quarta-feira, março 24, 2004

Há lágrimas no mar

Há lágrimas no mar, felicidade em algas perdidas nas correntes.
Hoje vi um barco no meio do rio, com o casco descoberto, quase parecia parado no espaço sem profundidade, como se o estivessem a reparar numa doca seca que não se via, no leito escuro e lodoso que não o sentia assim...
Porque tenho de sonhar sempre, porque não posso só olhar....? Porque tem sempre de haver em mim a inevitabilidade do sonho e da imaginação? Nunca me basto com o sim, mesmo que seja tudo o que diga e os meus sorrisos sempre distantes escondem mundos sobre mundos de coisas feitas num segundo só para o meu divertimento.
Aquele barco está parado, só parado mais nada.
Ou aquele barco arrependeu-se da viagem, fincou o casco no fundo, prendeu a âncora à rocha da sua revolta e estancou as hélices como se estancasse a ferida que lhe consumia o coração. Deixou de querer carregar homens ou sequer de gostar do mar, começou a desejar ser ave ou animal terrestre, como nós ás vezes sonhamos voar. Cansou-se simplesmente e vazou o combustível como desculpa de tédio absoluto da sua rotina de contentores e cais sujos e cinzentos...



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