sexta-feira, abril 22, 2011
sábado, abril 16, 2011
O Portão
um portão aberto
no meio do nada
sem muro que se veja,
interromperam-te a função
construiram a autoestrada
sem pensar em ti
sem te consultar.
agora restas aberto de par em par
pilares de cimento velho e seco,
duas portas metálicas a partir,
um coração no meio do nada disso tudo,
a sofrer, a sofrer. sem função.
pudesse eu pegar-te no colo e
acalmar com a minha mão a frente quente
que assola a doença, que chora,
que gane alto e grita por compreensão,
e pegava-te sem cuidado, arrastando os músculos
feridos por toda a extensão do verde absoluto.
por ti percorrendo os caminhos ainda traçados
mas já quase invisíveis, já quase sem estarem lá.
só para isso. só para que não te esqueças de ser
assim, portão escancarado ao infinito.
queima-te na febre anil de teres de estar ali,
até que alguém se lembre de vender o terreno que
é toda a tua terra, todo o teu universo
e sejas derrubado com a força crua de ignorarem
que tens vida, que és gente, mesmo só pedra e metal.
e depois sentires o nada de seres partes isoladas
de uma coisa qualquer diferente no então do passado.
entretanto aberto.
entretanto ainda ali.
impossivelmente ali.