quarta-feira, julho 25, 2007
Deixa-me estar na praia em paz!
Cenário: a familia Mohamed vai à praia, num fim-de-semana. João Mohamed e Maria Mohamed mais o seu filho Ruizinho Mohamed.
João: «Aqui acho que está bem. Põe o chapéu»
Maria: «O chapéu? Já não chega eu estar toda coberta? Nem penses»
J: «O chapéu de sol pá, porra da mulher. Rui onde é que tu vais?»
Ruizinho: «Vou comer um gelado, saltar na areia, correr até lá ao fundo, voltar, atirar água às gaivotas, dar um pontapé na mãe, gritar com aquele miúdo, ir à água e depois (respira) vou à água»
J: «Senta-te!»
R: (sentando-se) «E depois vou-me sentar».
M: «Não sei qual foi a tua ideia de vir à praia. Somos muçulmanos. Os muçulmanos não vão à praia»
J: «Isso é um... preconceito. Ora, eu vim para... porque temos de ser mais normais. Estou farto da mesquita. É da mesquita para casa, de casa para a loja de flores, da loja de flores para os restaurantes ali nas docas com o brinco a piscar e das docas para a mesquita e da mesquita...»
R: «...vou à mesquita e vou correr na mesquita e atirar os sapatos ao ar, e comer e depois (respira) vou à mesquita»
J: (a levantar a mão) «Não interrompas o pai. Raio do miúdo pá».
M: «Ao menos vamos agradecer a Alá estarmos na praia»
J: «Não. Agora que se lixe o Alá. Vou apanhar sol. Estou de férias, não quero rezar»
M: «Vais para o inferno»
J: (a sussurrar) «Mais inferno que este não deve ser...»
M: «Hum?»
R: «O pai disse...»
J: «Ruizinho toma 50 cêntimos e vai comprar um gelado»
R: «50 cêntimos???»
J: «Regateia. E se o homem não quiser vender faz a tua cara de terrorista»
M: «João!»
J: «Eu sei, eu sei...»
M: «Não tinhamos combinado que o Ruizinho não comia gelados durante a semana?»
J: «Deixa estar, estamos de férias. Põe é protector solar nos dedos dos pés ou apanhas um escaldão»
(passa uns minutos e o vento aumenta de intensidade)
J: «Porra, segura o chapéu»
M: «Podias ajudar!»
J: «A mulher é que segura o chapéu para o homem»
M: «Não querias ser mais normal?»
J: «Não mudes de assunto. Olha vem ali o Rashid... eh pá... que... coincidência pá. RASHID!»
Rashid: «Olha... o... coiso, ò Mohamed, pá, então, tá-se?»
(ouvem-se gritos ao longe, vindos do quiosque dos gelados. Várias pessoas correm de lá e atiram-se para a água, e Ruizinho, vendo-se sozinho agarra um magnum duplo caramelo)
Rashid: «Olha, também... lembrei-me de vir à coisa... à...»
J: «À praia»
Rashid: «À praia. Olha, de manhã rezei e quando ia a levantar-me lembrei-me que me apetecia mesmo ir à... coisa...»
M: «À praia».
Rashid: «Isso»
M: «Porque é que veio vestido de fato?»
Rashid: «Porque... bem... era que... vim ver primeiro como estava a água. Se estiver fria nem vale a pena vestir o calçãozito. Aqui nesta... coisa, nesta a água é, costuma ser friazita»
M: «Hum... ouçam lá, vocês não andam a planear outro ataque suicida pois não?»
J: «Olha agora! Que ideias malucas que tu tens pá!!»
Rashid: «Shi.... já me estragou o dia. Nós fazer isso!? E ainda por cima aqui na... coisa, com esta gente toda, estendida na... aqui? Nah»
M: «Eu vou molhar os pés e já venho...»
(enquanto Maria molha o pés na água, os dois homens sentam-se debaixo do chapéu de sol)
J: «De fato pá? Não eramos para não chamar as atenções?»
Rashid: «Fui à mesquita e esqueci-me do fato de banho...»
J: «Bem, não interessa. Como é que está a coisa?»
Rashid: «Já tenho os explos...»
Ruizinho: «Estão a falar de quê?»
Rashid: «De quê?»
J: «O amigo do pai veio cumprimentá-lo»
Ruizinho: «Estão a planear um atentado outra vez? A mãe diz que o pai devia era ir vender mais flores em vez de planear atentados, porque não há dinheiro nos atentados e pai quer é vê-la viúva para se vingar dela»
J: «A tua mãe não vale os 10 camelos que dei por ela»
Rashid: «Rapaz, Alá castiga»
Ruizinho: (põe a lingua de fora)
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