sexta-feira, abril 22, 2005

As Aventuras de Bóbi - O Cão Bombeiro



Cenário de sonho: «Um prédio em chamas na baixa do Porto. Pessoas de baixo calibre social correm pelas ruas abandonando à sua sorte os seus cães rafeiros e afilhados com dois nomes próprios. A situação parece descontrolada, quando apararece a unidade K-9 de combate ao fogo, mais conhecida como Bóbi».

Bóbi: «Au! Au!»
Bombeiro #1: «Não Bóbi. Não há nada a fazer! As chamas estão demasiado quentes!»
Bóbi: «Au! Au!»
Bombeiro #1: «Se eu tenho Pedigree Pal? Er... Antunes!?»
Bombeiro #2: «Diz filha»
Bombeiro #1: «Tens Pedigree?»
Bombeiro #2: «Das melhores familias da Foz menina, oh oh».
Bóbi: «Au! Au!»
Bombeiro #1: «Queres ir lá dentro Bóbi? Não está lá ninguém»

De repente ouve-se um choro histérico de um bebé, preso no terceiro andar do prédio em chamas. As orelhas afiadas de Bóbi haviam-lhe permitido captar o choro da criança, a grande distância.

Bóbi: «Au! Au!»
Bombeiro #1: «Não podes Bóbi. Ficas um cachorro quente se entrares ali!»

Sem ouvir ninguém, destemido como nenhum outro cão, Bóbi ligou a sua sirene com a pata direita e lançou-se às chamas. O seu corpo esguio saltou para a entrada e rapidamente entrou pelo prédio, galgando os degraus, que iam desabando depois de ele passar.

Bóbi: «Au! Au!»
Bombeiro #1: «Força Bóbi! Tu consegues! Mais um andar!»

Cá de fora, o povo, comendo coiratos aquecidos nas chamas, via deslumbrado as luzes titubiantes da sirene de Bóbi, que subia andar atrás de andar, na odisseia desumana de salvar um bebé que todos tinham dado como perdido para a morte.

A certa altura, perto de alcançar o terceiro andar, as luzes esmoreceram e apagaram-se. O povo susteve a respiração. Até que uma senhora não aguentou mais e gritou, um grito breve de arrepio de medo por Bóbi.

Senhora gorda: «Ai que o cachorro matou-se!»
Bóbi: (pondo a cabeça fora da janela) «Au! Au!»
Bombeiro #1: «Vai Bóbi, só mais um esforço! Tu consegues!»
Bóbi: «Au! Au!»

Passaram-se segundos de grande horror. Até que finalmente Bóbi apareceu com o bebé seguro pela fralda à janela, na sua boca de herói, sirene vermelha a piscar, olhos a brilhar no meio do calor infernal.

Bombeiro #1: «Grande Bóbi! Conseguiste!»
Bóbi: «Au! Au!»

O horror! Bóbi, ladrando contente, larga o bebé que deixara de chorar e deixa-o cair na calçada, sangue e entranhas na cara do povo e nos coiratos. Os bombeiros ficam estupefactos a olhar. Mas Bóbi, contente por mais uma missão cumprida, salta da janela, para os braços do seu dono-bombeiro.

Bombeiro #1: «Bóbi! Bom cão! Temos de treinar melhor aquela última fase do salvamento. No resto já estás um campeão!»
Bóbi: «Au! Au!»
Bombeiro #1: «Queres uma festinha debaixo do rabo? O dono dá!»
Bóbi: «Auuuuuuu!»

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