quarta-feira, novembro 05, 2003

Tempo de reflexão...

Há pessoas que não conhecemos bem e que, quando morrem, nos choca mais na morte não os termos conhecido, do que o desaparecimento fisíco em si.

Lembro-me sempre do meu avô paterno, que conheço mal e que vive longe.
Houve uma vez em que fomos almoçar com ele, o que é raríssimo, e ele ficou sentado à minha frente e pôs-se a contar histórias da infância, de uma vez que passou uma noite na esquadra por ter arranjado uma confusão qualquer numa festa daquelas da aldeia. Lembro-me bem de estar ali, feito esponja, a ouvir e a deleitar-me com as palavras dele, que nem faziam assim muito sentido... Não faziam sentido porque me faziam pensar no que ele nunca iria ter tempo de contar. As histórias dele podiam dar-me coisas, para eu escrever sobre elas, escrever um livro a contar as histórias do meu avô. Mas certas coisas são proibidas, senti isso profundamente. As histórias que ele me contou nesse jantar, não se podem contar num livro. Era só ele e a minha atenção a ouvi-lo, nada mais. Por isso nunca vou escrever sobre a morte dele, ou sobre a morte do meu outro avô, ou das poucas histórias que eles me contaram.

Não são segredos, mas quase.
As melhores coisas, são para guardarmos para nós mesmos, como um tesouro.

Paz para ti.

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