segunda-feira, dezembro 27, 2004

I Dream of 3s



No meio da noite a noite.
Imensa que te prende.

Sonho com árvores.
Todas as noites, sem parar.
Não há descanso de albergaria de beira de estrada
que sacie os meus pés gelados e gastos.

Eu caminho sempre parado,
quando o corpo se torce no movimento
da curva do caminho nos meus olhos.
Sempre. Sem parar.

O cansaço fica para trás.
O poema é fraco, mas resiste.
Vontade de respirar.

Os dias decorrem na luz etérea do rasgar de barrigas,
adormece a cigarra na brisa que vem do Norte
com o polén provocado pelo voo de garças doentes.
Dorme um cigarro na beira de precipicio de cinzeiro
metálico e é metálico o meu coração que perde a pulsação,
quando as nuvens escondem o sol laranja para a morte do dia.

Sonho com árvores,
de dia,
de noite,
a todas as horas,
e todos os minutos.

Árvores poluem o meu pensamento sujo,
com a sua viagem breve de oxigénio anil,
puro e absurdo de folhas,
de rama e seiva azul que cega,
que persegue e me deita ao chão,
com os joelhos por cima do peito
sem deixar respirar
até à submissão.

Caminhos secretos,
vento sem o ser.
Tudo isto me invade sem pedir
e me faz tremer de perdido.

Mas só pela poesia em si mesma.
Amo talvez o plástico e o artificial,
venero o sintético,
o fingido.

Reservo ao sonho o sonho de árvores.
De dia,
de noite,
a todas as horas do ser.

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