domingo, março 28, 2010
o cão que passou por mim
tinha alma lá dentro era gente
mais gente do que eu ignorando
as minhas maneiras condescendentes
ele que saltava do chão
para o topo da borda do passeio
com maneiras de menino divertido
mas ainda assim com os olhos
tristes de quem não sabe para onde ir
ou sabe ao menos que não há
sítio feliz para onde ir
ele olhou para mim e ignorou-me
mas ia ali uma alma maior do que a minha
caminhando as voltas salteadas do passeio
uma alma grande, um ser maior
num corpo frágil de um animal que
tem frio pela noite,
que não quer mais do que tem
e eu não sou nada
e eu não sou melhor do que ele
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