segunda-feira, maio 03, 2004

Decidiste, Peter Pan?

Alguns de vocês conhecem a Lane.
Talvez não faça sentido que vos fale dela, da importância que ela tem para mim neste momento. No entanto, visto que o que eu escrevo aqui é aquilo que me ocupa, me preocupa, me encanta, me deslumbra, faz todo o sentido para mim falar da Lane, agora.

Alguns de vocês pensam conhecer a Lane.
Eu conheço um pouco a Lane e a menina por detrás da cortina. Um bocadinho, só um bocadinho. Fui atraido a ela pelo que ela não se revelava ser aos que a pensavam conhecer. Hoje em dia penso da mesma maneira do que pensava no inicio, mas sei que a conheço melhor. Sei que cada vez a quero conhecer melhor. Sei que é uma oportunidade que o destino providencia para me fazer crescer e para eu a fazer crescer a ela também.

Bem vistas as coisas, quando duas pessoas se encontram é para que cuidem uma da outra, da melhor maneira que sabem. Não sei de que maneira pôr as coisas senão nestes termos. Quando penso nela, penso que quero cuidar dela, da melhor maneira que posso, ás vezes na minha fraqueza, outras na minha inesperada lucidez. Sei-me fraco, mas sei-me decidido. Sei que ela também quer cuidar de mim, o melhor que sabe, na sua fraqueza, na sua inesperada lucidez.

Já fui impiedoso para com ela. Já fui terno para com ela.
Ela já foi impiedosa para comigo. Ela já foi terna para comigo.

O Peter Pan decidiu-se a crescer.
O Peter Pan tem medo de crescer...
Tem medo do que há para além da floresta onde voa livremente. O que há para além da floresta, por muito que seja pacifico, maravilhoso, não é a sua floresta.
Por isso o Peter Pan é ainda uma criança perdida, uma criança perdida a crescer, que precisa que cuidem dele, que sejam impiedosos para com ele.

O amor. O amor mais alto, que á o amor de uma mãe a um filho, é um amor que mostra sempre estes dois lados: o cuidar e o ensinar, a ternura e a punição. Não há querer sem vontade de fazer crescer, pelo menos não um querer que seja na mesma sincero e completo.

Eu quero que ela saiba que tenho orgulho que seja ela a guiar-me fora da floresta. Que apesar da sua falta de piedade, eu sei que isso é uma demonstração vívida de algo que nem todos podem compreender.

O que vais fazer com o teu Peter Pan quando ele quiser ainda voar?
O teu Peter Pan sofre com os pés presos na terra, sofre por ti e quer sofrer por ti.
Fá-lo esquecer a dor no teu regaço quente. Ensina-o a verdade do que há fora da floresta, de como é bonito tudo o resto, mais bonito que a sua prisão sem idade lá em cima nas nuvens, no pais onde nunca se envelhece, na terra em que não há o amor.

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