domingo, setembro 05, 2010
As verdadeiras vítimas do caso Casa Pia
Com todo o rebuliço em volta da Casa Pia, o Zero tentou lançar armas de contactos guardados há muito nas suas gavetas, para tentar entrevistar Carlos Cruz ou Carlos Silvino, ou aquela senhora estranha que anda sempre de lenço. Mas não conseguimos, porque somos um blog pequenito, e não pertencemos aos "media". Por isso entrevistámos os escriturários do tribunal. É melhor do que nada.
Zero: «Olá. O senhor é escriturário do tribunal, certo?»
Escriturário: «Certo. Quer que ponha isso por escrito?»
Z: «Er... não, deixe estar. Olhe, podemos falar um bocado sobre o... hey, o que está a escrever?»
E: «Ah, é o meu diário. Não ligue»
Z: «Ok... falemos sobre a Casa Pia. Como é que viu o processo por dentro?»
E: (a murmurar enquanto escreve) «E o homem com cabelos grisalhos curtos perguntou-me com os seus olhos profundos e doces, como era o processo por dentro...»
Z: «Ai.... então, e o processo?»
E: «Olhe, o processo por dentro. Como é que eu hei-de dizer. Vi com muita dificuldade»
Z: «Hum?»
E: «São muitas folhas. Já tenho 12 anos de serviço e os olhos já não são o que eram»
Z: «Não, era... o coi... esqueça. Fale um bocadinho sobre o caso. Viu o Carlos Cruz?»
E: (a murmurar) «Agora perguntou-me sobre o Carlos Cruz. Mas acho que é só uma maneira de ele fazer conversa. Há alguma química entre nós»
Z: «Química? Ouça lá, não escreva isso!»
E: «O Carlos Cruz é muito simpático. Mas fala muito rápido e torna-se difícil de escrever o que ele diz»
Z: «E acha que ele é culpado?»
E: (a murmurar) «Agora perguntou-me se ele era culpado. Mas eu não sei nada de leis. Será que ele está mesmo a desconversar. Ai, gostava tanto de lhe passar as mãos pelo cabelo curto!?»
Z: «Ai, ai, ai... ouça lá amigo, isso... eu estou aqui não é, e está a escrever em voz alta, eu consigo ouvir tudo o que diz»
E: (como se não fosse nada com ele) «Sabe quem é que parece culpado, é aquele Serra Lopes. Aqueles óculos nunca me enganaram»
Z: «O Serra Lopes?»
E: «Nunca diz nada. Anda sempre calado com óculos. Muito estranho»
Z: «E o Carlos Cruz?»
E: «Isso eu não sei. Só escrevo o que se vai dizendo»
Z: «E depois não lê as coisas?»
E: «Eu gosto de deixar o trabalho em casa. Olhe, e você hoje o que vai fazer à noite?»
Z: «À noite?»
E: (a murmurar) «Ganhei coragem e perguntei-lhe o que ia fazer hoje à noite. Parece-me que as coisas estão a correr bem»
Z: «Não. Não estão a correr bem nada. Risque lá isso»
O repórter levanta-se e tenta arrancar o caderninho Hello Kitty do escriturário, mas não consegue, porque ele esconde-o dentro das calças.
E: «Anda apanhá-lo se queres mesmo!»
Z: «Deixe estar...»
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