segunda-feira, janeiro 19, 2004

Memória

"Quem se lembra de ti é porque te ama".

Este é um tributo que nunca vais ler.
Uma lengalenga dita baixinho, crepita a fogueira para esconder o frio, numa noite de aldeia sem luz, sem movimento a não ser o do vento que sopra sempre na mesma direcção.

A tua pele escura, que tocava com os meus dedos em ferida... quantas noites agora passam por debaixo dos lençois que não nos tapavam e eu lamento o passado por ter de ser passado. A tua pele escura, toco-a, quando fecho os olhos.

Aquela que eu não soube amar...

Eu era todo de ti sem o saber. Como o rio não sabe que pertence ao leito e continua a correr para a morte no mar. Quem lhe dissesse regressa... ele não poderia regressar, não poderia arrepender-se por não saber como...

ahhh... eu era todo em ti e não havia medo. Eu era todo em ti, na tua pele escura, nos teus olhos claros. Eu era todo em ti e agora não sou nada em ti. Agora não sou nada sem ti.
Onde estás? Sei onde estás, mas quero saber-te perto de mim.

Eu que era todo em ti.
Eu que fui todo em ti.
Porque hei-de continuar a chorar por ti...

Doi tanto, mas doia-me mais nunca te ter conhecido.

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