segunda-feira, junho 07, 2004

Porque matas, Deus, impunemente?

Há uma velha piada sobre Fátima que é mais ou menos assim:
"S. Pedro, S. António e a Nossa Senhora de Fátima estão no céu a tentar combinar um almoço. Não sabem onde ir e os dois santos sugerem sitios pouco entusiasmantes, até que a Nossa Senhora diz: «Sabem um sitio que dizem que é giro e onde eu nunca fui? Fátima!»".

Hoje soube que 6 pessoas foram colhidas quando iam pagar uma promessa ao Santuário. 2 morreram, uma delas uma miúda de 17 anos.
Não é propriamente uma novidade pessoas morrerem nas estradas, mas isto é - meus caros senhores e senhoras - muito diferente. É que eles iam "pagar uma promessa", iam em "viagem de fé".
A primeira coisa que um agnóstico ou um ateu pergunta é: «Porque é que a Nossa Senhora não os conseguiu proteger?". Um crente tenderá mais a longo a considerar esta tragédia talvez como uma "prova de fé", porque a generosidade da fé não é algo usado em favor de uma retribuição, imediata ou desejada, mas antes uma dádiva sem contrapartida, nascida do amor.

Mais do que estar chocado, eu fiquei pensativo sobre as consequências de tudo isto.
Imaginei o que pensavam as pessoas afectadas, como estariam abaladas na sua fé. É diferente quando o drama é pessoal e nos atinge, como verdadeira "prova de fé".
É comum dizer-se que a fé é uma coisa natural nas mentes pobres de espirito, relutantes em pensar autonomamente. Eu não penso que seja assim. Penso que há nobreza nas convicções, quando há nelas sinceridade. Tudo o que é sincero é nobre.

Mas há com toda a certeza uma nobreza que eu próprio dificilmente consigo entender em alguém que vê um familiar próximo ser colhido na viagem de fé sem pôr a pergunta que eu coloquei como titulo deste post.

Uma nobreza deslumbrante e incompreensível...



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