sexta-feira, dezembro 23, 2005

Maravilhoso fã, maravilhoso!



Para comemorar os 40 anos da sua carreira (a n.º 102 Algés - Queluz de Baixo), Marco Paulo lançou um concurso extraordinário, a nível mundial, para que um seu fã possa passar um dia com ele, de manhã à noite.

Por todo Portugal, Europa e bairros sociais de Paris e Nova Jersey correu rapidamente a notícia desta oportunidade de uma vida. As pessoas queriam saber como se fazia para concorrer, perguntavam umas às outras, iam às padarias à procura do cupão, compravam a Maria International Edition à procura do destacável, mas nada...

Vai-se a saber, Marco tinha tido a ideia de promover o concurso na base da lealdade. O fã tinha de lhe enviar uma prova definitiva da sua fãnlidade, do seu fãnatismo, preferencialmente uma foto de corpo inteiro em speedo, mas também servia outro tipo de provas.

O Marco Paulo era de certo modo como o Pai Natal.
Embora ele tivesse posto a morada no anúncio do Correio da Manhá: "Marco Paulo. Rua Marco Paulo. Vivenda Marco Paulo. Ranholas", não era mesmo preciso. Um porta voz dos correios, o Eng. Quimico Paulo Geada viria a dizer que a maior parte da correspondência, uns brutais 45 milhões de cartas e envelopes, vinha simplesmente com a morada: "Marco Paulo, Ranholas". Eles sabiam que era o Marco Paulo que vivia na Vivenda Marco Paulo. Segundo palavras do Eng. Geada "O outro Marco Paulo que vive em Ranholas trabalha na EDP e não havia razão para ele receber tanto correio".

Marco Paulo escolheu uma candidatura de um senhor do Cacém, chamado Oliveira de Azeméis. O Sr Oliveira, de 42 anos de idade, era reformado da PSP e tinha enviado uma foto todo nú só com o chapéu de feltro petro na cabeça e um cacetete na mão direita.

Ficam alguns momentos do dia do Sr. Oliveira na propriedade de Marco Paulo.

10h da manhã, o Sr. Oliveira chega na sua 4L branca de 1981.

Marco Paulo: «Bem vindo! Bem vindo!»
Oliveira: «Sô Marco pá, ena... está de cuecas...»
MP: «Recebo assim os meus fãs!»
Oliveira: «Não havia de se incomodar Sô Marco».
MP: «Chama-me João, é o meu nome»
Oliveira: «Hum?»
MP: «João. O meu nome verdadeiro é João Simão Silva!»
Oliveira: «João Simão? Ai... então não é Marco Paulo?»
MP: «Isso é o meu nome artistico!»
Oliveira: «Sinto-me estranhamente ludibriado e como se tivesse perdido parte da minha vida no culto iconoclástico de uma ilusão».
MP: «Vai um copinho de licor Beirão?»
Oliveira: «Ora isso agora é que tapava mesmo aqui o buraco!»
MP: «Ai filho, se é tapar o buraco que queres, anda comigo!»

(riem-se os dois)

14h. Depois do fausto almoço de Cozido à Portuguesa, visitam a propriedade.

MP: «Aqui é a estátua de Nossa Senhora, é uma cópia da original»
Oliveira: «Hum... ouça lá você é mesmo religioso?»
MP: «Chama-me João Simão»
Oliveira: «Não consigo pá, João Simão, parece nome de mineiro pá».
MP: «Eu sou mesmo religioso, foi depois de aquele acidente de saúde»
Oliveira: «Ah pois é. Isso já está melhor?»
MP: «Já, mas podias dar um beijinho para passar ainda mais...»
Oliveira: «Deixe estar...»

21h. Sentam-se os dois a rever os discos de oiro do artista.

MP: «Este foi com os Dois Amores. Aquele com o Maravilhoso Coração...»
Oliveira: «Ouça lá, com tanto ouro espalhado pela casa, não tem medo que entre aqui um homem qualquer...?»
MP: «Ai filho, quem me dera!»

23h35. João Sim... er... Marco Paulo acompanha Oliveira à caminha para a noite de repouso.

MP: (à porta) «Os lencóis são de seda filho, não vais ter frio»
Oliveira: «Tá bem. Então até amanhã»
MP: «Não queres que te aconchegue?»
Oliveira: «Não, não, deixe estar Marco»
MP: «João Simão».
Oliveira: «Ou isso».

(passam 10 minutos. Marco entra no quarto às escuras»

Oliveira: (acendendo a luz): «O que foi???»
MP: «Ai! Enganei-me no quarto. Desculpa lá. Boa noite!»
Oliveira: «Não faz mal, boa noite».

(passam 30 minutos. Marco entra no quarto e deita-se ao lado de Oliveira, que ressona)

Oliveira: (mexendo em Marco Paulo) «Que... raio... AHHHHHH!!!!»
MP: «Ai filho! Que pés frios!»
Oliveira: (saltando da cama) «O que está a fazer na minha cama?!?!?»
MP: «Estava só a ver se estavas quentinho. Ai melher, não sejas assim».
Oliveira: «Saia daqui, seu, seu...»
MP: «Ai... então não me mandaste a foto toda sexy e agora é só negas?»
Oliveira: «Foto toda sexy? Eu enviei uma collage de fotos do Marco Paulo...»
MP: (vai buscar a foto e mostra-a) «Então e isto?»
Oliveira: «Porra do puto, deve ter enviado isso em vez da montage. Quando eu o apanhar...».

(seguiram-se uns minutos de silêncio e mau estar)

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