terça-feira, janeiro 13, 2004
Tortura Medieval - Uma sombra gótica
Há coisas estranhas. Aqui há uns tempos, torturavam pessoas em masmorras húmidas, para lhes extrair confissões, e não, não era tortura por reumatismo, era mesmo coisa à séria. Não sei porquê, acho giro o papel do torturado, assim da perspectiva do cineasta/argumentista/mania que é artista.
Numa masmorra escura e húmida - como qualquer boa masmorra - corria a Idade Média lentamente, ouviram-se subitamente gritos horrorosos que reverberaram nas paredes de pedra corroída.
Torturado: «NÃOOO!! NÃOOOOO!!! NÃO!!! PIEDADE!!!»
Carrasco: «AHAHAHAHAHAHAHAH (tosse) AHAH»
Há um ruido horrivel no ar, uma mistura de correias estridentes, de animais enjaulados a gritar, de ferro a bater em ferro, uma coisa mesmo execrável e desumana para se ouvir, mais parecendo ruidos do funcionamento da mais malvada, mais iniqua, mais terrivel e espantosamente diabólica máquina de tortura alguma vez inventada.
Torturado: «TENS DE PARAR! PÁRA!!!! NÃO AGUENTO MAIS!!!»
Carrasco: «Mais dois minutos!»
Torturado: «Não, eu confesso tudo! Eu confesso tudo mas pára!»
Vê-se a mão peluda do carrasco, envolvida numa meia luva de cabedal, que mostrava os dedos ossudos, a deslocar-se lentamente para o aparelho, muito lentamente.... até carregar no Stop do leitor de CDs com o Best Of da Celine Dion.
Torturado: (desmaia em suor)
Carrasco: (murmurando para si próprio) «Ás vezes penso se ainda sou um homem... consigo já ouvir isto quase sem sentir o seu efeito mortal...»
O torturado acorda subitamente, com um grito.
Carrasco: «Atão pá!? Quebra de tensão?»
Torturado: «Foi... ando numa dieta, só como ensopado de cabra sem sal»
Carrasco: «Pois é, depois é isto, desmaias assim do nada, uma vergonha...»
Torturado: «Epá não digas nada a ninguém, se a minha familia sabe...»
Carrasco: «Não sei... não sei... sempre a gritar Pára! Pára! Assim não dá...»
Torturado: «Epá, eu juro que não grito mais ok? Epá, é que fique aqui já ceguinho!»
Carrasco: «Ouve lá como sabes que vais ficar ceguinho? O Joel falou contigo? Eu avisei o gajo pra tar calado com o que lhe tinha acontecido aqui. Ainda não me viram zangado é o que é...»
Torturado: «És o maior pá. A sério. Não era torturado assim há... nem sei, pá, há meses!»
Carrasco: «Tás a dizer isso só pra m'animar...»
Torturado: «Podias era afrouxar aqui as grilhetas... parece que não isto aperta...»
Carrasco: «Olha afrouxar as grilhetas... eu vejo filmes pá. É eu chegar ai e levar na cabeça, nah nah nah»
O carrasco liga novamente a Celine, agora a volume 10. O torturado, sem poder gritar - afinal era um torturado que mantinha as suas promessas - cerrou os dentes e tentou pensar em Norah Jones ou er... Norah Jones não, que é pouco melhor... pensar em Robbie Williams... eh... também tanto mal não pode ser... deixa-o lá com a Dion, que pelo menos com essa ele sabe o que conta...
Numa masmorra escura e húmida - como qualquer boa masmorra - corria a Idade Média lentamente, ouviram-se subitamente gritos horrorosos que reverberaram nas paredes de pedra corroída.
Torturado: «NÃOOO!! NÃOOOOO!!! NÃO!!! PIEDADE!!!»
Carrasco: «AHAHAHAHAHAHAHAH (tosse) AHAH»
Há um ruido horrivel no ar, uma mistura de correias estridentes, de animais enjaulados a gritar, de ferro a bater em ferro, uma coisa mesmo execrável e desumana para se ouvir, mais parecendo ruidos do funcionamento da mais malvada, mais iniqua, mais terrivel e espantosamente diabólica máquina de tortura alguma vez inventada.
Torturado: «TENS DE PARAR! PÁRA!!!! NÃO AGUENTO MAIS!!!»
Carrasco: «Mais dois minutos!»
Torturado: «Não, eu confesso tudo! Eu confesso tudo mas pára!»
Vê-se a mão peluda do carrasco, envolvida numa meia luva de cabedal, que mostrava os dedos ossudos, a deslocar-se lentamente para o aparelho, muito lentamente.... até carregar no Stop do leitor de CDs com o Best Of da Celine Dion.
Torturado: (desmaia em suor)
Carrasco: (murmurando para si próprio) «Ás vezes penso se ainda sou um homem... consigo já ouvir isto quase sem sentir o seu efeito mortal...»
O torturado acorda subitamente, com um grito.
Carrasco: «Atão pá!? Quebra de tensão?»
Torturado: «Foi... ando numa dieta, só como ensopado de cabra sem sal»
Carrasco: «Pois é, depois é isto, desmaias assim do nada, uma vergonha...»
Torturado: «Epá não digas nada a ninguém, se a minha familia sabe...»
Carrasco: «Não sei... não sei... sempre a gritar Pára! Pára! Assim não dá...»
Torturado: «Epá, eu juro que não grito mais ok? Epá, é que fique aqui já ceguinho!»
Carrasco: «Ouve lá como sabes que vais ficar ceguinho? O Joel falou contigo? Eu avisei o gajo pra tar calado com o que lhe tinha acontecido aqui. Ainda não me viram zangado é o que é...»
Torturado: «És o maior pá. A sério. Não era torturado assim há... nem sei, pá, há meses!»
Carrasco: «Tás a dizer isso só pra m'animar...»
Torturado: «Podias era afrouxar aqui as grilhetas... parece que não isto aperta...»
Carrasco: «Olha afrouxar as grilhetas... eu vejo filmes pá. É eu chegar ai e levar na cabeça, nah nah nah»
O carrasco liga novamente a Celine, agora a volume 10. O torturado, sem poder gritar - afinal era um torturado que mantinha as suas promessas - cerrou os dentes e tentou pensar em Norah Jones ou er... Norah Jones não, que é pouco melhor... pensar em Robbie Williams... eh... também tanto mal não pode ser... deixa-o lá com a Dion, que pelo menos com essa ele sabe o que conta...
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