quarta-feira, agosto 25, 2010





sexta-feira, agosto 13, 2010

Operação Stop. Hey, eu disse Stop! Hey, STOP. STOP!!!


Cena: uma operação Stop típica da GNR. Três agentes mais os respectivos caninos estão parados ao lado de uma estrada secundária numa sexta-feira à noite, à caça da mul... à caça dos condutores alcoolizados. Vamos ver mais de perto.

GNR #1: «Ó Tó, há quanto tempo estamos aqui pá. Nunca mais passa nenhum carro»
GNR #2: «Não trouxe o relógio»
GNR #3: «Devemos estar aqui há uns 10 minutos. Porque comi uma sande há 10 minutos e já não tenho sande e não tenho fome. 10 minutos, por aí»
GNR #1: «Tinhas uma sande e não disseste nada?»
GNR #3: «Olha, traz a tua própria sande. Sou tua mãe eu?»
GNR #2: «Shh! Shh! Vem aí uma viatura alcoolizada!»


À distância vê-se um Citroen Saxo todo kitado, cor lilás choque, com uma asa atrás, rebaixado, com jantes amarelas e luzes néon por baixo do carro.

Condutor: «Tamos lixados. É a bófia»
Passageiro: «Faz que não os vês pá. Põe os óculos!»
Condutor: «Os óculos? São 4 da manhã meu anormal!»
Passageiro: «Põe os óculos, assim eles não te vêem os olhos!»

O condutor do Saxo, muito por causa do pânico e pela má companhia lá põe os óculos para evitar o contacto visual com a bófi... com a GNR, mas ao pôr os respectivos, perde controlo da viatura e despista-se para dentro de uma vala, mesmo ao pé da operação Stop.

O GNR aproxima-se com um sorriso no rosto e bate a pala.

GNR #1: «Pois muitos boas noites! Está friozito não é!?»
Condutor: (ainda de óculos escuros) «Hum?»
Passageiro: (a sussurrar) «Não olhes para ele!»
GNR #2: «Hey, pede-lhe os docu...»
GNR #1: «Hey nada. Eu sei fazer o meu trabalho. Eu vou aí a dizer-te como se assopra no balão?»
GNR #2: «Er... não»
GNR #1: «Pois não. Então era os documentos do veículo fachavor.»

O condutor passa-lhe os documentos, sem olhar para ele.

GNR #1: «Pois muito bem... vamo lá a ver isto. Sim senhor, sim senhor. É o senhor Mesquita?»
Condutor: «Quem?»
GNR #2: «O senhor Mesquita. É o senhor?»
Condutor: «Ah, o Mesquita. Não, não sou eu.»
GNR #2: «Muito bem, muito bem»
Condutor: «Olhe sô guarda, queria desde já dizer-lhe que tenho uma arma no carro»
GNR #1: «Ah sim? Isso é grave»
Condutor: «Mas é uma arma legal, tenho os documentos para ela e tudo»
GNR #1: «Ah, então prontos. Tinha dito logo isso e não há problema. Que não se repita»
Passageiro: «Não olhes, não olhes!»
Condutor: «Não se repete sô guarda. De certeza»
GNR #1: «Hum? Ai não, então?»
Condutor: «É que eu tenho uma arma ilegal no carro também»
GNR #1: «Ai...»
GNR #2: «Precisas de ajuda Almeida?»
GNR #1: «Ai o Cara**, eu digo-te se precisas de ajudar a assoprar? Ai a mer** do gajo pá. Ouça lá Ò amigo, então não disse que não se ia repetir não me dizer as coisas, hum?»
Condutor: (a olhar para a frente) «Não se repetiu. Eu não tinha mais nenhuma arma legal»

O GNR ficou a pensar um bocado.

GNR #1: «Hum, muito bem, muito bem. Então está bem. Então e drogas?»
Condutor: «Já fumámos tudo. Sorry»
GNR #2: «Muito bem. Está muito bem. Sô Mesquita pode seguir então»

Condutor: «Ó sô guarda, dava era jeito um empurrãozito para sair da vala!»
GNR #1: «Martins! Vem aí com o teu colega do sopro empurrar o carro!»
GNR #3: «Ò Rolo, não podes deixar os gajos ir assim pá. Então têm uma arma ilegal e fumaram drogas e despistaram-se!?»
Condutor: «Foi dos óculos»
Passageiro: «Eu disse-lhe para não conduzir de óculos pá»
GNR #1: «Eles disseram que não se repetia... podíamos deixá-los ir»
GNR #3: «Tu és muito mole pá. Queres ser suspenso outra vez, como quando deixaste fugir aquele grupo de assaltantes que mandaste parar?»
GNR #1: «Epá, nem me lembres disso pá. Eles disseram que não repetiam e vão-me assaltar a aldeia a seguir a onde estávamos em operação Stop pá. É inacreditável»
GNR #3: «Vá. Tens de os deter para inveriguações»
GNR #1: «Fogo, isto custa. Ouçam lá, tenho mesmo de os deter e isso. Se fosse por mim, desde que não repetissem podiam ir, mas o meu colega é duro não deixa»
Condutor: «Ò sô guarda mais duro, o meu tio é GNR e tudo. Não nos dá uma abébia?»
GNR #3: «Eh pá. Já tinhas dito isso pá. Se o teu tio é da tropa podes seguir!»
GNR #2: (a fazer boquinha) «Hey, eles não sopram nem nada?»
GNR #3: «O tio do tipo é da tropa. Cala-te com isso que já me estás a fazer impressão»

Os três empurram o carro para a estrada e vêem-no seguir em altos berros de música africana e com as luzes a piscar em tons berrantes.

segunda-feira, agosto 02, 2010

Um prédio alto

Imagino um prédio alto
Feito de rostos de pedra
Erguidos sumariamente
Sem que nenhum deles sonhasse
Sem que soubessem nada

Um prédio alto
Feito de caras a dormir
Movimento
Rápidos
Dos
Olhos

Subir e subir e subir
E entrar pelos sonhos dentro
Como quem penetra
Numa floresta selvagem
Queimado dos dedos
Sangrando dos braços

No alto mais alto
No santo dos santos
Sopra um vento horroroso
Ali encontram-se os continentes
E não há maneira de escaparmos
À sensação subtil do suicídio

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