domingo, maio 06, 2012
os edifícios à noite
os edifícios à noite comovem-me
cada janela iluminada, uma vida
e na noite, tantas vidas que não eu
como sobrevivem eles,
o que pensam, estarão tristes,
alegres, o que pensam.
os edifícios à noite,
sobretudo quando são altos,
comovem-me,
fazem-me chorar.
quantas vidas neles habitam,
vidas que não são a minha.
o que pensarão, serão felizes,
terão a visão clara do futuro.
à noite ando pelas ruas e olho,
no alto, agarrado às esquinas de pedra
há altos templos sem altares e,
lá dentro, rezam corpos que trabalham,
que fingem uma rotina,
que não sabem não o fazer.
quantos deles sonham,
quantos deles têm esperança,
quantos desejam morrer.
os edifícios à noite,
comovem-me.
e lá do alto,
corpos alados descem,
atiram-se.
porque não se atiram.
sexta-feira, maio 04, 2012
Regresso
regresso hoje à minha casa antiga,
mármores e dourados e tudo.
a minha casa antiga recebe-me fria
e cheia de nada, quartos abandonados
imersos de vento e alegorias.
regresso onde para onde nunca saí
na esperança imaterial de que haja um abraço,
alguma coisa que à minha espera.
mas são sempre as mesmas sombras,
são sempre os mesmos espectros.