quarta-feira, janeiro 28, 2004

Um arrepio de frio

Grandes buxos cinza, no crepúsculo de nevoeiro confuso, inundam os meus olhos.
Deixado atrás, pelo acordar dos seres, um rasto doce a martírio, como a manhã que nasce.

Doze promessas feitas ao nascer do sol. Por debaixo da cascata. De sorriso fechado.

Na beira de estrada, há erva que deixa subitamente de crescer e no céu em cinzel expressões divinas que não consigo deixar de adivinhar.

Não há nada no céu. Não há nada no céu?

Um gamo pára no meio do campo pejado de flores.
Ouve-se um grito distante de um lobo sem ameaça.

No monte mais distante há ruínas de uma fortaleza estranha. A muralha sucumbiu, mas, pristina, um centro angélico permanece - capela de tecto dourado mas sem estátuas e sem dedicação.
Se entrares, molha-te com seiva nas mãos e deseja teres nascido diferente, sem ser preciso respirar.

Magistrais caminhos abandonados, deixados à humidade.
Por ali não passa a luz, muito menos os corpos.
Por ali passa o lobo. Por ali passa o gamo. Em tempos diferentes. A morte e o prisioneiro.

Ahhhh...

Devo ter naufragado, mas não me recordo...

Aqui perdido em pé. A ver. A tremer sem medo.
A água introduz-se nos meus ossos, e sinto um grande, enorme, imposssível... arrepio de frio.

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