segunda-feira, agosto 22, 2005
Sol de Terramoto
Aproximei-me finalmente da velha casa de pedra, casa azul.
Com o esforço rotular, punho aberto na cicatriz, de apoio no joelho quando sobes,
cheguei-me à entrada rasgada de soleira.
Pensava porque não estava palha ali espalhada, sentia-se a tempestade na distância.
Então ele escancarou a grande porta de madeira anil, dobradiças de ferro.
«Tu por aqui?»
Não soube o que dizer-lhe, olhos fixos na cal a esgueirar-se na esquina o telhado.
Seguiram-se momentos de silêncio guloso.
A ele a apetecer-lhe sangue.
A mim repouso.
«É tempo de continuares a caminhar»
Saiu-lhe voz seca de aguardente, noite de castanhas à lua.
Atravessei o quintal de couves perpendiculares, sem vontade de andar.
Depois para cima,
----------------depois de represa de águas de sapo,
-----depois dos poços abertos, líquenes venenosos.
Ele sabia do que falava,
quando avisara com as sobrancelhas fartas,
o perigo iminente do terramoto,
nas terras longe a sul,
onde ninguém trabalha ao sol.
Mas eu ignorava (ainda) o futuro diamantino da sua fronte em suor.
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