quarta-feira, dezembro 15, 2004
Se eu mandasse nisto durante um mês
«O que fazias?»
«Baixava o preço das cervejas», diz um.
«Juntava os pretos e os emigrantes todos numa praça grande e matava-os», diz outro.
e eu?
porque iria eu querer mandar no que não se manda, nas vidas alheias, no roçar do poder maldito?
se eu mandasse, não mandava. Seria um reinado de contemplação e os pombos voariam felizes pela cidade suja, paradas as multidões no idilio do fotograma de filme partido, tudo a duas cores de sépia amarela. Raizes saídas seriam o cúmulo da insurgência e olhos derramados, o fulcro de apoteoses individuais.
alguém limpa a garganta.
alguém se sente mal e apoia-se a uma parede gasta.
«Baixava o preço das cervejas», diz um.
«Juntava os pretos e os emigrantes todos numa praça grande e matava-os», diz outro.
e eu?
porque iria eu querer mandar no que não se manda, nas vidas alheias, no roçar do poder maldito?
se eu mandasse, não mandava. Seria um reinado de contemplação e os pombos voariam felizes pela cidade suja, paradas as multidões no idilio do fotograma de filme partido, tudo a duas cores de sépia amarela. Raizes saídas seriam o cúmulo da insurgência e olhos derramados, o fulcro de apoteoses individuais.
alguém limpa a garganta.
alguém se sente mal e apoia-se a uma parede gasta.
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