segunda-feira, dezembro 15, 2003

De onde vêm os Pinheiros de Natal? Outra história de Natal

Feliz Natal para todos. Eu gosto mesmo do Natal e dá-me para escrever histórias que ouvi ao longo dos anos, nas aldeias por onde passei no meu Inter Rail (eu perdi o passe no primeiro dia e tive de ir a pé ok...?).

Esta história contou-me um senhor de 87 anos em Feldespato de Cima, Beiras. Chama-se: "De onde vêm os Pinheiros de Natal?"

«Há muitos anos, antes de os homens serem homens (não eram gays, só ainda não eram homens homens), havia um aldeia muito feliz, onde viviam todos os Pinheiros, antes ainda de haver Natal.
Os Pinheiros eram muito felizes uns com os outros, brincavam com os picos uns dos outros, atiravam pinhas, roçavam-se todos pegagentos... bem, era uma comunidade daquelas à antiga, todos ao molho e fé em deus, antes da Sida e desses bichos.
Sei dizer que um belo dia, nasceu um puto qualquer lá para os lados de ondem apanharam o Saddam (que, diz um colega meu: parece o Pai Natal dos pobrezinhos! - é muito tio o meu colega -). Um dia chega um tipo à aldeia e não era um Pinheiro. Os Pinheiros ficaram muito desconfiados com o gajo. «Olha-me este, não é Pinheiro» e coiso e tal, mas lá lhe deram de comer e o gajo foi dormir à casa de um casal de Pinheiros. De manhã grande algazarra! O homem tinha levado o Pinheiro mai novo do casal com ele! Tinha raptado o puto durante o sono e levou-o despido e tudo, sem luzes nem nada.
Rumores correram. O puto estava em Ibiza, depois estava em Amsterdão. Alguém viu o puto numa paragem do autocarro em Palma de Maiorca, depois numa loja dos 300 em Badajoz, outro viu na net uma árvore que se parecia com ele de lado «tinha o mesmo tipo de verde». Mas nada. A mãe dele ainda vai de vez em quando ao TV Rural a chorar, parece mais magra, mas não resolveu o assunto.
Sei dizer que agora todos os anos desaparecem uns putos assim do nada. De noite vem uma carrinha, daquelas que apita em marcha-atrás, leva uns poucos empilhados e lá vão eles. É um genocidio lento, e a aldeia ameaça morrer lentamente. E os Pinheiros como não conseguem correr, sentem-se frustrados não é? Pois.
Se as crianças soubessem que os Pinheiros de Natal vêm desta aldeia, o Pinheiral, pensariam duas vezes. As luzes e as decorações brilhantes, não conseguem esconder a tristeza de uma árvore triste que só quer voltar para casa, para os seus.»

Feliz Natal!!!!

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