sexta-feira, abril 07, 2006
I knew it
Mas diz-me: quem te traiu?».
O Pregador olhou-o espantado e disse:
«Como sabes que fui traído?».
«Porque tens seguidores!» disse _____ laconicamente.
O Pregador pensou um instante e depois disse:
«Foi um dos meus discípulos que levou os pregos até mim.
Suponho que tinha de acontecer. E ele mesmo; talvez o tenha pescado por isso mesmo: pelo seu instinto de traição.».
--
_____ despediu-se do Pregador sorrindo e tentou achar o traidor. Não lhe foi difícil fazê-lo, pois ele estava na taverna e bebia e ria como se algo de bom lhe tivesse acontecido. E _____ aproximou-se e perguntou-lhe com voz alta no meio do barulho:
«És tu o traidor do Pregador? Bem vejo que sim.
Diz-me: por quanto o vendeste?».
«Trinta!
Mas foi mais do que esperava receber e por isso não hesitei.
Apesar de não precisar do dinheiro o mesmo não acontecia em relação à traição.
O Pregador sabia-me ávido de traições. E desconfio que foi por isso que me escolheu de entre tantos que ergueram a mão ao seu pedido. Pode aí adivinhar os seus intentos. Como não se deixaria de ver nesse acto um frio e calculado exercício de teatro?
Caí na sua armadilha e só espero a sua morte para a beber convenientemente pois já lhe pedi «o perdão», nada mais me resta fazer na sua charada!».
(in O Nule, 2000)
O Pregador olhou-o espantado e disse:
«Como sabes que fui traído?».
«Porque tens seguidores!» disse _____ laconicamente.
O Pregador pensou um instante e depois disse:
«Foi um dos meus discípulos que levou os pregos até mim.
Suponho que tinha de acontecer. E ele mesmo; talvez o tenha pescado por isso mesmo: pelo seu instinto de traição.».
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_____ despediu-se do Pregador sorrindo e tentou achar o traidor. Não lhe foi difícil fazê-lo, pois ele estava na taverna e bebia e ria como se algo de bom lhe tivesse acontecido. E _____ aproximou-se e perguntou-lhe com voz alta no meio do barulho:
«És tu o traidor do Pregador? Bem vejo que sim.
Diz-me: por quanto o vendeste?».
«Trinta!
Mas foi mais do que esperava receber e por isso não hesitei.
Apesar de não precisar do dinheiro o mesmo não acontecia em relação à traição.
O Pregador sabia-me ávido de traições. E desconfio que foi por isso que me escolheu de entre tantos que ergueram a mão ao seu pedido. Pode aí adivinhar os seus intentos. Como não se deixaria de ver nesse acto um frio e calculado exercício de teatro?
Caí na sua armadilha e só espero a sua morte para a beber convenientemente pois já lhe pedi «o perdão», nada mais me resta fazer na sua charada!».
(in O Nule, 2000)
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