quarta-feira, dezembro 03, 2003

O Milagre de Natal

O pequeno Artur tem 10 anos e uma doença que lhe tirou toda a visão do seu olho esquerdo e 75% da visão do olho direito. As causas da sua doença, faziam com que ela fosse piorando ao longo do tempo e, para sua maior infelicidade, por não ter visto uma carrinha vir na rua, Artur tinha sido projectado contra o passeio por esta, passando agora a coxear enquanto andava. Na escola tudo lhe corria mal. A namorada deixou-o, chamando-lhe cegueta coxo em frente de toda a turma na aula de artes visuais. Os colegas gozavam com ele e trocavam-lhe a comida, alguns iam mesmo ao ponto de o fazer entrar no autocarro errado, e Artur ia parar ao outro lado da cidade, chegando a casa só a altas horas da noite.
O Natal deste ano é igual a tantos outros da vida do pequeno Artur. A sua familia é pobre e não pode comprar-lhe prendas. A mãe de Artur passa roupa e cose sapatos e ele tem de ajudar, mesmo na véspera em que se comemora o nascimento do rei-menino. Nessa noite, enquanto os outros meninos abrem as prendas, ele está com os dedos em sangue das costuras e das agulhas de bico grosso.
Artur quer que este Natal, porém seja diferente.... na sua cama de madeira velha, com cheiro a humidade e remédio para ratos, ele escreve com dificuldade uma carta, para o Pólo Norte. «Querido Pai Natal, sou muito pobre e doente. Tudo o que queria era ficar saudável, ser como os outros meninos...».
No HQ do Natal, o Pai Natal lê a carta e tem uma lágrima no olho. Vira-se para um dos gnomos e pede-lhe que lhe tragam o menino, custe o que custar. Os gnomos sorriem uns para os outros, por saberem o que ia acontecer: um milagre de Natal.
Artur é trazido a dormir, desde a sua cama pobre onde tinha adormecido a escrever a carta, que nunca chegou a enviar... O Pai Natal sabia o seu conteúdo, mesmo sem a ler. Suavemente ele faz-lhe uma festa na testa, para o acordar. «Acorda Artur...». Artur vê-se no meio de uma grande sala da fábrica de brinquedos. O Pai Natal levanta-o e todos sorriem.
«Vai haver um milagre este Natal!», gritou o Pai Natal e todos aplaudiram.
Artur estava radiante, em lágrimas, alegre e esperançoso como nunca.
De repente o Pai Natal agitou diante dos olhos de Artur um brinquedo. «Não o consegues ver, zarolho?». Todos se riem. Artur fica espantado. Depois monta uma corrida com os gnomos anunciando: «Se chegares primeiro, ficas saudável!». Todos riem novamente! É a algazarra total, gnomos rebolam-se no chão a rir-se, outros riem tão alto que se ouve mesmo cá fora, na tempestade de neve.
Tinha acontecido o milagre de Natal...
Mais uma vez o Pai Natal arranjou um menino deficiente para gozar com ele e assim distrair os gnomos no dia mais ocupado do ano. Era um tempo de felicidade, era a época de Natal. :-)

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