quarta-feira, novembro 26, 2003

Pássaros a voar pelos vãos de uma ponte condenada

Ferro negro a aproximar-se das minhas asas

Pássaros a voar
Pelos vãos de uma ponte condenada

Há barcos que queimam gasolina
Em jactos negros com vapor de água
Miúdos que brincam num cais podre
O jogo do atira-te ao rio e
nunca venhas á superficie respirar

Pássaros a voar
Pelos vãos de uma ponte condenada

Roda em torno de mim.
Cintilante, o teu grito louco
Dormentes, os meus olhos amando-te.
Serás meu toda uma vida?
A natureza é assim,
Não o temas.
Rodopia em torno de mim e
Esquece o mundo branco.
Toda a felicidade está num beiral vermelho
Depois de uma tarde de chuva,
Quando cai a noite e
Se espera o regresso de quem nos ama.

Rodopia em torno de mim.

Cerceemos os metais ferrugentos desta ponte escura e
No meio de cada braço sangrando que sai ao nosso encontro
Eu fujo e tu encontras-me no jogo claro escuro
Do amor sincero.

Toda a felicidade,
Como um comboio que apite ao passar
No fumo alvo da madeira em energia,
É um olhar distante,
Uma voz familiar.

Pássaros a voar
Pelos vãos de uma ponte condenada

Há uma grande árvore numa costa de mar
Do meu espirito a tremer de frio.
O sol morre
Como um filho na guerra…

Pássaros a voar
Pelos vãos de uma ponte condenada

Na desolação de precipicio
Que era o meu coração de pássaro
A beleza do teu corpo
O encantamento da tua voz
Fazem-me esquecer todo o medo.

E voar!

Voar ainda mais alto!

Pássaros a voar
Pelos vãos de uma ponte condenada

Rodopia!

Rodopia em volta de mim
Esquece tudo o resto
Enquanto eu grito o teu nome!
Passemos a noite
A girar perdidos
No meio dos ferros
Contorcidos
Desta ponte
Condenada
Sem pensar
Que tem de haver um
Outro dia.

Rodopia.
Perde-te no voo de mim.

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