sábado, julho 24, 2010
Tecnologia de ponta na Linha de Sintra
Um tipo qualquer na China desenvolveu um método para os comboios gastarem menos tempo a parar nas estações, carregando vagões com pessoas lá dentro directamente em cima dos comboios. Claro que isso implicava uma cara implementação técnica, mas, como de costume, em Portugal as coisas têm de ser feitas com menos dinheiro. O Zero foi à Linha de Sintra para ver como estava a correr a experiência.
Há uma grande confusão há medida que o reporter se aproxima da estação do Cacém.
Zero: «Minha senhor... Olhe, o Senh... Hey!»
É difícil apanhar alguém, porque estão todos a correr de um lado para o outro em pânico. Mas, felizmente, o repórter consegue apanhar um velhote pelo braço que é demasiado frágil para conseguir fugir e encurrala-o com algumas perguntas.
Zero: «Velhote, o que é que se passa aqui!?»
Velhote: «Os comboios... demasiado rápidos... a consulta no São José...»
Velhote: «Os comboios... demasiado rápidos... a consulta no São José...»
Zero: «Velho! Atina!» (dá-lhe uma chapada)
O velhote fica a olhar para o repórter com uma cara muito séria. Depois cai para o lado. O repórter apanha outro velhote que ia a passar meio a correr apoiado numa bengala.
Zero: «Ouça lá. Mas então isto é tudo por causa da experiência?»
Velhote #2: «O meu amigo, isto é uma carnificina. Eu não via tantos bocados de corpos desde que estive na Guerra da Coreia!»
Zero: «Na Guerra da Coreia? Não quer dizer na Guerra do Ultramar?»
Velhote #2: «Acha que eu não sei em que guerra estive? Aquilo foi horrível. Não havia nada para comer de jeito, só cocos e os macacos andavam nas árvores! Ah! Horrível!»
Zero: «Macacos na Coreia?»
Velhote #2: «Sim, na Coreia. Agora largue-me o braço que tenho de ir apanhar uma camenete senão nunca mais chego à consulta!»
O repórter lá largou o velhote e dirigiu-se para mais perto da estação. O cenário era realmente dantesco, com bocados de corpos espalhados por todo o lado. Um autêntico sonho molhado para qualquer cirurgião de transplantes.
E ao chegar mais perto, via-se um comboio a aproximar-se. As pessoas alinharam-se e as portas abriram, mas o comboio não abrandou assim muito. Os mais corajosos começavam a correr e atiravam-se às portas, mas a maioria batia na chapa e caía nos carris.
Zero: «Hey, você é que é o chefe da estação?»
Chefe da Estação: «Depende meu amigo»
Zero: «Depende de quê?»
Chefe: «Da estação»
Zero: «Da estação?»
Chefe: (com um soluço) «Da estação»
Zero: «Ai...»
Chefe: «Ouça lá, o senhor tem passe?»
Zero: (esvaziando os bolsos) «Er... não. Tenho uma pastilha elástica e as chaves»
Chefe: «Vai ter de evacuar as proximidades então»
Zero: «Desculpe!?»
Chefe: «Evacuar as proximidades, libertar o espaço circundante de modos que já. A menos que se queira habilitar a uma coima agravada»
Zero: «Mas eu sou... de um meio de comunicação, por isso não preciso de passe. Estou a comunicar»
Chefe: «Hum... isto é altamente irregular meu amigo. Mas diga lá então»
Zero: «Esta experiência dos comboios, isto não está a correr muito bem não é?»
Chefe: (a rir) «Ai não? Deve estar a correr muito mal então!»
Zero: «Pois está!»
Chefe: «Pois está, tem razão. Mas a culpa não é da CP. É da gimnostar»
Zero: «Da Gimnostar? O que isso?»
Chefe: «A CP firmou um, pois então um acordo com uma empresa de equipamento escolar de ginástica, para fornecer os ditos transpolins para os utentes entrarem nas carruagens. Mas houve um atraso...»
Zero: «Com os transpolins... tou a ver»
Chefe: «Há que considerar que o impulso individual varia de indíviduo para indivíduo»
Zero: «Pois, por isso é que é individual»
Chefe: «Confirmado. Por tal há que levar isso em conta na análise final e individual da experiência»
Zero: «Você está é metido em grandes sarilhos, quando isto se souber»
Chefe: «Ó meu amigo. Você sabe quantas pessoas morrem por dia na Linha de Sintra? Isto não é nada. Olhe há uma semana morreram 520 pessoas por esticão! Hoje até é um dos nossos melhores dias»
Zero: «Porra. Ainda bem que eu não tenho passe»
Chefe: «Não tem passe? Tem de levar uma coima então!»
Zero: «Deixe estar, já tenho uma, comprei logo de manhã quando saí de casa»
Chefe: «Espertinho.»
Enviar um comentário