segunda-feira, agosto 02, 2010

Um prédio alto

Imagino um prédio alto
Feito de rostos de pedra
Erguidos sumariamente
Sem que nenhum deles sonhasse
Sem que soubessem nada

Um prédio alto
Feito de caras a dormir
Movimento
Rápidos
Dos
Olhos

Subir e subir e subir
E entrar pelos sonhos dentro
Como quem penetra
Numa floresta selvagem
Queimado dos dedos
Sangrando dos braços

No alto mais alto
No santo dos santos
Sopra um vento horroroso
Ali encontram-se os continentes
E não há maneira de escaparmos
À sensação subtil do suicídio

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