quinta-feira, outubro 23, 2003
Play it again Sam
Perto do lago existe um Hotel de piso único, que serpenteia por uma encosta íngreme e quase toca a água - que se torna negra quando cai a noite. É um Resort exclusivo, onde pairam como abutres as estrelas de cinema, esquecidas quando se apagam as luzes do cinema e o público vai para casa com um sorriso nos lábios, ou os olhos vermelhos de chorar.
O Wild Pine trees Resort está hoje povoado de corpos quentes que se passeiam de Dry Martini na mão direita, fatos ás riscas brancos sujo e vestidos de cocktail de tons pastel e salmão.
Num canto do bar, uma estrela em decadência conta embriagado o seu passado de devassidão, agora que não tem nada a perder e o encanto foi substituido pela memória. Tem um chapéu de feltro amarelo desmaiado que esconde o seu olhar perdido, logo debaixo das sobrancelhas nervosas e logo acima dos lábios que mordem um cigarro meio gasto.
Observa-se tudo do outro lado, do lado das janelas que dão para a água, agora que sobe cada vez mais a lua cheia. Há uma névoa anil na grande sala do piano, enquanto um criado passa de bandeja de prata, silencioso, eterno...
Com um sorriso breve e um gole de alcóol, enquanto se olha de soslaio para os ombros despidos semi-cobertos de cabelos louros, de uma qualquer actriz secundária, há um desejo de estar ali para sempre.
A lua despeja uma espada selvagem de luz dormente que corta as águas e corta o hotel ao meio, dividindo a noite, dividindo os mortais dos residentes.
Não há desejo que a noite acabe.
«Toca mais uma Sam». Mesmo que ele nunca tenha dito isto, soa bem agora, enquanto o Martini entra no sangue e a actriz secundária responde ao olhar com um esgar sedutor.
«Toma rapaz, estaciona-o ali».
O Cadillac passa como uma procissão branca, sem fim. Os faróis acesos, a pintura alva em metal, os cromados brilhantes e a cauda de peixe levantada logo antes dos pára-choques monumentais.
A dime. A nickel.
«Thank you sir, have a pleasant evening».
O Wild Pine trees Resort está hoje povoado de corpos quentes que se passeiam de Dry Martini na mão direita, fatos ás riscas brancos sujo e vestidos de cocktail de tons pastel e salmão.
Num canto do bar, uma estrela em decadência conta embriagado o seu passado de devassidão, agora que não tem nada a perder e o encanto foi substituido pela memória. Tem um chapéu de feltro amarelo desmaiado que esconde o seu olhar perdido, logo debaixo das sobrancelhas nervosas e logo acima dos lábios que mordem um cigarro meio gasto.
Observa-se tudo do outro lado, do lado das janelas que dão para a água, agora que sobe cada vez mais a lua cheia. Há uma névoa anil na grande sala do piano, enquanto um criado passa de bandeja de prata, silencioso, eterno...
Com um sorriso breve e um gole de alcóol, enquanto se olha de soslaio para os ombros despidos semi-cobertos de cabelos louros, de uma qualquer actriz secundária, há um desejo de estar ali para sempre.
A lua despeja uma espada selvagem de luz dormente que corta as águas e corta o hotel ao meio, dividindo a noite, dividindo os mortais dos residentes.
Não há desejo que a noite acabe.
«Toca mais uma Sam». Mesmo que ele nunca tenha dito isto, soa bem agora, enquanto o Martini entra no sangue e a actriz secundária responde ao olhar com um esgar sedutor.
«Toma rapaz, estaciona-o ali».
O Cadillac passa como uma procissão branca, sem fim. Os faróis acesos, a pintura alva em metal, os cromados brilhantes e a cauda de peixe levantada logo antes dos pára-choques monumentais.
A dime. A nickel.
«Thank you sir, have a pleasant evening».
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