»
Schummi: «Nein! Nein!»
Sandra: «Tem 9! Anda lá João, temos de lá ir buscar algum!»
João: «Robby vai lá e mete-lhe este chouriço no tubo de escape...»
Sandra: «João, o que é que estás a fazer!? O chouriço bom não! Leva esta morçela!»
(passados 3km o carro do Schumacker explode, espalhando morcela pelos espectadores da bancada principal, que, pensando ter apanhado com bocados da familia Schumacker, gritam e fogem em pànico)
Os Matrins acabam num respeitável 3.º lugar, devido à economia da sua 1600 diesel.
Restam ainda 10 provas e há muito campeonato pela frente.
quinta-feira, abril 20, 2006
Ontem, o diário que não possuo, pela noite, apertei-o forte ao peito que hesitava.
"Não consigo dormir. Tenho de pensar em alguma coisa, alguma coisa que me faça dormir. Ou então aproveitar este tempo agora, este tempo de silêncio, no meio da escuridão. Está tudo tão calado meu Deus... um silêncio tão profundo, tão completo, sem presenças ou conjecturas.
Quando eu era miúdo eu brincava aqui em toda a volta da nossa casa. Não sei porque me lembrei disto agora. Será porque tenho medo de me esquecer? Um dia vou-me esquecer e agora é o momento ideal, porque talvez mais tarde não haja memória para um livro, um apontamento qualquer num papel perdido. Lembro-me agora. De brincar no terreno em frente da escola, de jogar baseball com bocados de madeira e às guerras nos pequenos montes que faziam a fronteira dos terrenos. O campo estava cheio de pedras e eu sentia as pontas quando corria. Havia relva depois de chover e lama. Uma Oliveira ao lado, antes de chegarmos à escola. Tiraram tudo quando eu não estava cá.
Mais perto da minha casa havia um conjunto de pedras enormes, que, num labirinto, faziam para o meu prazer, um conjunto de painéis de controlo de uma nave espacial. Não em lembro se era sempre eu que comandava, mas acho que sim. Sei que trocávamos de postos, que dávamos ordens uns aos outros.
Em certos dias do ano eu perseguia formigas de asas pela escarpa que hoje está tapada por um edificio de apartamentos, e que levava a um grau mais alto, que dava para ver cá para baixo, para a minha casa. Pelo caminho cortávamos canas e partiamos ervas altas e cheirava-se um cheiro forte a quimicos naturais, como se a natureza gritasse contra a nossa selvajaria inocente.
Um homem vivia ao lado da escola numa casa velha, com um muro alto e tinhamos medo dele e dos movimentos lentos do seu corpo na sua horta meio escondida. Por detrás da escola foi onde enterrámos o meu primeiro gato e eu chorei nessa noite, na minha cama, sozinho pela primeira vez, a morte. O ódio a quem o matou, ainda o sinto, forte.
Uam rua acima da escola havia um terreno plano, mas que descia levemente. Nele jogávamos futebol, todos juntos. Um dia estava a chover e caiu um relâmpago poucos metros acima de nós, ou mesmo ao lado, não sei. Sei que o estrondo foi gigantesco e que - sem palavras - fugimos todos a correr assustados para casa.
Mais acima, na mesma rua, estavam as oficinas. Nunca lá iamos, mas sabiamos que elas estavam lá. Sujas e com cheiro a óleo.
Depois da garagem da casa do meu melhor amigo na altura, estava o cemitério dos carros. Dois ou três carcaças, ainda com bancos e volantes, mas pouco mais. As molas saiam dos bancos e os volantes eram só quase ferro. Mas nós iamos para lá fingir que conduziamos os automóveis, em viagens alucinadas, não sei bem onde. Tenho a sensação que eu comandava tudo isto, mas também não me lembro bem se era mesmo assim.
Nos dias que ia treinar para o clube, fins de semana frios, cheirava os bolos acabados de fazer, na fábrica duas ruas antes. Ás vezes comiamos os bolos mesmo ali, saidos do forno. Havia uma pequena taberna, ou loja, no caminho, com o meu jogo de video preferido, o Kung Fu Master e rapazes mais velhos metiam-se comigo quando eu jogava, por eu não conseguir passar sempre do mesmo nível.
Um dia fiz uma defesa impossivel - eu jogava sempre à baliza - mas o meu pai não viu, estava longe, com os amigos dele. Sinto agora, como senti então, um resticio de desprezo pela atitude dele, pela sua falta de tacto e atenção. Outra vez puseranm-me ao ataque e eu fintei o melhor jogador da outra equipa, sem querer. Metia a mão à bola involuntariamente, porque não queria ser atacante, mas guarda redes.
Ao pé do cemitério, o terreno abandonado servia no tempo dos torneios como campo de futebol. Era mesmo ao lado do bairro dos pretos, mas isso não tinha nenhum significado, como tem agora para os adultos. Iamos para lá jogar e eu levava aquilo a sério, mas menos do que os treinadores. Um dia, num jogo oficial, uma bola passou mesmo ao pé do poste, estava eu à baliza, e eu não me fiz ao lance, porque sabia que não ia entrar. Chama-se golpe de vista e foi o mais perto que eu alguma vez me senti de Deus.
Era esta a minha infância. Isto e o cheiro a pão da outra fábrica aqui ao pé. A vivenda enorme do vizinho".
"Não consigo dormir. Tenho de pensar em alguma coisa, alguma coisa que me faça dormir. Ou então aproveitar este tempo agora, este tempo de silêncio, no meio da escuridão. Está tudo tão calado meu Deus... um silêncio tão profundo, tão completo, sem presenças ou conjecturas.
Quando eu era miúdo eu brincava aqui em toda a volta da nossa casa. Não sei porque me lembrei disto agora. Será porque tenho medo de me esquecer? Um dia vou-me esquecer e agora é o momento ideal, porque talvez mais tarde não haja memória para um livro, um apontamento qualquer num papel perdido. Lembro-me agora. De brincar no terreno em frente da escola, de jogar baseball com bocados de madeira e às guerras nos pequenos montes que faziam a fronteira dos terrenos. O campo estava cheio de pedras e eu sentia as pontas quando corria. Havia relva depois de chover e lama. Uma Oliveira ao lado, antes de chegarmos à escola. Tiraram tudo quando eu não estava cá.
Mais perto da minha casa havia um conjunto de pedras enormes, que, num labirinto, faziam para o meu prazer, um conjunto de painéis de controlo de uma nave espacial. Não em lembro se era sempre eu que comandava, mas acho que sim. Sei que trocávamos de postos, que dávamos ordens uns aos outros.
Em certos dias do ano eu perseguia formigas de asas pela escarpa que hoje está tapada por um edificio de apartamentos, e que levava a um grau mais alto, que dava para ver cá para baixo, para a minha casa. Pelo caminho cortávamos canas e partiamos ervas altas e cheirava-se um cheiro forte a quimicos naturais, como se a natureza gritasse contra a nossa selvajaria inocente.
Um homem vivia ao lado da escola numa casa velha, com um muro alto e tinhamos medo dele e dos movimentos lentos do seu corpo na sua horta meio escondida. Por detrás da escola foi onde enterrámos o meu primeiro gato e eu chorei nessa noite, na minha cama, sozinho pela primeira vez, a morte. O ódio a quem o matou, ainda o sinto, forte.
Uam rua acima da escola havia um terreno plano, mas que descia levemente. Nele jogávamos futebol, todos juntos. Um dia estava a chover e caiu um relâmpago poucos metros acima de nós, ou mesmo ao lado, não sei. Sei que o estrondo foi gigantesco e que - sem palavras - fugimos todos a correr assustados para casa.
Mais acima, na mesma rua, estavam as oficinas. Nunca lá iamos, mas sabiamos que elas estavam lá. Sujas e com cheiro a óleo.
Depois da garagem da casa do meu melhor amigo na altura, estava o cemitério dos carros. Dois ou três carcaças, ainda com bancos e volantes, mas pouco mais. As molas saiam dos bancos e os volantes eram só quase ferro. Mas nós iamos para lá fingir que conduziamos os automóveis, em viagens alucinadas, não sei bem onde. Tenho a sensação que eu comandava tudo isto, mas também não me lembro bem se era mesmo assim.
Nos dias que ia treinar para o clube, fins de semana frios, cheirava os bolos acabados de fazer, na fábrica duas ruas antes. Ás vezes comiamos os bolos mesmo ali, saidos do forno. Havia uma pequena taberna, ou loja, no caminho, com o meu jogo de video preferido, o Kung Fu Master e rapazes mais velhos metiam-se comigo quando eu jogava, por eu não conseguir passar sempre do mesmo nível.
Um dia fiz uma defesa impossivel - eu jogava sempre à baliza - mas o meu pai não viu, estava longe, com os amigos dele. Sinto agora, como senti então, um resticio de desprezo pela atitude dele, pela sua falta de tacto e atenção. Outra vez puseranm-me ao ataque e eu fintei o melhor jogador da outra equipa, sem querer. Metia a mão à bola involuntariamente, porque não queria ser atacante, mas guarda redes.
Ao pé do cemitério, o terreno abandonado servia no tempo dos torneios como campo de futebol. Era mesmo ao lado do bairro dos pretos, mas isso não tinha nenhum significado, como tem agora para os adultos. Iamos para lá jogar e eu levava aquilo a sério, mas menos do que os treinadores. Um dia, num jogo oficial, uma bola passou mesmo ao pé do poste, estava eu à baliza, e eu não me fiz ao lance, porque sabia que não ia entrar. Chama-se golpe de vista e foi o mais perto que eu alguma vez me senti de Deus.
Era esta a minha infância. Isto e o cheiro a pão da outra fábrica aqui ao pé. A vivenda enorme do vizinho".
quarta-feira, abril 19, 2006
Consulta na Caixa
Eu: (a pensar) "Hoje vou estar cool. Calma, é só uma consulta. Não abras a boca sem ser preciso".
(no fim da consulta)
Médica: "Então bom dia e as melhoras".
Eu: "Igualmente".
(no fim da consulta)
Médica: "Então bom dia e as melhoras".
Eu: "Igualmente".
sexta-feira, abril 14, 2006
The Ambiguously Gay Duo
quarta-feira, abril 12, 2006
Crianças Acariciadas - Jardim de Infância e Creche
A polémica estourou há coisa de 1 semana, quando em Chelas foi inaugurado um novo jardim de infância, chamado "Crianças Acariciadas".
Tivemos de ir lá e perguntar ao dono o que se passava.
Zero: «Você é o dono?»
Dono: «Sou».
Zero: «O que é que se passa?»
Dono: «Não se passa nada meu. Tá-se bem».
Zero: «Não, o que é que se passa com o Infantário?»
Dono: «Ah. O nome não é? Pois, andamos a receber queixas por causa disso, mas não vejo que seja coisa para tanto barulho...»
Zero: «É um Infantário... Crianças Acariciadas... foi erro da gráfica?»
Dono: «Não. Eu é que achei boa ideia. Que as crianças se sentissem acariciadas aqui... pelos vistos há pessoas que não gostam de crianças. Isso é horrivel!»
Zero: «Acarinhadas».
Dono: «Hum?»
Zero: «Não seria "Crianças Acarinhadas"?»
Dono: «Não estou a perceber...»
Zero: «O nome. Enganou-se e em vez de acarinhadas, pôs acariciadas».
Dono: «Hum...»
Zero: «Pois é, é tudo um terrivel engano. Ufa...»
Dono: «Então enganei-me é? Acarinhadas é que quer dizer tocar nas crianças?»
sábado, abril 08, 2006
Não há eu em Condomínio
Numa noite de princípio de Primavera, reunem-se, numa sala de um pequeno hotel, algumas pessoas para uma reunião de Condomínio de um grande prédio lisboeta. A reunião estava marcada para as 18h, mas ainda ninguém apareceu e são 18h20.
Presidente: «Pode ir entrando que ainda ninguém apareceu».
Condómino #1: «Er... ok».
Subitamente vão entrando pessoas, vizinhos que se vêem uma vez por ano. Depois de mais 20 minutos o presidente, ansioso, anuncia o milagroso quorum.
Presidente: «Já cá estão 8 pessoas, das 15.000 que moram no prédio. Vamos começar a reunião»
Condómino #1: (tosse)
Presidente: «O senhor tem alguma coisa a objectar???»
Condómino #1: (engasgado) «Não, não. Nada».
Presidente: «1.º ponto: queixas relativas à porteira do prédio»
Condómino #2: (a levantar o braço) «Eu tenho uma!»
Condómino #3: «EU TAMBÉM!»
Condómino #1: «Nós temos uma porteira?»
Presidente: «Caros vizinhos assim não pode ser. Não se respeitam e depois não são respeitados».
Condómino #2: «A porteira uma vez olhou de lado para pessoas da minha familia!»
Condómino #3: «Você acha que isso é mau? Ela uma vez passou por mim e nem disse bom dia. É escandaloso!»
Presidente: «Ela tem realmente um feitio especial».
Condómino #1: «Onde é que está a porteira, que eu nunca a vi?»
Passados 20 minutos ainda todos discutem sobre a porteira, mais propriamente sobre uma maneira de ela estar mais fácil de contactar.
Condómino #2: «Eu proponho um sistema qualquer que abane a cama da porteira, quando carregamos um botão no nosso apartamento».
Presidente: «Pois... já pensámos nisso, mas a empresa que faz isso faliu o mês passado e não é possivel».
Condómino #2: «Isso é que é pena...»
Condómino #3: «Então e um telefone?»
Presidente: «Telefone já temos, é aquele que abre a porta cá em baixo»
Membro da mesa: «Eu comunico com a porteira, dou 3 toques e ela sabe que sou eu!»
Condómino #2: «Isso é estúpido. Deviamos é dar-lhe um walkie-talkie».
Condómino #3: «Damos-lhe uma lanterna e comunicamos das janelas à noite!»
Presidente: «Já pensámis nisso, mas a empresa que fornece as lanternas faliu»
Condómino #1: «E isso não interfere com os aviões que passma aqui?»
Presidente: «Meu caro senhor, temos seguro contra colisões de aeronaves, não vejo como isso pode ser um problema».
Condómino #1: «Peço desculpa. Não vim o ano passado à reunião».
Presidente: «Pessoas como o senhor metem-me nojo. Devia deixá-lo às escuras...»
Condómino #1: «E se cai um avião ao mesmo tempo em cima da seguradora?»
A discussão continua, agora com o importante ponto da entrada da garagem.
Presidente: «Há pessoas, que nem merecem ser humanas, que deixam o carro a pisar o risco das marcações dos lugares na garagem».
Condómino #1: «Não estará a exagerar, é só pisar o risco»
Presidente: «O senhor tem um volvo vermelho?»
Condómino #1: «Eu... er... não, nem tenho carta».
Condómino #2: «E a rampa? Eu às vezes vou a entrar e um tipo vai a sair ao mesmo tempo e eu entro em pànico e não sei o que fazer!»
Presidente: «Quem tem sugestões?»
Condómino #3: «Podiam sair uns picos na rampa para impedir os carros de descer...»
Condómino #2: «Parece-me bem, isso dos picos».
Presidente: «A empresa que faz os picos faliu em Janeiro».
Condómino #1: «Eu como não tenho carta, proponho que transformemos a garagem num court de Squash».
(silêncio)
Presidente: «Isto já vai demorado. Temos ainda que resolver o problema dos pombos meus senhores...»
Condómino #1: «Podiamos por um sistema de arames nas varandas...»
Presidente: «Meus senhores, sejamos razoáveis, eu venho aqui e nem recebo nada mas tenho que ouvir sugestões razoáveis, não sonhos utópicos de arames em varandas...»
Condómino #3: «E se treinássemos a porteira como falcoeira para caçar os pombos, como no Aeroporto de Lisboa?»
Presidente: «Todos a favor? Muito bem. Aprovado por unanimidade!»
Já são 9 horas da noite e a reunião está a acabar. Depois de aprovarem uma proposta de tirar um elevador e pôr no seu lugar um poste "como aqueles dos Bombeiros", resta apenas um ponto na ordem.
Presidente: «Caros vizinhos, recebi uma carta de um senhor que não vou dizer quem é, mas mora no 4.º C e chama-se Carlos Azevedo Martins, escreveu-me uma carta a reclamar que eu roubo dinheiro do Condomínio para ir com a minha mulher a Maiorca».
Condómino #1: «Maiorca ahm...?»
Presidente: «Esse senhor que não merece ser humano não veio hoje à reunião e é pena. Mas podem ver, na alinea 233.c.d. do orçamento que essa viagem a Maiorca foi para ver o sistema dos picos para a rampa da garagem».
Condómino #1: «Então mas a empresa não tinha falido?»
Presidente: «O senhor está a duvidar da minha seriedade? O senhor não merece ser humano!»
Condómino #1: «Calma lá. Estou só a pôr uma questão...»
Presidente: «É assim, quem fizer mais perguntas, passa a ser presidente do condominio para o ano que vem...»
Condómino #1: «Eu estou satisfeito».
Condómino #3: «Tenho de ir fazer o jantar».
Presidente: «Muito bem. Dou por encerrada a reunião!».
sexta-feira, abril 07, 2006
I knew it
Mas diz-me: quem te traiu?».
O Pregador olhou-o espantado e disse:
«Como sabes que fui traído?».
«Porque tens seguidores!» disse _____ laconicamente.
O Pregador pensou um instante e depois disse:
«Foi um dos meus discípulos que levou os pregos até mim.
Suponho que tinha de acontecer. E ele mesmo; talvez o tenha pescado por isso mesmo: pelo seu instinto de traição.».
--
_____ despediu-se do Pregador sorrindo e tentou achar o traidor. Não lhe foi difícil fazê-lo, pois ele estava na taverna e bebia e ria como se algo de bom lhe tivesse acontecido. E _____ aproximou-se e perguntou-lhe com voz alta no meio do barulho:
«És tu o traidor do Pregador? Bem vejo que sim.
Diz-me: por quanto o vendeste?».
«Trinta!
Mas foi mais do que esperava receber e por isso não hesitei.
Apesar de não precisar do dinheiro o mesmo não acontecia em relação à traição.
O Pregador sabia-me ávido de traições. E desconfio que foi por isso que me escolheu de entre tantos que ergueram a mão ao seu pedido. Pode aí adivinhar os seus intentos. Como não se deixaria de ver nesse acto um frio e calculado exercício de teatro?
Caí na sua armadilha e só espero a sua morte para a beber convenientemente pois já lhe pedi «o perdão», nada mais me resta fazer na sua charada!».
(in O Nule, 2000)
O Pregador olhou-o espantado e disse:
«Como sabes que fui traído?».
«Porque tens seguidores!» disse _____ laconicamente.
O Pregador pensou um instante e depois disse:
«Foi um dos meus discípulos que levou os pregos até mim.
Suponho que tinha de acontecer. E ele mesmo; talvez o tenha pescado por isso mesmo: pelo seu instinto de traição.».
--
_____ despediu-se do Pregador sorrindo e tentou achar o traidor. Não lhe foi difícil fazê-lo, pois ele estava na taverna e bebia e ria como se algo de bom lhe tivesse acontecido. E _____ aproximou-se e perguntou-lhe com voz alta no meio do barulho:
«És tu o traidor do Pregador? Bem vejo que sim.
Diz-me: por quanto o vendeste?».
«Trinta!
Mas foi mais do que esperava receber e por isso não hesitei.
Apesar de não precisar do dinheiro o mesmo não acontecia em relação à traição.
O Pregador sabia-me ávido de traições. E desconfio que foi por isso que me escolheu de entre tantos que ergueram a mão ao seu pedido. Pode aí adivinhar os seus intentos. Como não se deixaria de ver nesse acto um frio e calculado exercício de teatro?
Caí na sua armadilha e só espero a sua morte para a beber convenientemente pois já lhe pedi «o perdão», nada mais me resta fazer na sua charada!».
(in O Nule, 2000)
terça-feira, abril 04, 2006
Não copie, eMule
Agentes da PJ entram on-line no combate contra a pirataria de música, um autêntico flagelo em Portugal. O chefe de secção Armindo Pinto, 45 anos, 94kg, lidera a equipa que, às altas horas da madrugada infiltra o eMule à paisana.
Bófia887: «RedStorm22, tens ficheiros musicais para partilhar comigo?»
RedStorm22: «What?»
AgenteInfiltrado21: «Olha que esse é inglês»
B: «Vou tentar outra vez. Desculpe RatoEsgoto44. Tem ficheiros músicais de natureza ilegal que queira compartilhar comigo?»
RatoEsgoto44: «O que andas à procura meu?»
B: «Tenho preferência por coisas ilegais e contra a lei»
R: «Hum... porque é que falas dessa maneira»
B: «Qual maneira? Que ideia caro co-utilizador deste programa de partilha de ficheiros»
R: «Falas de maneira esquisita»
B: «É de passar tanto tempo na policia. Então e esses ficheiros ilegais?»
R: «Policia? És da policia???»
B: «Police. Se tens ficheiros ilegais dos Police. Do Sting!»
«Your message can't be sent because RatoEsgoto is no longer online»
B: «Porra. Perdemos mais um»
Cops311: «Não desista chefe. Havemos de apanhar um hoje»
AnjoDoSenhor9: «Ouça jovem. Eu tenho um albúm dessa banda magnifica que são os Police»
B: «Ah é? E posso passar pela tua casa para ir buscar?»
A: «Casa? Er... não queres fazer o descarregamento pela Internet irmão?»
B: «Podia, sim. Mas dá-me a tua morada, só para o caso do descarregamento falhar...»
A: «Muito bem. É Convento Das Irmãs da Piedade, Rua do Convento 33 em Lisboa»
B: «AH! AH! FORAM APANHADOS! ESTÃO PRESOS! EU SOU DA PJ!»
«Your message can't be sent because AnjoDoSenhor9 is no longer online»
C: «Boa chefe»
B: «Manda umas unidades ao tal convento. E eles que levem uns cães, que é capaz de ser preciso força para apanhar aqueles delinquentes!»
domingo, abril 02, 2006
Eu não sou maricas, só não me quero engasgar
Anda por ai uma trend preocupante no mundo do Jogging (Jogg para os entendidos), que é mais particularmente a popularidade das garrafas de água "Sport", com aquela tampinha maricas, que não deixa beber nada de uma vez.
Com o intuito de informar e descobrir o que se passa, entrevistámos dois Joggers de renome. Primeiro falámos com Luis Monteiro, bi-campeão do bairro dele de Jogging. Luis, ou L-man como gosta de ser tratado, diz-se um Jogger sub-6 minutos aos 3km e "demasiado bom para ir à meia-maratona da EDP".
(nota: o recorde mundial dos 3km é 7:20.67 do Queniano Daniel Komen)
Zero: «Luis, a pergunta que todos querem saber: porquê beber Luso Sport?»
Luis: «L-man»
Zero: «Quê?»
Luis: «L-man, chame-me L-man, toda a gente me chama L-man»
Zero: «Como a maionese».
L-man: «Hum?»
Zero: «Nada. Responda lá!»
L-man: «Foi um dia no ginásio. Eu depois de ir à passadeira, ia beber água da garrafa de 1 litro e um homem deu-me uma Luso Sport».
Zero: «Um homem, depois da passadeira?»
L-man: «Sim. Disse-me que era mais fácil por ali, pelo biquinho».
Zero: «Hum...»
L-man: «Sabe que 2 em cada 5 joggers se engasgam a beber água?»
Zero: «Não sabia. Será porque são brutos a beber e querem beber muito de uma vez?»
L-man: «Não. É do bico da garrafa»
Era evidente que L-man era um devoto das Luso Sport, ou Luso Junior, ou Nestle Aquarel... Seria da idade? Fomos à procura de um jogger mais jovem e encontrámos um encostado a uma parede a fazer alongamentos, ali em Belém. Chama-se Cajó e tem 19 anos.
Cajó: «Eu quero começar por dizer que não sou maricas! Eu não me quero é engasgar!»
Zero: «Mas tem noção que essa garrafa é maricas?»
Cajó: «Mais ou menos»
Zero: «As calças de licra também não ajudam... e a camisolinha apertada...»
Cajó: «É para a pele respirar melhor!»
Zero: «Pois sim. E o cabelo com gel? É para a aerodinámica? Você nem está suado. Confesse lá, você vem é para aqui a ver se engata joggers!»
Cajó: «Pedras e paus podem-me aleijar, mas os insultos ficam com quem os faz»
Zero: «Quem cala consente»
Cajó: «Vai-te lixar, repórter da treta»
Zero: «Jogger maricas»
Com o intuito de informar e descobrir o que se passa, entrevistámos dois Joggers de renome. Primeiro falámos com Luis Monteiro, bi-campeão do bairro dele de Jogging. Luis, ou L-man como gosta de ser tratado, diz-se um Jogger sub-6 minutos aos 3km e "demasiado bom para ir à meia-maratona da EDP".
(nota: o recorde mundial dos 3km é 7:20.67 do Queniano Daniel Komen)
Zero: «Luis, a pergunta que todos querem saber: porquê beber Luso Sport?»
Luis: «L-man»
Zero: «Quê?»
Luis: «L-man, chame-me L-man, toda a gente me chama L-man»
Zero: «Como a maionese».
L-man: «Hum?»
Zero: «Nada. Responda lá!»
L-man: «Foi um dia no ginásio. Eu depois de ir à passadeira, ia beber água da garrafa de 1 litro e um homem deu-me uma Luso Sport».
Zero: «Um homem, depois da passadeira?»
L-man: «Sim. Disse-me que era mais fácil por ali, pelo biquinho».
Zero: «Hum...»
L-man: «Sabe que 2 em cada 5 joggers se engasgam a beber água?»
Zero: «Não sabia. Será porque são brutos a beber e querem beber muito de uma vez?»
L-man: «Não. É do bico da garrafa»
Era evidente que L-man era um devoto das Luso Sport, ou Luso Junior, ou Nestle Aquarel... Seria da idade? Fomos à procura de um jogger mais jovem e encontrámos um encostado a uma parede a fazer alongamentos, ali em Belém. Chama-se Cajó e tem 19 anos.
Cajó: «Eu quero começar por dizer que não sou maricas! Eu não me quero é engasgar!»
Zero: «Mas tem noção que essa garrafa é maricas?»
Cajó: «Mais ou menos»
Zero: «As calças de licra também não ajudam... e a camisolinha apertada...»
Cajó: «É para a pele respirar melhor!»
Zero: «Pois sim. E o cabelo com gel? É para a aerodinámica? Você nem está suado. Confesse lá, você vem é para aqui a ver se engata joggers!»
Cajó: «Pedras e paus podem-me aleijar, mas os insultos ficam com quem os faz»
Zero: «Quem cala consente»
Cajó: «Vai-te lixar, repórter da treta»
Zero: «Jogger maricas»